A Fala Escrita

Desde os mais remotos tempos da origem da fala - ou nem tão remotos assim, como é no caso da infância de todos os seres humanos- , a linguagem existe com um único fim: Comunicação.

Desde os que falam muito rápido aos que falam muito lento, alto, sussurando, embolado, não importa, é esta a finalidade da lignuagem: transmitir uma idéia, independente à qual finalidade esta idéia é transmitida, se é uma transmissão elogiosa, uma queixa, um chingamento, uma observação, um aviso, pedido, etc., sempre é para transmitir-se uma idéia. Mesmo no ramo da numerologia, a escrita surge como sintetização de idéias numerológicas.

É evidente que, presencialmente, as ambiguidades e infortunios acima citados podem ser resolvidas com esclarecimentos, por meio da repetição, reformulação da frase que transmite a idéia, ou mudança em qualquer um dos fatores defeituosos já citados. Sendo assim, as ambiguidades primitivas podiam ser resolvidas de maneira bem fácil e rudimentar.

"Então por que tantas regras gramaticais e ortográficas? Porque não escrever como falamos?"

Com o passar do tempo, com novas descobertas, nas mais variadas áreas, nova linguagem foi sendo criada, neologismos foram surgindo de acordo com a necessidade. Porém, em determinado ponto, esta linguagem deu um imenso salto: A TRANSMISSÃO DE IDÉIAS VIA SUPRA-TEMPORAL E SUPRA-LOCAL = A Escrita.

A escrita é, portanto, uma espécie de transporte de idéias, tanto em termo terrestre - distância -, quanto em termo temporal.Mas os regionalismos sempre afetam a linguagem, de alguma forma, sempre o fazem. Por isso é necessário que se tenha uma linguagem acima de qualquer regionalismo ou individualismo neológico.

A escrita tem de ser o mais precisa possível, pois transmite, inicialmente, conhecimentos técnicos, como receitas de bolos, estruturas de construções civis, princípios matemáticos, etc, conhecimentos que necessitam de exatidão.

Com o passar do tempo, a escrita - a fala grafada - foi evoluindo cada vez mais, até se concretizar como um arte real, empossada de uma beleza, excelência e técnica, mas com o mesmo fim: Comunicação. Mas desta vez não tendo o mero pensamento banal-comunicativo-técnico, mas uma transmissão de belezas existentes apenas na mente humana, criações que eram puxadas para a realidade supra-local-temporal, por medidas de precisão - que às vezes eram presentes na fala, como no caso dos filósofos, mas a maioria das pessoas e ignorante, e mesmo os filósofos sofre algo do neologismo-geográfico -, na fala e, portanto, na escrita.

Tais medidas de precisão exigiam regras para a precisão. E por isso hoje em dia temos tantas regras para a precisão, para a transmissão de um mundo de idéias que precisam vir à luz intactas, ao máximo possível - bom que venham o mais intactas possível, e note, quando digo "intacta", não digo, "sem elaboração" ou "primitiva", mas tão intacta quanto sua concepção original; não é bom que uma criança nasça alejada, assim, não é bom que uma idéia venha à luz distorcida -, e por isso as regras de precisão.

Uma carta de recomendação, um ensaio, um tratado, um documento qualquer, necessita de exatidão em transmitir uma idéia, senão, fracassará em sua missão comunicativa. Diferente da fala presencial, que pode ser corrigida e reformulada, a escrita só pode ser reformulada quando ainda sendo escrita, caso o contrário, ela transmitirá a idéia errada, ou faltando partes.

Isto é o que difere, efetivamente, a fala da escrita: a sua maleabilidade pela presença da mente pensante.

roberto da cunha e lima
Enviado por roberto da cunha e lima em 14/10/2015
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