UMA TARDE CULTURAL PARA O BRASIL

UMA TARDE CULTURAL PARA O BRASIL

Na tarde de ontem, domingo 24 de julho, o Rio de Janeiro foi agraciado com um evento singular: a primeira audição mundial de uma obra clássica para orquestra criada por um jovem e talentoso compositor brasileiro, ‘A Confederação dos Tamoios’ de Claudio de Freitas.

À frente da Orquestra Sinfônica da Petrobrás, o igualmente jovem maestro Carlos Prazeres apresentou o novo compositor, ambos pertencentes a uma geração atual e comprometida com a divulgação da música brasileira. Tivemos um momento de rara realização cultural para o Rio. A orquestra se engrandece; o compositor se enaltece.

A obra, não se pode negar, possui forte influência nacionalista, com muita exploração de uma sonoridade marcada por percussões que evocam cantos de pássaros, o escorrer de riachos, exuberantes sons de uma natureza afortunada. Impossível não detectar a influência do legado de Vilalobos na composição. Porém, desse legado, pode-se extrair uma continuidade a uma escola de música clássica brasileira que se reinventa e progride a florescer. O conteúdo harmônico é leve; poder-se-ia mesmo alegar que falta uma certa sintaxe melódica mais forte e elaborada que unisse os diferentes naipes e destacasse as passagens cheias de lirismo insinuadas pelos belíssimos violinos. Em meio a tudo, os sentimentos se confirmam e se exclamam na obra : brasilidade, expressividade subjetiva, força histórica, profundo senso das possibilidades da percussão.

A obra foi gravada ao vivo e tomara que o mercado brasileiro saiba valorizar o que lhe é destinado. Afinal, VilaLobos só foi reconhecido em Paris... Aos jovens talentosos um desejo de sucesso e continuidade nessa batalha tão árdua em defesa de uma cultura nacional.