"CenteMário" Quintana?

Sim, no seu Centenário, sente-se Quintana, na leitura atenta de suas obras, nas suas misteriosas entrelinhas, que seguem poetando os amores e os dissabores da vida gaúcha.

Nem mesmo a efemeridade do tempo apagará deste solo, a vida e obra do mais autêntico poeta da literatura brasileira.

Mário; "O aprendiz de Feiticeiro", mestre na arte de poetar a vida num "Batalhão de Letras", que juntas, trarão sempre à memoria de toda a gente, o inesquecível "QUINTANA, DOS 8 AOS 80" e depois disso tudo ouvirá, ainda o "...pirulim...lulim..., lulim..." da "Canção da Garoa", molhando o telhado da nossa existência.

Não haverá lembrança de "Menininho Doente", sedento de poesias quintaneiras, pois esta saudade desaguará na mais sagrada fonte da imaginação gaúcha e se aninhará nos sonhos de cada criança, na irreverência de cada jovem e no coração de cada adulto.

Entre um quarteto e outro, escreveu em "Prosa & Verso", os ganhos e as gasturas da vida. Ouso agora, esticar as ondas da transcendência e dizer, que nosso poeta deve estar nos quintos da orla Celeste, com sua presença abonada pelo Criador, é claro, "quintarolando", quem sabe, "Quintetos Angelicais", agradecido pelas singelas e mais puras homenagens feitas pela Escola D'Amore e a Comunidade Carazinhense, no Auditório Cívico Municipal, na Semana da Pátria de dois mil e seis.

O anjo poeta simplificaria o sentido do amor; "bem" maior da humanidade, no poema "Depois do fim", pois no fim de tudo, haverá o recomeço e sempre existirá alguém neste mundo de Deus, reinventando o amor. E entre tantas e outras formas de recriá-lo, é louvável este jeito de suscitar nos estudantes, o amor à Pátria, ao nosso ilustre Santos Dumont, mas principalmente, a nossa veneração a Mário Quintana, o mais nacional dos poetas gaúchos.

Fica aqui o registro dessa admiração, desse cuidado e desse amor sem medida e alguns pesos diferenciados, pois nem sempre esses sentimentos foram verbalizados ou tão acalorados enquanto Mário, entre nós vivia. Contudo, não precisaremos de mais cem anos para consagrá-lo "O Imortal das Letras", pois já pertence, honrosamente, a mais genuína Academia Brasileira da Vida, de todos nós.

Neste Centenário de Mário Quintana, entre outras manifestações, a Escola D'Amore, de Carazinho, com o peito estufado daquele orgulho que só faz bem, realiza sua louvação ao nosso grande poeta, através da dança das rimas, no entrelaçar das letras, gerando prosa boa entre o teatro da nossa vida e da vida de Mário.

“Criança feliz, feliz a cantar, alegre a embalar seu sonho infantil...” É nesse ritmo, que "Lili inventa o mundo", ou melhor, reinventa-o, entre coloridas bolhas de sabão, quando pronuncia sua melodia descontraída e balbucia seu sonho infantil que, como Jesus, pede que se olhe para as crianças do nosso Brasil.

E que melhor forma haveria, de mirar, com olhares revigorados, essas crianças, do que repensar o fazer pedagógico, o quanto antes possível?

E, perplexos diante das possibilidades de encontros pela trilha da educação, que tal se ressuscitássemos forças do fundo do "Baú de Espantos" da criatividade de Quintana, para surpreender, sermos surpreendidos e, quem sabe, recomeçar pelo lúdico, pela arte da dúvida, pela curiosidade natural de cada criatura ou, talvez pelo inusitado da pesquisa, para que, de uma vez por todas, o ser humano seja primazia no coração de cada educador.

(Publicado em 19 de setembro de 2006, no Diário da Manhã de Carazinho-RS)