OLHA O QUE OS TUCANOS FAZEM COM O POVO

UNBIGOCENTRISMO: produto do neoliberalismo

Uma sensação de impotência vem ganhando força nos últimos anos, e essa sensação pode ser percebida pelo modo como as pessoas falam dos problemas políticos que nos afetam. Quando se leva um debate de qualquer assunto para a sala de aula, se for essa aula com adolescentes, eles não se mostram interessados no assunto proposto, se for para uma sala de pessoas mais velhas como do EJA, os mais velhos dizem: “Não tem mais jeito, que se pode fazer?”

Para alguém levantar um assunto polêmico hoje na sala dos professores tem que estar preparado para enfrentar um montão de caras feias e olhos arregalados, irônicos e insatisfeitos apontados na direção do insurreto professor que levantou aquela questão.

Sem querer generalizar, a realidade escolar esta um caos. Os alunos não querem saber der nada, de uma sala inteira, encontramos uma meia dúzia que se interessa em querer ouvir as explicações do professor. A geração de hoje vive numa espécie de presenteismo sem qualquer vínculo com o passado, e discutir um tema antigo é o mesmo que querer ser ignorado por eles, mas o curioso, é que discutir um tema do presente com eles é também pedir para ser ignorado. Por quê? Ao que me parece, é que a geração atual vive num mundo desconexo, virtualizado e artificial, desprovidos de reflexão, não consegue relacionar os fatos para tirar uma conclusão e chegar a um entendimento do modo e do mundo que se vive hoje. Isso se repete na sociedade. As pessoas parecem inertes, só falam do agora, do imediato e é raro encontrar alguém lúcido que se possa dizer: esse é um cara inteirado! Basta entrar num desses botecos e disfarçadamente ir conquistando a confiança dos amigos que ali freqüentam e após alguns dias puxarmos uma nova conversa, um novo assunto relacionado à política e os problemas que nos cercam, e logo se irá ver perceber alguém dizer: não tem mais jeito, sempre foi assim. Quando voltamos para uma sala de professores, ouvimos o mesmo quando trazemos um assunto à baila, como por exemplo, o modo de governar do PSDB e o neoliberalismo cujo objetivo é cortar gastos públicos e não investir nas áreas mais importantes da sociedade que é educação, saúde, segurança. Discutir temas que interessariam aos professores, como a municipalização, a divisão em categorias, as provinhas de final de ano, o direito de ficar doente reduzido à apenas seis vezes pó ano, o fim das abonadas, a falta de valorização profissional, discutir essas coisas na sala dos professores virou piada. A mesma fala de que “não tem mais jeito” que ouvimos no boteco repete-se na fala de uma professora ou de um professor, os outros ficam calados. Qual será o reflexo disso na sala de aula? A meu ver, catastrófico. O ensino pode até apresentar uma pequena melhora nos últimos dias, mas isso não traduz em qualidade, mas em quantidade de alunos matriculados, aumento dos aprovados por conta da “progressão continuada” que na realidade é automática etc. A falsa melhora do ensino serve para que os governos apresentem la fora os números que o banco mundial exigem, assim, conseguem mais verbas e empréstimos. É por isso que Rose Neubauer foi secretária de Educação de Mario Covas, o esposo dela possui um vínculo direto com o Banco Mundial, ou seja, Covas precisava dar uma resposta urgente aos órgãos internacionais, e para isso introduziu as mudanças na educação: dividiu o ensino em dois ciclos deixando o ensino médio às traças, eliminou a reprovação por meio da progressão continuada que virou automática, mudou o nome SUPLETIVO para EJA com o objetivo de eliminar os adultos do curso tirando-lhes o direito de recuperar o tempo perdido. Como isso vem acontecendo? O fim dos adultos nas escolas vem acontecendo de um modo sistemático através da eliminação de matéria - o SESU - onde o aluno adulto pode numa só prova eliminar de 5ª a 8ª série e de 1ª a 3ª série, assim, ele sai mais rápido da escola e a desocupa para os jovens. Então a mudança de nome, foi estratégica e proposital: EJA- Educação para Jovens e Adultos. O jovem vem primeiro, e se sobrar vaga..., matricula-se um adulto. O problema é que desde o boteco percebi à escola percebi que nada do que acontece e que prejudica a sociedade é matéria de reflexão, isso incomoda: Será o fim da História?

As pessoas estão perdendo o senso crítico e a capacidade de se enxergar como sujeitas ou agentes das transformações? Por quê?

Após os quase 20 anos de governo de um só partido, a oligarquia tucana conseguiu fazer isto com professores, alunos e sociedade, conseguiu fazer que pessoas pobres de espírito e de mente, reproduzissem um discurso derrotista de “não tem mais jeito”. Isso tem me incomodado...

Os tucanos por natureza são predadores e São Paulo está a quase 20 anos nas mãos deles. Estamos debaixo de uma ditadura tucana e os alvos somos todos nós da sociedade. Por quê? Estou dizendo isso? Ora, é porque, quando se tem um partido cuja cartilha e doutrina rezam que se deve entregar os serviços públicos nas mãos de setores privados, cooperativas e até ONGs significa, que são os nossos direitos que estarão indo todos pro ralo. Vivemos o fim dos direitos dentro de uma visão política reducionista chamada neoliberalismo, e precisamos ficar atentos ao significado e os impactos dessa visão política na vida de cada um na sociedade. Como essa visão política peessedebista nos afeta? Como ela interfere no nossos direitos de ir e vir? Como ela nos afeta direta e indiretamente? O que fazer para mudar?

A eliminação dos serviços públicos e a redução dos gastos com estes serviços, afeta diretamente toda a sociedade, basta ver o caos na escola pública, na segurança e na saúde pública onde uma criança pode ser assassinada pela simples troca de um frasco de vaselina no lugar de soro no hospital São Luis Gonzaga. Mas antes de se matar uma pessoa num hospital por engano, o neoliberalismo nos mata espiritualmente quando elimina os nossos direitos. Basta olhar para a violência nas escolas onde professores tem sido agredidos simplesmente pelo fato de tentar exigir um pouco mais dos alunos, até o registro de uma falta para um aluno que sai da sala pode redundar no novo inimigo ao professor, chamar a atenção dos alunos está tornando ao profissão-professor numa profissão-perigo. Isso já é um reflexo da política neoliberal e tucana em São Paulo. Para falar de como o modo de pensar neoliberal afeta a sociedade, basta pensar no profissional que atende do outro lado dos balcões nos postos de saúde ou como no exemplo da auxiliar de enfermeira que aplicou vaselina ao invés de soro fisiológico numa menina de 12 anos que acabou morrendo, para ver como essa política reducionista nos afeta, basta pensar também no mudo em como somos recebidos e tratados quando vamos procurar a polícia para abrir um BO, esperamos horas e horas e saímos sem registrar o boletim porque quem está do outro lado trabalha descontente, e isso se repete nas escolas e em todas as repartições públicas. O que esperar de um profissional desvalorizado? Primeiro, sua auto-estima está destroçada pelo modo como o governo trata esse profissional, segundo, à medida que as leis vão se relaxando e favorecendo o infrator, a profissão-professor torna-se cada vez mais arriscada e o artigo 331 do código penal torna-se inútil, porque, quando o professor pensa em abrir um BO na delegacia por desacato ou qualquer tipo de agressão sofrida, inclusive ameaça, esse profissional esbarra-se no ECA e se vê acuado, terceiro, o relaxamento das leis leva ao sentimento de perda da autoridade que acaba com qualquer profissional e já acontece com o professor em sala de aula e nas escolas, digo nas escolas, porque, os conselhos viraram instituições inúteis, já que o professor ou a professora não tem mais poder de decisão alguma.

Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.

“A ofensa constitutiva do desacato é qualquer palavra ou ato que redunde em vexame, humilhação, desprestígio ou irreverência ao funcionário. É a grosseira falta de acatamento, podendo consistir em palavras injuriosas, difamatórias ou caluniosas, vias de fato, agressão física, ameaças, gestos obscenos, gritos agudos etc." (Nélson Hungria)

Se os sintomas da política reducionista e do Estado Mínimo apregoada pelo PSDB no Brasil e assimilada por outros partidos de direita se faz sentir na educação e na saúde, imagine na área da segurança pública? Na segurança os mesmos problemas se repetem. Não temos na sociedade uma segurança pública para de fato nos proteger, segurança quem tem são os ricos, e mesmo assim, a medida que a miséria cresce juntamente com a desigualdade, nem mesmo a segurança privada é capaz de protegê-los de invasões, seqüestros e outros crimes praticados. Para garantir segurança é só distribuir melhor as riquezas, oferecer a todos as mesmas chances de ascensão social, uma mesma formação escolar que atinja a todos acabando com as escolas particulares e universalizando o ensino público, caso contrário, não haverá segurança. As chacinas acontecem e as execuções à luz do dia, basta ver o que acontece numa cidade de cerca de 92 km2 da Grande São Paulo conhecida como Jandira. Em 25 de julho de 2007 Ricardo Valota, do estadão.com.br registrou a seguinte noticia:

“Cinco pessoas foram assassinadas no início da madrugada desta quarta-feira, 25, na cidade de Jandira, região oeste da Grande São Paulo. A polícia investiga se os crimes estão relacionados.”

E as notícias prosseguem com o mesmo teor de violência alarmante. Num intervalo de três horas veja o que Andressa Zanandreia registrou às 0 horas de 26/07/07 como sendo a 20ª chacina do ano: 6 morrem na divisa entre os municípios de Jandira e Itapevi, na Grande São Paulo.

Para fechar o ano de 2010 em Jandira, o assassinato do prefeito Bras Paschoalim chamou a atenção da imprensa. Antes um ex-vereador e um suplente já tinham sido assassinados no bairro Parque Santa Tereza. Isso é o sintoma de uma doença que vem acabando com o orgulho de ser jandirense. Toda história de corrupção um dia acabará assim. O resultado disso é a violência que afeta a todos os cidadãos. Se a política em São Paulo está mergulhada numa ditadura tucana onde um único partido dita as regras e joga a bomba para as prefeituras políticas está contaminada pela mesma ideologia do PSDB onde a municipalização foi abraçada pela maioria dos prefeitos, o que esperar?

O direito de ir e vir já é um direito cerceado pelos pedágios das rodovias estaduais, já não temos mais esse direito de transitar livremente sem topar com uma cancela e uma nova praça de pedágio entre Osasco e Barueri, gora com a falta de segurança, logo logo não poderemos nem sair de casa por medo se ser confundido com alguém por ai. Já não temos mais o habeas corpus que é segundo os princípios jurídicos uma garantia do direito de ir e vir. Se um cidadão possui um habeas corpus, jamais estará em jogo a sua liberdade de ir e vir, é uma garantia constitucional em favor de quem sofre violência ou ameaça de constrangimento ilegal na sua liberdade de locomoção, por parte de autoridade legítima. Acontece que essa ameaça é constante diante do dramático quadro de violência em que vivemos. Isso tende a piorar, porque mais uma vez o PSDB ganhou em São Paulo. Se alguém ler esse artigo, pode dizer que estou sendo partidário sim, pois sou apenas mais um cidadão indignado com o trato que esse partido vem dando ao funcionalismo público, professores, policiais e companheiros da saúde em São Paulo. Enquanto isso, os deputados elevam seus salários para 26 mil reais, e os professores sem aumento desde Mario Covas. Enquanto persistir essa política de redução de gastos para setores públicos essenciais à população, saúde, segurança e educação vão continuar uma merda e a tendência é a violência aumentar!