Estética da Literatura

A um primeiro olhar os meus textos literários poderiam ser considerados uma espécie de transgressão, mas não é assim...o meu interesse em relação à Literatura é tentar entender (e desvendar) uma compreensão muito pessoal, intima mesmo, da escrita como arte e em sendo assim, não posso submetê-la a cânones, sejam quais forem eles, mesmo que acadêmicos, da língua materna, e muito menos de uma reforma ortográfica com a qual eu não tive nenhum envolvimento. Um texto literário, como criação é tão plástico quanto uma pintura, um desenho e dessa forma, como estes, não pode ser submetida a regras quanto ao que o seu autor deve falar por se tratar de percepção, de sentimento, o que é muito subjetivo. Quando deixo escorregar o pincel sobre a tela, embora tenha uma ideia inicial do que penso pintar, não tenho total controle sobre o resultado final...muitas vezes o pincel é arrebatado e o trabalho escapa à minha determinação. Assim é o ato de criar escrevendo; a Literatura, diferentemente de um texto acadêmico, é simbolista, metafórica, carregada de subjetividade, de representações... Faço literatura, escrevo, para desfrute pessoal e de quem me lê, sem obrigação de legitimar a gramática (as vírgulas então...), até porque posso ser lida por uma diversidade tão grande de pessoas, com histórias pessoais também tão diversas que deixo de ter controle sobre o que escrevi. O meu trabalho pode ser lido (espero...) por qualquer tipo de público, inclusive aquele caracterizado por alguns como iletrado, que poderá interpretá-lo (estão liberados...) segundo sua condição ou necessidade, ou entendimento dele e de mundo, uma vez que uma obra depois de publicada, depois de entregue ao público, não pertence mais ao seu autor no sentido do domínio interpretativo e terá tantos co-autores quantos o possam ler...

Além dessa estética do texto escrito, no sentido mais profundo, eu também preciso expor a estética da minha percepção daquilo sobre o que escrevo. A minha literatura em poesia ou prosa é muito impressionista e compõe a minha fantasia aliada ao que percebo da vida, das relações, das coisas, da paisagem, das pessoas que, às vezes, apenas passam por mim ou daquelas que cruzam o meu caminho por instantes que poderão jamais se repetir...e tudo isso tem uma forte dimensão de "nonsense". Sendo impressionista o meu texto é mesmo imperfeito, como eu, pois minhas metáforas e meu ritimo e pausas vão evidenciar o meu sentimento naquele exato momento, a dramaticidade que quero demonstrar, aliados à atmosfera externa e minha atmosfera intima, na tentativa de 'imprimir' ou capturar aquele fragmento de tempo através da escrita...

Guacira Maciel
Enviado por Guacira Maciel em 01/01/2013
Reeditado em 31/01/2013
Código do texto: T4062695
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