José Serra pode ir para o segundo turno. Mas, os méritos serão da militância voluntária...

José Serra - pode ir para o segundo turno. Mas, os méritos serão da militância voluntária...

Perguntaram aos marqueteiros do candidato José Serra, a razão pela qual ele vem adotando uma postura ligth nos últimos debates eleitorais televisivos. E a resposta foi, que o eleitor não reagiu bem à performance do candidato tucano, adotando uma posição mais agressiva.

Essas pesquisas de opinião e, esses marqueteiros mequetrefes..

Faz tempo, leio que o eleitor diz nas pesquisas eleitorais que, não gosta de baixaria nem agressividade nas campanhas eleitorais, preferindo ouvir propostas dos candidatos.

Mas, não me lembro de alguma pesquisa eleitoral que tenha apurado quantas propostas eleitorais de cada candidato ele guardou na memória.

O que quero dizer é, que, em parte, as pesquisas eleitorais não conseguem diferenciar aquilo que o eleitor acha desejável numa campanha eleitora (e aí, ele está fazendo mera projeção de ética eleitoral), do que ele realmente anda buscando, em cada campanha eleitoral específica.

Pode ser que eleitor não goste de baixaria e, talvez queira ouvir as propostas dos candidatos. Mas, no caso dos debates eleitorais, o eleitor está interessado em muito mais que isso - do contrário, se contentava com o horário eleitoral. Num debate, o eleitor quer ver os candidatos interagindo e, quer fazer um juízo, ou, ao menos, intuir sobre a capacidade deles, diante do quadro político e, eleitoral, em contraste com a noção de realidade que ele tem.

E, contrariando o que supostamente dizem as pesquisas eleitorais, afirmo que o eleitor não crédito para o candidato que se mostra apático, covarde ou, omisso, num debate eleitoral. E vou provar: se caso fosse de oferecer propostas viáveis de governo e, por outro lado, apresentar uma performance ligth, o candidato Plínio Arruda Sampaio estaria sendo vaiado nas ruas. E não é isso que acontece, certo?

O que chamam de baixaria é, muitas vezes, a verdade dos fatos. E, é a verdade dos fatos que está mudando os rumos da campanha presidencial, justamente na sua semana final. O escândalo Erenice (mais um, entre mais de uma centena!), as verdades sobre a biografia de Dilma Russeff e, as meias verdades de Marina Silva, estão criando um quadro muito diferente, para gente que dava a vitória folgada da candidata oficial no primeiro turno como fava contada.

Ao contrário do que afirmam os marqueteiros patetas de José Serra (estão fazendo campanha eleitoral para quem, afinal de contas?), o Eleitor diz que não gosta de baixaria, mas adora um telecath, afirma que não vota em candidato ruim, mas faz de Tiririca um fenômemo eleitoral e, diz que espera ouvir propostas dos candidatos, mas, não sabe repetir duas propostas de qualquer deles e, afinal de contas, decide o voto por motivo muito diferente.

O que quer dizer com "motivo diferente"? Ora, o eleitor não é um ET. No seu dia-a-dia, está imerso num monte de realidades diferentes (o bairro, a empresa, a escola, a igreja, o circulo de amigos, o sindicato, ONG ou associação) e, partir desta relação diária com a realidade é que, ainda que incosncientemente, tece as suas demandas, em relação ao mundo da política e, da administração pública.

Mas, a escolha do candidato pelo eleitor, não é uma operação automática e, muito menos, lógica.

É que a escolha do "candidato ideal" é uma operação onde entra não só a demanda de necessidades do eleitor, mas suas aspirações mais profundas, ligada à coletividade e, ainda, com a capacidade de sedução do candidato (sim, sedução) dos candidatos, em que algum deles é que vai, por assim dizer, "incendear" a imaginação do eleitor, fazendo-o acreditar que é ele, dentre todos, que é capaz de viabilizar toda aquela expectativa.

Prova: fora o caso, e José Serra, pelo retrospecto de sua carreira de Administrador Público competente e provado, nos mais diversos cargos - legislador constituinte, prefeito, governador e, ministro de Estado - estaria disparado nas intenções de votos.

O que está um jogo nesta eleição presidencial é, sempre, o embate: a continuidade x a mudança, o populismo x o pragmatismo administrativo, a competência x a propaganda, o respeito à Lei e às instituições x a anarquia partidarista e, por aí, vai.

Até hoje, José Serra, a cúpula do PSDB os manés do marquetingue político não dão o menor sinal de terem ter entendido os sintomas, sinais e recado dos eleitores, muito especialmente nesta mudança de intenção de votos que já se configura numa virada eleitoral, que sinaliza o segundo turno das eleições presidenciais.

O que provocou esta virada? Justamente os fatos que desmentem a bobajada afirmada pelos marqueteiros tucanos: as denúncias de corrupção verificadas dentro na Casa Civil da Presidência da República, que acertaram em cheio o maior cabo eleitoral de Dilma Russeff- o presidente da república e, ainda, o jogo pesado dos eleitores, que, independente da opção de voto, não desejam ver a candidata oficial eleita, que ocorreu nos mais diferentes nichos, tais como, o mundo da empresa e do trabalho, o bairro, as associações, ONGs e sindicatos, a escola, as confissões religiosas e, especialmente, a Internet, que serviu de veículo para o transporte rápido de informações e, argumentos, num trabalho de formigas e corpo a corpo, onde a candidata palaciana foi objeto de pesado alvejamento.

O candidato José Serra tem agora grande chance de ir para o segundo turno, muito embora Marina Silva esteja em seu encalço.

Se realmente for, fica devendo aos eleitores uma campanha ao menos mais razoável - no sentido de inteligência, coragem e, objetividade - para o segundo turno. Mas, antes disso, terá o dever de reconhecer o valor e a importância da militância voluntária, realizada por eleitores e simpatizantes de sua candidatura, que suplantou o vazio de sua campanha insossa e, sem graça e, sem objetivo.

O eleitor, intuitivamente sempre sabe o que quer, embora não possa expressar objetivamente. A prova de fogo para o candidato é decifrar o eleitor - descobrir seus valores, desejos, sonhos e projeções. Se ele consegue isso, está com um pé bem ficado na disputa eleitoral.

O eleitor, repito, não é um ET. Por isso, noves fora o eleitor já capturado por determinada ideologia, ideário ou, líderança político, faz uso de todas as informações possíveis, em relação aos potenciais merecedores de seu voto. E aí, entram todas as informações - e, neste sentido, falar em informações ou, condutas indejadas, é uma piada, pois todas as informações são aquilatadas.

Mas, nesta campanha presidencial, nenhum dos candidatos se ocupou - ou conseguiu fazer isso. Todas as campanhas eleitorais são lamentáveis. Nenhuma conseguiu caputurar a atenção do eleitor.

E é aí que o presidente da república fez diferença, pois se transformou em cabo eleitoral de Dilma Russeff em regime integral, promovendo nos quatro cantos do Brasil, as suas rudes e agressivas performances em palanque - verdadeiros espetáculos de pura prestidigitação (e sei que me entendem)...

Ou estou errado?

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Sim, à falta de um candidato de índole liberal, voto em José Serra (o mais esquerdista dos candidatos) para presidente da república, porque, não deixa dúvidas sobre seu passado - sem máculas ou crimes, suas convicções, seu respeito à Constituição e ao Estado de Direito e, especialmente capacidade administrativa - que suplanta, de muito, muito longe, a dos(as) outros(as) candidatos(as).