POR UMA NOVA SOCIEDADE

Qualquer que seja o tipo de sociedade, quando ocorrem mudanças culturais, isto influência no modo com que as pessoas passam a entenderem-se e a relacionarem-se com o mundo. Compete questionar sobre quais são os fatores que promovem as mudanças culturais e com quais interesses são realizadas? Porque a televisão insiste em contribuir para formar uma população apática, amorfa, que não sabe defender os seus direitos? De quem é o interesse que o pobre pense igual ao burguês? Essas, entre outras questões, trazem em seu bojo controvérsias, criam desacordos, instigam a reflexão e a tomada de posição.

Sem a menor pretensão de esboçar aqui um tratado da Teoria dos Valores, neste momento, objetiva-se destacar que os valores - propulsores das ações/escolhas humanas - foram historicamente construídos. O campo dos valores e da valoração é complexo, trata-se de um campo de tensões que vai do âmbito social para o individual e vice-versa. No limite, defende-se que a construção dos valores precisa estar a serviço da vida humana em sua totalidade. Logo, o “machismo” é um equívoco do mesmo modo que o “feminismo”. Afinal, conforme o pensamento de Hegel é no contrário que as identidades são afirmadas. Por uma questão de lógica, então, “o homem é tanto mais homem quanto mais a mulher é mulher”. Por isso, sou contrário à todos que pensam a mulher como um ser inferior ao homem e que, por isso, não serve para governar. Este pensamento de “macho” vem desde Aristóteles - pensador grego que afirmava que a mulher é um homem incompleto e que naturalmente nasceu para servir o homem.

Tais convenções sociais influenciam o trabalho docente uma vez que a escola não é a ilha de Robinson Crusoé. Evidentemente, vivemos numa sociedade proclamada democrática, mas estranhamente muitos se negam ao exercício da cidadania, não querem discutir política e se incomodam com quem o faça na busca do voto consciente. Dizem elas: “política, religião e futebol não se discute”. Frases como essa garantem a ampliação da axiologia da “consciência alienada”. Constata-se, deste modo, que o Partido da Imprensa Golpista - PIG tem cumprido bem o seu papel no “emburrecimento” de muitos trabalhadores que passam a prestar um desserviço aos seus partícipes.

E, finalmente, relata-se o acontecido com Maria Rita Kehl que após situar adequadamente o momento político-econômico e social que vivemos ganhou o “porta-fora” do Jornal Estadão. A jornalista foi despedida porque entre outras coisas ousou escrever: “[...] O Brasil mudou nesse ponto. Mas ao contrário do que pensam os indignados da internet, mudou para melhor. Se até pouco tempo alguns empregadores costumavam contratar, por menos de um salário mínimo, pessoas sem alternativa de trabalho e sem consciência de seus direitos, hoje não é tão fácil encontrar quem aceite trabalhar nessas condições. Vale mais tentar a vida a partir da Bolsa-Família, que apesar de modesta, reduziu de 12% para 4,8% a faixa de população em estado de pobreza extrema. Será que o leitor paulistano tem ideia de quanto é preciso ser pobre, para sair dessa faixa por uma diferença de R$ 200? Quando o Estado começa a garantir alguns direitos mínimos à população, esta se politiza e passa a exigir que eles sejam cumpridos”.

Em vista do exposto, sem dúvida alguma, é preciso que a democracia seja ampliada. A competição precisa dar lugar à cooperação. Toda imprensa séria precisa ocupar-se com o “desvelar da verdade” para que o melhor na sociedade aconteça.

SolguaraSol
Enviado por SolguaraSol em 26/10/2010
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