A mídia como ator político no Brasil

Cada vez mais tem se tornado relevante avaliar e debater a complexa relação entre a mídia e o processo político-eleitoral no país. É interessante observarmos qual seu papel e/ou seu verdadeiro interesse em tal processo.

Em sua maioria, os meios de comunicação, permeados pelas relações de interesses mercadológicos e políticos, servem, na sociedade capitalista, para controlar ou tentar controlar o poder através da comercialização da informação. Detendo tal controle a mídia consegue estabelecer as regras do jogo político nacional.

É claro para muitos que, no Brasil, a imprensa possui uma relação intrínseca com a política e a economia desde a época colonial. A chamada Imprensa Áulica, financiada pelos governantes monárquicos, apoiava explicitamente a manutenção da ordem vigente. Desde essa época surgiram opositores na tentativa de modificar a situação política e econômica da colônia, reivindicando e apoiando a oposição e a mudança de regime; como exemplo mais contundente temos o Jornal O Correio Brasiliense, produzido e redigido por Hipólito da Costa, que por pressões e perseguições políticas se viu obrigado a produzir seu jornal fora da colônia, em Londres.

Alguns casos relativamente recentes de “controle de poder” pela mídia no contexto político do país não podem ser esquecidos. Nos anos 50 e 60 do século passado, a imprensa foi a alavanca que destruiu dois presidentes eleitos. Em 1954, jornais e rádios montaram uma espécie de operação à qual levou ao suicídio o então presidente Getulio Vargas.

Outro caso ocorreria dez anos depois, quando a mídia impressa, televisiva e radiofônica levaram, unidas, o presidente João Goulart ao exílio.

Mas deixando o passado um pouco de lado, partiremos a analisar a relação atual da nossa mídia com a política.

Como sabemos, a empresa jornalística se desenvolveu no país no mesmo ritmo e proporção com que se desenvolveram as relações capitalistas. Cada vez mais as empresas midiáticas (leia-se, sobretudo, a grande mídia impressa e televisiva) potencializam o seu poder ao interferirem diretamente no processo político nacional.

Os grandes jornais brasileiros se tornaram sinônimos de empresas capitalistas de grandes proporções, que com suas influências políticas e econômicas têm o poder de mudar uma situação política apenas para atender seus interesses; ainda que isso implique a violação da ética jornalística.

É interessante se observar que toda essa influência e poder que a mídia brasileira, ou parte dela, exerce sobre a política nacional está diretamente relacionada com a questão da democratização da nossa mídia, ou melhor, da falta dela.

Vale lembrar que a mídia, no Brasil, é atingida pela ausência de normas efetivas capazes de impedir a concentração da propriedade assim como a existência da propriedade cruzada.

O sistema da mídia no nosso país é altamente concentrado, permitindo que grupos familiares empresariais, vinculados às elites políticas locais e regionais, possuam influência para modificar, de acordo com seus interesses, o quadro político nacional.

Rachel Monteiro
Enviado por Rachel Monteiro em 19/09/2010
Reeditado em 20/09/2010
Código do texto: T2508447
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