EM POUCAS PALAVRAS, O HAIKU
O HAIKU
O haiku um poema lírico de origem japonesa, compostos de dezessete sílabas dividas em três estrofes, sendo que a primeira e a terceira, contém em ambas, cinco sílabas e a segunda, sete sílabas e normalmente não se usa rimas, no entanto, deve conter em sua composição, algum elemento da natureza que indique a estação do ano correspondente a esse elemento.
Geralmente, esse elemento da natureza, se torna o tema principal do poema, e sua virtude maior, é a exaltação à natureza e sua relação com o cotidiano das pessoas.
Compreende-se o haikai, o conjunto de “haikus” numa obra ou impressos em jornais ou revistas. Essa forma de poema, que era praticada sobretudo pelos nobres e pela elite governante do Japão feudal, ganhou popularidade e passou a ser praticada por todas as classes, através do poeta e talvez, a expressão maior do haiku, Matsuo Bashô (1.644 ~ 1.694).
Com a popularidade alcançada pelo haiku, através das mãos deste mestre, o haiku ganha também a liberdade, e nas mãos do povo, ele vira um pássaro que deixa o ninho e voa para onde o seu destino o levar.
E foi assim, seguindo o seu destino, que em junho de 1.908 com a chegada de um navio a vapor de nome Kasato Maru, ao porto de Santos, trazendo os primeiros imigrantes japoneses, e entre eles os também, primeiros “haikus”, desta vez, pelas mãos do poeta Shuhei Uetsuka (1.876~1.935), conhecido pelo seu nome literário Hyôkotsu. Daí por diante, uma vez no Brasil, o haiku nunca mais foi só japonês.
Alguns poetas brasileiros da época, se encantaram com algumas traduções dos então primeiros “haikus” em solo nacional, que passaram a produzir seus próprios “haikus”, e até inovaram, dando-lhes pela primeira vez, rimas.
O haiku que hoje se produz no Brasil em sua língua de origem, conserva ainda sua tradição, mas sua essência já passou a ser quase toda brasileira. Poucos trazem em seus poemas, as lembranças do distante país de seus antepassados, mas pode se sentir a alma japonesa presente nas mensagens, mesmo que o tema seja o cotidiano brasileiro.
Já os “haikus” de língua portuguesa, apresentam uma identidade própria, forte e descompromissada com as regras do haiku japonês.
Não se faz necessário o uso de elementos da natureza, nem tão pouco a contagem de sílabas, embora alguns poetas ainda o façam.
O Haiku brasileiro além de transmitir o cotidiano das pessoas e das coisas, também assume uma característica filosófica, e às vezes, sua simplicidade chega a ser tão
complexa que dificulta até sua interpretação. Mas esta identidade filosófica da poesia e principalmente do haiku brasileiro, se dá pela riqueza da Língua Portuguesa e da cultura brasileira.
O haiku, por ser um poema curto, sintetiza uma grande
ideia em umas poucas palavras e não é raro, que por esse motivo, acabe por dizer coisas diferentes daquilo que está fisicamente escrito, além de, trazer à tona a alma do poeta que o escreveu e que soube a hora certa de abandonar o poema ao seu próprio destino. Assim, o leitor, o pode continuar do ponto em que o poeta o deixou.
O haiku é basicamente isso, um poema inacabado, ao qual o leitor empresta uma alma e um sopro de vida conforme a verdade e a realidade de cada um.
É com este espírito que apresento meus “haikus”, e espero que em outras mãos, eles criem novas asas e que voem e se confundam com os sentimentos do mundo.
" sou pequeno sim
mas ao sol do meio dia
também me aqueço... "
(Extraído do meu livro "De Haiku em Haiku")
Wilmar Jacomo Rosolen Pimentel