HISTÓRIAS QUE ENCANTAM

As histórias da Mitologia Grega são conhecidas no mundo inteiro. São contos narrados de forma alegórica para ensinar alguma lição. Os gregos antigos enxergavam vida em quase tudo que os cercavam e buscavam explicações para tudo. A imaginação fértil deste povo criou personagens e figuras mitológicas das mais diversas. Heróis, deuses, ninfas, titãs e centauros habitavam o mundo material, influenciando em suas vidas. Bastava ler os sinais da natureza para conseguir atingir seus objetivos.

A pitonisa, espécie de sacerdotisa, era uma importante personagem nesse contexto. Os gregos a consultavam em seus oráculos para saber sobre as coisas que estavam acontecendo e também sobre o futuro. Quase sempre, a pitonisa buscava explicações mitológicas para tais acontecimentos. Agradar uma divindade era condição fundamental para atingir bons resultados na vida material. Um trabalhador do comércio, por exemplo, deveria deixar o deus Hermes sempre satisfeito para conseguir bons resultados em seu trabalho. Dionísio era o deus do vinho, da embriaguez. Eros era o deus do amor; Poseidon, o dos mares.

Entre os personagens da Mitologia Grega encontramos Ícaro, que sonhava em voar. Era filho de Pédalo, um artesão ateniense preso na ilha do Rei Minos, e de Naucrata. Eles estavam presos porque Pédalo construiu um labirinto para confinar o Minotauro, ser metade homem e metade touro, e deu à filha de Minos, Ariadne, um novelo de linha de modo a ajudar Teseu, um inimigo de Minos, a sobreviver no labirinto e derrotar o Minotauro. Pédalo confeccionou dois pares de asas de cera, um para ele e outro para seu filho, para que assim fugissem da Ilha de Minos para evitar a represália. Antes de levantar voo, Pédalo avisou a seu filho para não voar próximo ao sol e nem ao mar porque as asas poderiam derreter. Ícaro se entusiasmou com o voo e esqueceu as recomendações de seu pai e caiu no mar, próximo a Icaria, uma ilha grega, localizada no Mar Egeu, a sudoeste da cidade de Samos.

Somos espíritos reencarnados neste planeta com a missão de progredir. Se aqui estamos é porque aqui estão todos os meios dos quais necessitamos para nosso crescimento.

Na questão 621 de o Livro dos Espíritos, Allan Kardec pergunta aos

espíritos onde estão escritas as Leis Divinas, e eles respondem: Na consciência.

Em nossa consciência estão impressas todas as Leis de Deus. Isso quer dizer que sabemos discernir o que está ou não em comunhão com essas leis. Nossa consciência está sempre a nos alertar sobre elas. Por isso, devemos parar para consultá-la e ouvi-la. Quando fazemos o que é inconveniente é porque deixamos nosso pêndulo da vontade pender por esse lado e não damos atenção aos sinais que nos são emitidos, e se agimos erroneamente, estaremos sujeitos a colher aquilo que plantarmos. É tudo uma questão de direcionarmos nossas vontades.

Quando negligenciamos esse constante alertar desse nosso guia, embrenhamos por atalhos escarpados e ficamos imobilizados, e miasmas escamosos impregnam-se em nós. Saber disso é primordial, porém, só a teoria, para muitos não basta. Muitos necessitam de passar pelo experimental para absorver e consolidar os ensinamentos e regulamentos de Deus.

Vejamos um exemplo: Se deixarmos uma criança que mal acabou de aprender a andar, caminhar à sua vontade, ela poderá cair de um lugar alto, em uma piscina ou rio, pois não tem a capacidade de discernir o que poderá lhe causar dor ou não, já que os órgãos impedem o espírito de manifestar suas aquisições de forma plena em sua infância. Até então, agimos movidos mais por um impulso instintivo.

Ao adquirirmos certa idade, já temos uma certa noção de que podemos nos machucar e onde e quando isso poderá ocorrer. Temos a teoria.

Por uma questão de maturidade espiritual, esforço, estudo e análise de fatos, é que o espírito age de variadas formas. Quando ele se esforça e observa o mundo em sua volta, ele aprende. Em alguns casos, a teimosia por satisfazer desejos e paixões inferiores do espírito (e não da carne) e em fazer coisas que causam tribulação, prevalece. Tendo já ocorrido a convicção de que tal ou tal coisa pode fazer mal a nós e ao outro, mas se mesmo assim optarmos por ela, já se trata de agir intencionalmente, o que aumenta nossa responsabilidade perante as escolhas, e teremos que sentir o resultado de tudo que fizemos através da expiação para consolidar em nós a lição, sentindo no corpo e no espírito, através do perispírito (elo do corpo e espírito) para fixarmos o aprendizado e limparmos nossa consciência. O erro intencional gera dívida, e após quitarmos nossos débitos, apagamos nossos arquivos mentais porque foi feita a sublimação. Mas não temos outro caminho? Sim. Podemos optar pela dor ou pelo amor, entretanto se a teimosia persistir, será pela dor. Por isso, encontramos em nosso meio, pessoas com comportamentos tão diversificados. São estados diferentes de condição evolutiva.

É devido a tudo isso que algumas crianças são mais maduras que muitos adultos, enquanto outras demoram a sair da infância. Para que haja o amadurecimento é que são colocadas em nossas vidas provas, expiações e missões. Elas vêm em forma de uma doença, problemas familiares, distúrbios sexuais, deficiência, (física, emocional, psicológica) falta de recursos financeiros, trabalho, pobreza, riqueza e tantas outras situações que na realidade são ocasiões de encontrarmos soluções e tomarmos decisões, pois serão através delas que romperemos nosso casulo e adquiriremos nossas asas, alçando voo rumo ao infinito, mas tudo nos é dado em conformidade com nossa aptidão. Por isso, ao nos depararmos com qualquer espécie de problema não devemos perguntar o “porquê”, mas “para que” estamos passando por determinada situação. O “porquê” está em nossas escolhas que fizemos no passado, por opção ou em forma de atos. O “para que” é para crescermos, para adquirirmos conhecimento e sabedoria através de teoria e prática, fixando em nós, espíritos, percepções e sensações que se acumulam, fazendo com que nossas ações sublimes sejam automáticas, espontâneas, mediante qualquer circunstância, onde não pensamos em fazer, simplesmente fazemos; agimos naturalmente. Reparando nossas faltas, reconquistando o afeto e quitando nossas dívidas perante as Leis de Deus e perante nosso âmbito consciencial é que chegamos a tal patamar. Consciência. Com ciência. Com conhecimento, com capacidade de saber o que é correto ou não. Por isso, antes de tomarmos qualquer decisão, consultemos nosso foro íntimo para vermos se o que estamos fazendo está de acordo com o Código Divino.

Mas é não é por causa disso que devemos ficar preocupados em errar e com medo, se não nunca tomaremos uma decisão, e se a tomarmos erradamente poderemos entrar num processo de culpa medonho. Daí a necessidade de aceitarmos os acontecimentos como experiências e aprendizado. Ao sofrermos a causa de uma ação que praticamos, aprendemos de forma que não esqueceremos, gravando em nosso íntimo aquela sensação, e assim agiremos sempre tendo essas experiências como referências.

Não há um só espírito que tenha aprendido com a teoria, apenas. Sei que o que vamos falar aqui vai decepcionar alguns, esclarecer outros, gerar dúvidas, mas fará muitos pensarem. Até mesmo Jesus e diversos outros espíritos iluminados passaram por essas experiências. Portanto, Jesus disse uma frase: Eu não vim destruir a lei. Vim dar-lhe cumprimento.

Qual é a Lei de Deus?

A Lei de Deus é lei natural, da natureza, da adoração, trabalho, reprodução, conservação, destruição, sociedade, progresso, igualdade, liberdade, justiça, amor e caridade. É a lei do nascer, morrer, reencarnar, florescer, crescer, reproduzir e todos, absolutamente, estão submetidos à elas. E com Jesus não seria diferente. É por isso que o Cristo não julgava ninguém, porque sabia que cada um tem seu tempo, e Ele não era exceção, uma vez que Deus sendo justo, imparcial, bom, generoso e perfeito não concederia privilégios a ninguém, nem a Jesus, seu filho e nosso irmão mais velho e maior.

Repito aqui aquela outra frase de Jesus quando nos disse “vocês poderão fazer tudo que eu faço e muito mais”. Com isso, o Cristo admitiu que todos nós, com fé, esforço, humildade, paciência, labuta, questionamento, busca e persistência, faríamos tudo que Ele fez e até mais. Quanto ele diz “e até mais” vem nos dizer que ele tinha mais coisas a revelar sobre a Lei Universal e que não tínhamos ainda a capacidade de entender todos seus ensinamentos e proezas. Jesus era a combinação da verdade e do amor.

Verdade e Amor: Duas ferramentas de trabalho que nos farão subir ao Pai. A verdade e o amor prevalecerão sempre. A mentira e o ódio não fecundarão, porque são arestas pontiagudas que serão desbastadas.

Quando a má educação for implantada por alguém em uma pessoa, mas se a semente do amor já houver sido plantada anteriormente, ela não resistirá. É preciso, agora, que essa semente seja irrigada e que tenha retirada ao seu redor as ervas que a consomem e a impedem de florescer. Esse é o trabalho dos pais, dos adultos e de cada um. A infância é a época propícia para isso. Devemos aproveitar essa oportunidade para plantar as sementes da honestidade, compaixão, seriedade e amor em nossas crianças para que quando se depararem com os entroncamentos da estrada, elas já terão suas bases solidificadas e não se renderão aos encantos e opressões corrompedoras do mundo. E quando falamos em infância, não nos referimos à idade física, apenas, mas àqueles que estão em um estado de infância mental, que são crianças grandes, e não entendem a vida e seus revezes.

Desbastemos as ervas e irriguemos a semente que está plantada em nós e em nossos irmãos. A semente principal Deus já plantou que é sua divina centelha. É ela quem produzirá as condições necessárias para que outras sementes subsidiárias se reproduzam. As experiências negativas talvez a estejam sufocando. Com gestos carinhosos, palavras de paz, olhares fraternos, limites colocados, a caridade exercida, conseguiremos desafogar, irrigar e adubar essa semente, fazendo com que se transforme numa árvore frondosa e que produza frutos, sombra e descanso para os viajores cansados e enfraquecidos pelas experiências penosas, mas que podem ser aproveitadas.

No meio de tudo isso, às vezes, desejamos ter vivido ou ter conhecido pessoas em outras épocas para desfazermos a impressão e as nódoas que ficaram. Sem dúvidas, todos teremos outras oportunidades de rever àqueles com os quais algo ficou pendente. Se você mãe, pai, filho, irmão, amigo está sentindo falta de alguém que partiu, não se desespere, você irá reencontrá-lo. Enquanto isso, continue seu caminho, na certeza de que o que achamos ser derrota na verdade é uma lição, e o que supomos ser a morte é simplesmente recomeço. Um filho ao ficar órfão de pai, um pai ao ficar órfão de um filho lamentam pesadamente, mas a vida não para, sempre flui; não entremos em desespero.

Vindos de tentativas diversas de subirmos, cometemos alguns equívocos. Teremos todos uma nova e segunda chance, todavia não façamos delas segundos erros.

O mar de fogo que nosso planeta está imerso é nosso purificador. Ao mirar Jesus sobre tudo isso e fixarmos nossos olhares em suas admoestações, obras e exemplos estaremos arquitetando nossa ascensão e não seremos mais capturados pelas enganações que o mundo nos oferece, definitivamente. Relembre de seus dizeres sábios.

Construamos nossas asas, as da razão e as do sentimento, e subamos

em direção à nossa ventura, sem deixar de observarmos as recomendações de Nosso Pai, relembrados e resumidos pelo Rabino, levando em nós a soma de nossas conquistas.

Tudo que nos sucede pode ser aproveitado. Aquilo que atingiu o ponto máximo não necessita ser reparado ou incrementado, e o que aferroa, incomoda e pesa em nós precisa ser reciclado e lapidado. E levaremos tudo isso para onde quer que formos, e levar não significa lembrar, mas sentir tudo em nossos corações e em nossas emoções.

O caos é perfeitamente organizado. Nosso pai, Deus, desde sempre nos envia orientadores para nos ensinar acerca de seus desígnios e mostra-nos que tudo está sob controle, mesmo que pareça desgovernado. Em todas as épocas da humanidade, Deus enviou-nos filósofos, pensadores e sábios para que mudássemos nossa visão e atos, evitando ilusões e desilusões. E o ápice de tudo isso se deu com a vinda de Jesus, o Cristo Redentor. Por isso, Ele é considerado o Maior Homem de todos os tempos, o primogênito, o ungido. Deus se comunicou conosco através de Jesus. Jesus é a maior prova de amor que Deus nos concedeu.

Ícaro desejou voar, mas se empolgou com o voo e não se lembrou das orientações de seu pai; não consultou sua consciência e passou pelo experimental. Ouçamos as vozes da experiência e a da nossa consciência para que não venhamos a repetir erros e acumular dores.

A lenda de Ícaro e a vida de Jesus: O imaginário e o real. São estórias que o povo conta. São histórias que nos encantam.