TAPAJÓS? CARAJÁS? POIS SIM!
Sérgio Martins Pandolfo*
De forma retumbante, acachapante mesmo, a pesquisa de intenção de votos realizada entre os dias 7 e10 de novembro em todo o Estado pela Datafolha pôs à luz o que já se imaginava: o Pará Não será dividido (praticamente 60% são contra e apenas 33% a favor da divisão), como bacorejavam forasteiros aproveitadores que aqui foram afavelmente recebidos e ora se voltam contra nós.
Em debate sobre a questão no pretérito dia 9 do corrente na sede do Conselho Regional de Medicina, promovido pelas entidades médicas (Conselho Regional, Associação Médico-Cirúrgica do Pará e Sindicato dos Médicos já isso se fazia evidente. À sessão, ademais dos presidentes das entidades fizeram-se presentes vários nomes de expressão nas áreas da Medicina e da política de saúde do Estado, tais o próprio secretário estadual, Dr. Hélio Franco e o ex-secretário municipal, Dr. Carlos Vinagre, médicos e interessados. Na mesa, demais dos presidentes das entidades pré-citadas, o deputado federal Lira Maia, representante da Frente pró- Estado do Tocantins e o deputado estadual Celso Sabino, presidente da Frente contra a criação do Estado do Tapajós, cabendo a cada representante frentista o tempo de vinte minutos para apresentar e defender seus argumentos, o que foi cumprido de forma livre e aberta, com a divulgação de dados adrede recolhidos, findo o qual foi franqueada a discussão com os elementos da plateia. Não se fizeram representar as Frentes pró e contra a criação de Carajás
Lira Maia repertoriou aquela já sovada série de argumentos baculinos (gerados pelo báculo de Duda Mendonça) exaustivamente postos a justificar a separação e devidamente contraditados, tais como “o grande tamanho do Estado”, que dificultaria ao governo chegar aos municípios mais distantes, causando desassistência, máxime no que respeita à saúde, educação e segurança; que a aspiração de separação do oeste do Pará, que ocupa nada menos que 58% do território parauara é antiga e remonta a mais de 150 anos, e que com a tricotomia territorial os três estados resultantes sairiam ganhando, consoante “estudos econômicos e sociais” realizados por um economista especialmente contratado pelas duas frentes que almejam a separação, porque o FPE (Fundo de Participação dos Estados) seria praticamente triplicado, além de que as bancadas representativas no Congresso Nacional (deputados federais e senadores) que iriam “engrossar a voz da Região” naquela casa de leis, eximindo-se de debater sobre a “qualidade” deles. Citou como exemplos marcantes de eficiência e progresso o Estado do Tocantins, desmembrado de Goiás e o do Amapá, apartado do Pará em 1943, chegando mesmo a dizer que tanto o Amapá quanto o Tocantins apresentam hoje “índices”, sem dizer quais, melhores que o Pará.
Celso Sabino, com convincente segurança e conhecimento de quem integra um dos órgãos de auditoria federal refutou todos, apresentando dados oficiais precisos fornecidos pelo IPEA, UFPA e IDESP, além de elementos obtidos de órgãos federais e estaduais ligados ao orçamento dos estados, mostrando que com a divisão os dois noviestados já nasceriam deficitários e assim permaneceriam por muitos anos. Tapajós, p.ex., seria o segundo mais pobre do Brasil, atrás apenas de Roraima, enquanto que o Pará restante teria reduzido grandemente seus elementos de receita (o FPE atual de 2,9 bi passaria para 5,9 bi, cabendo ao Pará residual só 2,4 bi, perdendo logo “de cara” 500 milhões, isto é, meio bilhão, para serem distribuídos pelos 4,8 milhões de habitantes residentes em seus 78 municípios remanescentes, em contraposição aos apenas 2,9 milhões de viventes nos 66 municípios que caberiam aos dois outros pretensos estados), enfraquecendo, portanto, as três novas unidades conjecturadas. Deixaríamos de ser um Estado próspero, pujante, producente, para nos tornarmos uma troika de nanicos a onerar os cofres da Viúva e a liderar os índices de criminalidade, pobreza e, analfabetismo do País. Seria mesmo de troça, não fora, a ação, de destroça.
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*Médico e escritor. ABRAMES/SOBRAMES
sergio.serpan@gmail.com - serpan@amazon.com.br www.sergiopandolfo.com
Sérgio Martins Pandolfo*
De forma retumbante, acachapante mesmo, a pesquisa de intenção de votos realizada entre os dias 7 e10 de novembro em todo o Estado pela Datafolha pôs à luz o que já se imaginava: o Pará Não será dividido (praticamente 60% são contra e apenas 33% a favor da divisão), como bacorejavam forasteiros aproveitadores que aqui foram afavelmente recebidos e ora se voltam contra nós.
Em debate sobre a questão no pretérito dia 9 do corrente na sede do Conselho Regional de Medicina, promovido pelas entidades médicas (Conselho Regional, Associação Médico-Cirúrgica do Pará e Sindicato dos Médicos já isso se fazia evidente. À sessão, ademais dos presidentes das entidades fizeram-se presentes vários nomes de expressão nas áreas da Medicina e da política de saúde do Estado, tais o próprio secretário estadual, Dr. Hélio Franco e o ex-secretário municipal, Dr. Carlos Vinagre, médicos e interessados. Na mesa, demais dos presidentes das entidades pré-citadas, o deputado federal Lira Maia, representante da Frente pró- Estado do Tocantins e o deputado estadual Celso Sabino, presidente da Frente contra a criação do Estado do Tapajós, cabendo a cada representante frentista o tempo de vinte minutos para apresentar e defender seus argumentos, o que foi cumprido de forma livre e aberta, com a divulgação de dados adrede recolhidos, findo o qual foi franqueada a discussão com os elementos da plateia. Não se fizeram representar as Frentes pró e contra a criação de Carajás
Lira Maia repertoriou aquela já sovada série de argumentos baculinos (gerados pelo báculo de Duda Mendonça) exaustivamente postos a justificar a separação e devidamente contraditados, tais como “o grande tamanho do Estado”, que dificultaria ao governo chegar aos municípios mais distantes, causando desassistência, máxime no que respeita à saúde, educação e segurança; que a aspiração de separação do oeste do Pará, que ocupa nada menos que 58% do território parauara é antiga e remonta a mais de 150 anos, e que com a tricotomia territorial os três estados resultantes sairiam ganhando, consoante “estudos econômicos e sociais” realizados por um economista especialmente contratado pelas duas frentes que almejam a separação, porque o FPE (Fundo de Participação dos Estados) seria praticamente triplicado, além de que as bancadas representativas no Congresso Nacional (deputados federais e senadores) que iriam “engrossar a voz da Região” naquela casa de leis, eximindo-se de debater sobre a “qualidade” deles. Citou como exemplos marcantes de eficiência e progresso o Estado do Tocantins, desmembrado de Goiás e o do Amapá, apartado do Pará em 1943, chegando mesmo a dizer que tanto o Amapá quanto o Tocantins apresentam hoje “índices”, sem dizer quais, melhores que o Pará.
Celso Sabino, com convincente segurança e conhecimento de quem integra um dos órgãos de auditoria federal refutou todos, apresentando dados oficiais precisos fornecidos pelo IPEA, UFPA e IDESP, além de elementos obtidos de órgãos federais e estaduais ligados ao orçamento dos estados, mostrando que com a divisão os dois noviestados já nasceriam deficitários e assim permaneceriam por muitos anos. Tapajós, p.ex., seria o segundo mais pobre do Brasil, atrás apenas de Roraima, enquanto que o Pará restante teria reduzido grandemente seus elementos de receita (o FPE atual de 2,9 bi passaria para 5,9 bi, cabendo ao Pará residual só 2,4 bi, perdendo logo “de cara” 500 milhões, isto é, meio bilhão, para serem distribuídos pelos 4,8 milhões de habitantes residentes em seus 78 municípios remanescentes, em contraposição aos apenas 2,9 milhões de viventes nos 66 municípios que caberiam aos dois outros pretensos estados), enfraquecendo, portanto, as três novas unidades conjecturadas. Deixaríamos de ser um Estado próspero, pujante, producente, para nos tornarmos uma troika de nanicos a onerar os cofres da Viúva e a liderar os índices de criminalidade, pobreza e, analfabetismo do País. Seria mesmo de troça, não fora, a ação, de destroça.
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*Médico e escritor. ABRAMES/SOBRAMES
sergio.serpan@gmail.com - serpan@amazon.com.br www.sergiopandolfo.com