Dilma Russeff - a candidata parece intocável. Será de louça?

Dilma Russeff - a candidata parece intocável. Será de louça?

A rede Globo convidou aos principais candidatos à Presidência da República para entrevista no Jornal Nacional. Teoricamente, é uma senhora oportunidade para o candidato se apresentar aos eleitores, num dos programas mais vistos da emissora, em horário nobre, com a chance de exibir uma boa e verdadeira performance diante das câmaras, já que as regras estabelecidas para os chamados "debates" os tornam inócuas e patéticas rotinas, onde se responde a um questionário pautado pela legislação eleitoral, isto é, cheio de limitações e, francamente censuras...

Dilma Russeff foi convidada e compareceu. Das perguntas dirigidas à candidata, somente uma passou perto do que poderia ser classificada como uma tentativa de espremer e obter a verdade de alguém que se candidata ao mais importante cargo político do país.

A pergunta era muito simples: qual seria a garantia de realização de um bom governo, diante do fato de que ela nem sequer havia sido eleita para um cargo eletivo qualquer. E ela, que levou um banho de loja, maquiadora, trejeitos e informações, até que não saiu-se mal.

Mas, uiuiui!, o presidente da república - o manda e desmanda chuvas do Planalto, não gostou da pergunta feita pelo jornalista e, tentou desancá-lo num palanque eleitoral, no interior de São Paulo.

Pela enésima vez, ele não resistiu e, demonstrou a sua pequenez e afinidade pessoal com os projetos hegemônicos do PT, ao condenar e chamar pelo nome um jornalista da emissora que, apenas cumpria a sua função de bem informar.

Por outro lado, seguindo naquela linha machista tocas adotada em relação à execução da pobre e injustiçada Sakineh pelo governo do Irã, disse que a sua invenção-candidata não recebeu um tratamento que uma mulher mereceria.

Pergunta-se: Dilma é candidata a mulher ou ao cargo político mais importante do país? Por ser mulher, ela deveria receber um tratamento mais ameno? Por ser mulher não pode exigir dela o que se exige dos candidatos do sexo masculino que visam o mesmo cargo? Sendo mulher, teria menos e graves responsabilidades atribuições, no exercício do cargo ao qual se candidata? Sendo mulher, está isenta de apresentar aos eleitores credenciais e, informações que interessam aos eleitores?

Para o PT, ficou provado mais uma vez, o conceito de liberdade de imprensa é sempre indesejável. Por isso, tentam impor a todo custo a jornais, revistas, televisão e Internet, o papel de assessor de imprensa, que só diz o que se espera ou algo que seja “a favor”.

A liberdade de imprensa, é um dos corolários das liberdades publicas, garantidas em sociedades onde vige a democracia. Alguém que não assimila o conceito de liberdade de imprensa, em verdade não aceita o conceito de democracia.

Ao que parece, porém, nosso presidente da república entende que o comparecimento da candidata de seu partido - e que ele mesmo declara ser a sua continuidade no poder - é uma espécie de concessão de natureza graciosa, senão imperial. E as qualidades e a importância da candidata em questão é tanta, que a imprensa não pode perder tempo nem ter dúvidas - o negócio é elogiá-la e, usando a linguagem futebolística tão ao gosto do mandatário da nação, botar a bola na marca do penalti, para a companheira fazer o gol (ainda que ela seja assim, meio Kaká - e sei que me entendem).

O conceito pessoal de voz imperial do atual presidente da república só não supera à noção que o seu partido tem de portador único e infalível da verdade. Com efeito, seu partido se comporta como uma espécie de Entidade à qual é reservada o direito estereoscópico, atemporal e randômico de decretar o que seja interesse, relevância e... verdade.

A tática de intimidação de jornalistas e órgãos de imprensa, que são diariamente emitidas a partir dos mais diversos órgãos e esferas de poder são sempre secundadas por entidades ditas sociais dos mais diversos tipos e variedades, indo do blogueiro a soldo, passando pelas ONGs dedicadas à inclusão social e, chegando aos sindicatos, que na medida em que vão reverberando e reproduzindo a voz dos interessados, vão processando o que chamam canhestramente de "controle social", que não passa de lobby instrumental e ideológico.

O processo político é o meio pelo qual os eleitores exercem a sua soberanamente sua cidadania, escolhendo seus representantes. Tecnicamente, as eleições se constituem num processo claro de seleção de representantes populares e, propostas e partidos políticos. É do direito e da natureza dos partidos políticos buscarem a manutenção do poder.

Outra coisa, é tentar tornar as eleições mero mecanismo de referendo do partido político que ocupa o poder, como vem fazendo o PT - se utilizando, para tanto, da máquina da Administração Pública federal e, dos governos de Estados e municípios aliados, pois, esta revela claramente uma visão autoritária e despropositada do processo político.

A alternância do poder é uma premissa básica da democracia representativa - sem ela, não há possibilidade de exercício da cidadania (enquanto direito de escolha e, vontade de mudança, no ambiente político), nem de estabelecer igualdade de condições de conquista do poder pelos partidos políticos, nem da ventilação de propostas e idéias políticas, dentro desde a sociedade até as estruturas de poder e governo estabelecidas.

Como muitos analistas já disseram, o PT tem como estratégia de conquista do poder a hegemonia. Desta forma, vão ocupando os espaços da divulgação e do debate político de uma forma agressiva e contínua, desautorizando vozes diferentes ou discordantes, com o intuito de se tornar justamente a Entidade de que falei acima, cuja autoridade e isenção lhe permite decretar o que seja interesse, relevância e verdade, como se estivesse aquém do tempo e do espaço político.

Boa parte do meio intelectual, da imprensa, meios de comunicação de massa, sindicatos e ONGs está aparelhado, a soldo ou, não tem corajem ou disposição para soltar o verbo contra tal estado de coisas...

E é por isso que o presidente da república se arrisca a se rebaixar até o ponto em que possa chamar pelo nome e criticar a um determinado jornalista, pelo simples fato de ter feito jornalismo televisivo quando entrevistou seu mamulengo eleitoral - Dilma Russeff, sem que quase ninguém se atreva a lhe atribuir a devida crítica ou chamá-lo às responsabilidades. É que o seu partido político já está proximo de alcançar a o status de hegemônico, "nestepaiz".

Todos as grandes lideranças do PT foram, um a um, se enredando e enrolando em diferentes escândalos - José Dirceu ("Mensalão"), Marta Suplicy ("Escolas de lata"), Aloysio Mercadante ("Aloprados"), João Palocci ("Francenildo")... Não restou ao presidente da república senão lançar uma contestável liderança à sua sucessão. Mas, como é de louça (isto é, invenções, inconsistências e mentiras), tentam blindar a candidata de louça.

Patético!