VARIAÇÕES SOBRE O AMOR

Maria Nilza

Professora

O que é o Amor? Será que as pessoas sabem realmente amar? Será que essa pequena palavra, com um significado tão forte e grandioso tem um conceito definitivo, convincente o suficiente pra não questionar este sentimento?

Difícil, não é? Os dicionários utilizam outros vocábulos como sinônimos: paixão, ardor, veneração, dedicação, carinho, afeto, devoção, ternura, afeição, estima, admiração, respeito, amizade, apego, apreço, benquerença, simpatia e etc. Tais palavras não conceituam definitivamente esse sentimento nobre, que as pessoas e até mesmo os animais são capazes de sentir. Sim, esses vocábulos servem para demonstrar que quando se ama alguém, você é capaz de sentir tudo isso por essa pessoa, mas também pode sentir algum desses sentimentos sem estar necessariamente apaixonado por ela. São apenas sinônimos, palavras que significam o que o escritor quiser que elas signifiquem.

Mas o que significa a palavra AMOR? Não se conceitua definitivamente, porque o amor é um sentimento indefinível que move os seres, e só quem é capaz de amar verdadeiramente será capaz de compreender este sentimento na sua plenitude. Amar é ter contato com alguém e sentir-se única, como se o objeto amado fosse como uma laranja completa e não duas metades separadas. Raras são as pessoas que chegam de fato a sentir a plenitude desse sentimento, nem mesmo Vinícius de Moraes foi capaz de encontrara verdade do amor: admirou muitas mulheres, apegou-se a elas, estimou-as, enamorou-se, afeiçoou-se e vivenciou várias paixões com muitas, que duraram dois, três, cinco anos, mas amar mesmo, só se ama uma vez. Você pode se apaixonar muitas vezes e achar que está de fato amando, mas o amor não é paixão avassaladora, que provoca briga, inquietação, dúvida, que vai atrás e consegue encantar aquele ou aquela, o amor é calmaria e não tempestade, é paciência e não inquietação, é magnânimo e não torpe.

Amar é raro. Encontrar o amor e lutar por ele, vivenciá-lo carnal ou espiritualmente, como fez Aberlado e Heloise, Páris e Helena, Tristão e Isolda, São Francisco e Santa Clara, Romeu e Julieta. Amor assim é uma raridade, pois nem sempre é possível aqui na terra, por isso o casamento, e o descasamento ocorrem sempre em nossa sociedade, com a mesma velocidade que, apaixona, também desapaixona, dizendo que o amor acabou. Será? Ou realmente o amor nessas relações nunca existiu, ai vem à desculpa da incompatibilidade de gênios e outras desculpas sem fundamento. Amar exige sacrifícios e nem todas as pessoas estão propensas a isso.

O amor torna as pessoas menos egoístas, mais compreensíveis, mais tolerantes, mais fraternais, mais humanas, talvez seja esse o 1º degrau para entender este sentimento na sua forma mais ampla. Amar e sentir-se feliz em ver o desabrochar de uma rosa, é sentir a maciez de sua pétala e saber que dela a abelha colherá o nectar para produzir o mel que serve de alimento a outros seres existentes na face da terra.

Amar é poder olhar à sua volta e sentir-se bem ao ver as flores, as florestas, os pássaros, os rios correndo em direção ao mar, fluentemente, sem nenhuma poluição; é ver a explosão da Mãe Natureza e tudo à sua volta em harmonia; e se tudo isto estiver harmônico, você saberá que para Amar, tudo tem que estar em sintonia; e se por acaso, aquela pessoa não estiver ao seu lado pra sentir tudo isso com você, então você estará feliz por saber que ela está feliz onde quer que esteja.

Quando se ama verdadeiramente não se deseja o mal à pessoa amada. Você aprenderá a viver sem ela, se o destino não permitiu a união de vocês aqui na terra, é porque não estava previsto, mas você só saberá dessas coisas, se estiver apta para sentir tudo à sua volta. Nem todas as pessoas conseguem encontrar, nem que seja por uma fração de segundos, a sua alma gêmea e consciente disso, passam o resto de suas vidas tentando encontrar o par ideal. Felizes as pessoas que amam sem se preocupar se elas são ou não suas almas gêmeas. Esta certeza só os casais iluminados alcançarão.

Maria Nilza Oliveira de Carvalho é professora e escritora. Titular da Academia de Ciências do Piauí

Maria Nilza
Enviado por Maria Nilza em 25/01/2013
Código do texto: T4104868
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