O OCASO DO GIGANTE
Sérgio Martins Pandolfo*
Este artigo complementa os dois que vimos de publicar neste mesmo espaço d’O Liberal: A Hecatombe americana, em 15/09/2011 e Os escalões do declínio ianque, em 22/09/2011
Saídos como grandes vitoriosos da Segunda Guerra Mundial e, em que pese o fato de terem lançado dois artefatos atômicos reciprocamente sobre as cidade japonesas de Hiroshima e Nagasaki, provocando o maior genocídio que a humanidade já houvera assistido ou tido conhecimento, os americanos, pelo terem livrado a Europa da ameaça nazi-fascista e mais, pela ajuda financeira que concederam aos países massacrados e semidestruídos pelos impiedosos bombardeios da refrega, com o chamado Plano Marshall (bem verdade que aproximadamente 70% das matérias-primas, produtos semi-industrializados, combustíveis, veículos, máquinas e outros bens eram de procedência norte-americana), despontaram aos olhos do mundo como a grande potência econômica e bélica de então e tornaram-se a nação mais admirada e amada do planeta. Hoje, como dizemos os parauaras, em circunspecto parauarês, “é vice-versa ao contrário”. Ao Plano Marshall, renegado pelo bloco soviético, seguiu-se a “Cortina de Ferro” e a “Guerra Fria”.
A nação nortenha proeminava pela modernidade e pela democracia que pregava e passava a exigir de todos os que com ela mantinham, ou pretendiam fazê-lo, laços negociais, inobstante a dolorosa chaga da segregação racial, o nefando apartheid, só muito mais tarde apartado das leis americanas, mas não das práticas quotidianas. Nação que era, como faziam crer os filmes que Hollywood, a meca cinematográfica, produzia e eram exemplo para o resto do mundo, justa, evoluída, séria, competente, sem erros e sem vilões, em tudo vencedora, com uma população alegre e feliz, sem pobres, sem misérias, sem infortúnios, sem degenerados, em suma, exemplar. Viu-se depois que não era bem assim.
Cientes de seu poderio assentado em terra, mar e ar, partiram para conquistas territoriais, quase sempre escamoteadas sob a pseudoargumentação de assim agirem para proteção dessas áreas, próprias ou de seus “protegidos”. Sua descomunal máquina de guerra não tinha similar, até porque estava a todo o momento sendo ampliada e requalificada, tornando-se seus excedentes e/ou rejeitos fonte de receita imponderável, a alimentar e enxundiar o descomunal erário.
Mas não há bem que sempre dure nem mal que nunca se acabe. George H.W.Bush, que se elegeu vice do governo do “hollywoodiano” ator Ronald Reagan e o sucedeu na presidência foi, segundo o conceito que granjeou, um mau presidente e dele só ficaram as inesquecíveis e terrificantes memórias dos bombardeamentos com “precisão cirúrgica” da guerra com o Iraque para “libertação” do Kuwait, que custou muitos bilhões de dólares e deixou o país debilitado, com déficit progressivo e crescente e alto endividamento externo. Passaria à História como Bush Pai após a eleição do filho em 2001.
Veio a seguir Bill Clinton (1993-2001), que tentou acertar as contas desarranjadas herdadas do antecessor e em parte o conseguiu, deixando o governo com um modesto, mas auspicioso superávit nos últimos três anos de mandato, e obtendo a maior taxa de aprovação de qualquer outro presidente dos EUA após a 2ª Grande Guerra. Sucedeu-o George W. Bush, o filho, que ao longo de duas guerras desastradas e trilionárias, alhures referidas, desmantelou por completo as finanças do gigante de pés de barro, quase o levando a nocaute, saindo com o desprimoroso conceito de “o pior presidente americano de todos os tempos”
sergio.serpan@gmail.com - www.sergiopandolfo.com
Sérgio Martins Pandolfo*
Este artigo complementa os dois que vimos de publicar neste mesmo espaço d’O Liberal: A Hecatombe americana, em 15/09/2011 e Os escalões do declínio ianque, em 22/09/2011
Saídos como grandes vitoriosos da Segunda Guerra Mundial e, em que pese o fato de terem lançado dois artefatos atômicos reciprocamente sobre as cidade japonesas de Hiroshima e Nagasaki, provocando o maior genocídio que a humanidade já houvera assistido ou tido conhecimento, os americanos, pelo terem livrado a Europa da ameaça nazi-fascista e mais, pela ajuda financeira que concederam aos países massacrados e semidestruídos pelos impiedosos bombardeios da refrega, com o chamado Plano Marshall (bem verdade que aproximadamente 70% das matérias-primas, produtos semi-industrializados, combustíveis, veículos, máquinas e outros bens eram de procedência norte-americana), despontaram aos olhos do mundo como a grande potência econômica e bélica de então e tornaram-se a nação mais admirada e amada do planeta. Hoje, como dizemos os parauaras, em circunspecto parauarês, “é vice-versa ao contrário”. Ao Plano Marshall, renegado pelo bloco soviético, seguiu-se a “Cortina de Ferro” e a “Guerra Fria”.
A nação nortenha proeminava pela modernidade e pela democracia que pregava e passava a exigir de todos os que com ela mantinham, ou pretendiam fazê-lo, laços negociais, inobstante a dolorosa chaga da segregação racial, o nefando apartheid, só muito mais tarde apartado das leis americanas, mas não das práticas quotidianas. Nação que era, como faziam crer os filmes que Hollywood, a meca cinematográfica, produzia e eram exemplo para o resto do mundo, justa, evoluída, séria, competente, sem erros e sem vilões, em tudo vencedora, com uma população alegre e feliz, sem pobres, sem misérias, sem infortúnios, sem degenerados, em suma, exemplar. Viu-se depois que não era bem assim.
Cientes de seu poderio assentado em terra, mar e ar, partiram para conquistas territoriais, quase sempre escamoteadas sob a pseudoargumentação de assim agirem para proteção dessas áreas, próprias ou de seus “protegidos”. Sua descomunal máquina de guerra não tinha similar, até porque estava a todo o momento sendo ampliada e requalificada, tornando-se seus excedentes e/ou rejeitos fonte de receita imponderável, a alimentar e enxundiar o descomunal erário.
Mas não há bem que sempre dure nem mal que nunca se acabe. George H.W.Bush, que se elegeu vice do governo do “hollywoodiano” ator Ronald Reagan e o sucedeu na presidência foi, segundo o conceito que granjeou, um mau presidente e dele só ficaram as inesquecíveis e terrificantes memórias dos bombardeamentos com “precisão cirúrgica” da guerra com o Iraque para “libertação” do Kuwait, que custou muitos bilhões de dólares e deixou o país debilitado, com déficit progressivo e crescente e alto endividamento externo. Passaria à História como Bush Pai após a eleição do filho em 2001.
Veio a seguir Bill Clinton (1993-2001), que tentou acertar as contas desarranjadas herdadas do antecessor e em parte o conseguiu, deixando o governo com um modesto, mas auspicioso superávit nos últimos três anos de mandato, e obtendo a maior taxa de aprovação de qualquer outro presidente dos EUA após a 2ª Grande Guerra. Sucedeu-o George W. Bush, o filho, que ao longo de duas guerras desastradas e trilionárias, alhures referidas, desmantelou por completo as finanças do gigante de pés de barro, quase o levando a nocaute, saindo com o desprimoroso conceito de “o pior presidente americano de todos os tempos”
Com a eleição de Obama, vencendo barreiras quase intransponíveis no Northern Big Brother, como o da discriminação racial, esperavam-se bons rumos para a águia do Norte, a acreditar nas promessas de campanha, inovadoras e pressagiantes de bons augúrios, até aqui incumpridas, a gerar melancólica frustração e retrocesso. Em entrevista à repórter Mônica Valdvogel, programa “Entre Aspas” da Globo News, Gilberto Sarfati, Prof. da USP, sobre o conflito entre Israel e os palestinos foi peremptório e tranchã: “O governo Obama é um fracasso de ponta a ponta”.
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*Médico e escritor. ABRAMES/SOBRAMES--------------------------------------------------------------------------------
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