A MÁSCARA DE VIVER

Tendo em conta que o poema seja o mais alto patamar da invenção, da farsa, da fantasia, do sonho, e, por sua fortaleza de significantes e significados, seja capaz de coroar a mentira vertida no poema de inconteste veracidade, esta falsidade tantas vezes repetida tornar-se-á verdade, graças à reiteração e à alta credibilidade adquirida junto ao público.

Para que se tenha uma ideia bem aproximada da realidade, o objeto estético grávido de Poesia é tal uma flor-de-lis gravada no corpo do poeta-autor.

Ela por si mesma forja o ferramental e tatua a epiderme com o ferrete identificador que à eternidade acompanhará o condenado ao universo do patíbulo pessoal, entremeado de pitadas de doçura que ornam a lucidez enternecida.

E esta singela e enigmática flor estética de muitas pétalas transpõe-se ao coração do igualmente lúcido receptor. Então, a partir daí o seu empoderamento se multiplica.

É, no mínimo, o que o poeta-leitor pode fazer para continuar a sua jornada com o coração repleto, cravejado de um airoso bem maior: a Esperança.

É a partir deste profundo sentir que tal bem abstrato se concretiza e/ou se disponibiliza através de ações embevecidas dentro de si, por e para o Outro.

MONCKS, Joaquim. O CAOS MORDE A PALAVRA. Obra inédita em livro solo, 2024. Revisado.

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