Depois do assassinato do prefeito de Jandira...

CADA POVO TEM O GOVERNO QUE MERECE: Esquema de propina entre vereadores da cidade de Jandira vira manchete de jornais

A coisa ta feia na cidade “Favo de Mel”. Com um histórico de assassinatos de políticos, Jandira carrega o título de “cidade da fé” por sua tradição protestante. Um local de muitas igrejas, de muita fé, mas também muito violenta. Porém, essa violência já começa de cima para baixo, já começa com os políticos que disputam cargos, muitas vezes dentro do mesmo partido que governa a cidade. Numa dessas noites sonhei com muita merda, sangue e cobra. Uma cobra não venenosa, mas que pica e faz as pessoas terem medo. Entendi que Jandira está afundada na merda, em grande parte, por culpa do eleitor que troca seu voto por remédios, favores, promessa de emprego na prefeitura, terrenos ociosos nas encostas de barrancos, uma cervejada num boteco, cestas básicas, socorro médico feito por particulares etc. Isso é Jandira! Ganha quem puder oferecer mais favorzinho, quem der mais coisas e puder barganhar o voto com o eleitor. Resultado: quem é honesto fica de fora e os corruptos fazem a festa.

De qualquer jeito, tornou-se perigoso para quem é de boa índole candidatar-se a qualquer cargo nesta cidade.

Os noticiários dão conta de que já foram assassinados 8 políticos em Jandira, ligados ao poder Executivo foram três, contando com este último do dia dez de novembro, de Braz Paschoalin. Foram presos quatro suspeitos com vestígios de pólvora nas mãos, e hoje as 9 horas da manhã a polícia prendeu o Secretário de Habitação do Governo, Vanderlei Aquino. Ainda não se tem uma conclusão se essa prisão está ou não associada à morte do prefeito, porém, será alvo de investigação.

O lamaçal de corrupção está até o pescoço, é tanta sujeira negada pelo presidente da Câmara, Wesley Teixeira, que dá até vergonha ser morador dessa cidade. A cara de pau é tão grande dos vereadores que escondem essa sujeira, que nem óleo de peroba resolve o problema. Cada vereador ligado ao governo do município que votava nos projetos recebia até dez mil reais para aprovar os projetos do prefeito. Absurdo? Também acho, pois, a final de contas, eles foram eleitos para aprovar projetos bons para o município, independente de partido. Com tanta sujeira, com tanta merda como no sonho que tive, dá pra entender que coisas piores tornam-se inevitáveis, e um dia acabam acontecendo. Um município onde pessoas recebem ameaças por telefone por não concordar com certas decisões erradas, o que esperar? Além de ter visto muita merda, o curioso, é que no meio daquela merda toda havia uma cobra, então pensei: Não seria a merda a corrupção que envolve vários vereadores e a cobra alguém ligado ao próprio governo... Mas, como não dá pra saber o que de fato aconteceu, é melhor esperar as apurações da polícia, ai, teremos a certeza dos fatos. Por enquanto, é melhor aguardar! Veja o que os jornais publicaram esta semana.

Jornal o Estado de São Paulo diz:

“Diálogo revela esquema da propina em Jandira”

“Em conversa gravada pelo vereador Zezinho do PT, Mineiro, do PDT, conta como vendeu seu voto por R$ 200 mil para aprovar contas de Paschoalin”.

A matéria de 15 de dezembro de 2010 publicada por Fausto Macedo em o Estado de S.Paulo mostra a que nível pode chegar um esquema de corrupção de uma cidade:

“Diálogo entre dois vereadores de Jandira, gravado em CD, tornou-se a peça principal da investigação sobre suposto esquema de corrupção e mensalinho na gestão do prefeito Braz Paschoalin (PSDB), executado a tiros de grosso calibre por um grupo de pistoleiros às 7h55 da manhã de sexta-feira. Ontem, o juiz Henrique Maul de Souza decretou sigilo na investigação sobre a morte do prefeito.

A conversa foi gravada em 1.º de julho de 2008 pelo vereador Reginaldo Camilo dos Santos, o Zezinho do PT. Seu interlocutor, Waldemiro Moreira de Oliveira, o Mineiro, do PDT, revela passo a passo como vendeu seu voto por R$ 200 mil para dar apoio a Paschoalin em sessão realizada na Câmara de Jandira para aprovação das contas do tucano. "Ele me arrumou um saco de dinheiro, desses de lixo, assim. Bem pesado, Não é fácil não. Um saco, na crise que tá hoje?"

Cópia do CD foi entregue por Zezinho ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público de São Paulo que investiga corrupção.

Bancário de profissão, filho de costureira e pedreiro, Zezinho é conhecido na cidade como o fiscal da gestão Paschoalin, contra a qual fez cerca de 60 denúncias à promotoria e ao Tribunal de Contas do Estado sobre desvios e fraudes. "A administração pública não é para você ficar rico. Eu tive oportunidade, eu tenho oportunidade todo dia de ficar rico. Você escolhe. A gente vê que é tudo uma farsa."

A conversa rendeu 16 páginas, segundo relatório de inteligência 06/08 do Gaeco - o laudo amparou inquérito policial e ordem judicial para quebra do sigilo bancário de seis vereadores. Mineiro foi vereador de 2005 a 2008. Em julho passado, foi assassinado por desconhecidos.

"Obrão". No diálogo interceptado, Mineiro diz que comprou caminhão e chácara e construiu uma casa - "um obrão, um jumentão" - com o dinheiro que Paschoalin lhe teria dado. Outros vereadores, disse, foram contemplados com propina, "uma corrida de dinheiro".

As contas de Paschoalin relativas a seu segundo mandato (1996-2000) haviam sido reprovadas pelo TCE. Na Câmara, ele compôs com parte dos vereadores, inclusive Mineiro, para derrubar o veto do TCE, em 2008 - medida que abriu caminho para sua eleição ao terceiro mandato, a partir de janeiro de 2009.

Depois, o pedetista se vangloria. "Aproveitei o meu mandato. Aproveita o seu. Larga o povo pra lá, rapaz. Deixa de ser besta."

Ele descreve o que fez com o dinheiro. "Eu meti o pau, comprei terreno, fiz garagem pra caminhão. Com dinheiro na mão você faz tudo em poucos dias. Ganhei duzentos e pouco. Gastei só um bocado e saí com casa e com tudo arrumado. Casa, salão, caminhão, tudo pago. Tô de boa. Você precisa ver o salãozera, como é que tá. Igual a um brinco."

Zezinho pergunta a Mineiro se o prefeito não é perigoso e poderia pedir o dinheiro de volta. "Perigoso? O meu tá na mão. Ele tá mexendo com menino ou com trouxa? Só se ele me matar."

Em 19 de novembro de 2009, Paschoalin depôs no inquérito e negou o mensalinho a vereadores. Ele disse que "o Mineiro por vezes faz oposição e por vezes o apoia, dependendo da matéria". Afirmou desconhecer "totalmente os termos da conversa que Zezinho teria tido com Mineiro". Para o tucano, a gravação pode ter sido feita para prejudicá-lo nas eleições de 2008 - ele sucedeu a Paulinho Bururu, do PT.

Mineiro disse que Zezinho o atraiu para uma conversa sobre "composições políticas". Sobre a propina, declarou que ao perceber que estava sendo gravado resolveu "falar besteiras, valores absurdamente altos".

TRECHOS

Conversa gravada em julho de 2008 entre os vereadores Zezinho (PT) e Mineiro (PDT)

Mineiro: Falei assim: "Ó meu amigo, você me f... no passado. Cê me deixou de mala e cuia. Cê me deixou de a pé. Cê pensava que nunca eu ganhava a eleição, que eu nunca ia ser um vereador". E hoje ter que aprovar sua conta. Que nem eu sabia que algum dia você ia tá na minha mão assim, ó. E é tanto. É pegar ou largar. E não vem trazer em papel, não. Traz o papel original.

Zezinho: O que ele (Braz) falou quando você falou do valor?

Mineiro: "Eu vou arrumar, Mineiro, eu vou ver se arrumo esse negócio. De hoje até amanhã eu tenho que arrumar". Ele ficou vermelho, coçava a cabeça e saiu doido.

Zezinho: Então, a corrida de dinheiro foi: Betinho, Solde e Mi. Quando o pessoal me falou eu comecei a dar risada. Falei: "Quem diria?" Os cara, os caras tentava...

Mineiro: Tirar o Mineiro de todo jeito!

Zezinho: Tirar o Mineiro. Agora os cara tão arrumando, procurando dinheiro que nem uns louco pro Mineiro

Mineiro: Ele arrumou um saco de dinheiro, desses de lixo, assim, bem pesado. Não é fácil, não. Um saco na crise que tá hoje!

Zezinho: Ó Mineiro, mas esse Braz não é perigoso, não?

Mineiro: Perigoso? O meu tá na mão, vai tomar no ...! Quem é que prova que cê me deu? Nem morto!

Zezinho: Não. Perigoso que eu falo é querer o dinheiro de volta.

Mineiro: Que querer o dinheiro de volta, Zé? Ele tá mexendo com menino e com trouxa? Só se ele me matar. Tá mexendo com bobo? Ele me conhece, sabe como é quando eu "arrupio" o cabelo...

Zezinho: Ele chegou em você e falou: "Tá certo, Mineiro"?

Mineiro: Falou: "Tá aqui, Mineiro. Tá bom assim?" Eu falei: "Tá bom".

A corrupção em Jandira vem de um processo longo, de vários mandatos, um acúmulo de sujeira que só começa a ser apurado verdadeiramente agora. Por quê? Essa é a pergunta que não quer calar!

Se não cortar o mal pela raiz, nossas crianças, futuros políticos vão acreditar que é melhor ser corrupto que ser honesto, até mesmo filhos de evangélicos, a final o presidente da Câmara Wesley Teixeira se diz evangélico, porém, o que fez para mudar isso? Nada, pelo contrário, nega os esquemas e ainda diz na entrevista que assisti pela televisão assim: "Nossos vereadores trabalham pelo bem da cidade" Será? Se é verdade, por que se irá quebrar o sigilo telefônico de 6 vereadores? O que será que a polícia irá ouvir nas conversinhas? E nos bastidores, o que rola? Ninguém sabe, mas deve ser coisa grande!