DEITADOS ETERNAMENTE EM BERÇO ESPLÊNDIDO

DEITADOS ETERNAMENTE EM BERÇO ESPLÊNDIDO

Relendo as notícias das polêmicas protagonizadas pelo “palhaço” Tiririca (pior do que está não fica), percebo as nuances de uma questão sociológica, empírica e pragmática de sua eleição; em tese, a democracia deveria ser uma forma de governar em que o POVO aclamasse um representante do POVO, para lutar pelos seus ideais, direitos e propusesse projetos. Comparações inevitáveis com a trajetória do presidente LULA (apesar de nunca ter sido vereador, foi eleito presidente, apesar de toda sua luta e militância sindical, não era alfabetizado, porém foi o representante popular que mais auxílio material deu ao povo, além de ser acusado de ser populista); porém o ideal de LIBERDADE, FRATERNIDADE, IGUALDADE desaguou na liberdade de expressão, de repúdio popular, do voto de protesto e na desilusão geral na política que atualmente gerencia nosso país.

Esse tema voltou à baila quando lendo uma reportagem na internet sobre a trajetória polêmica de TIRIRICA, onde ele votou no salário mínimo de R$ 600,00, sendo que a maioria do partido votara no salário de R$ 560,00 e me pergunto: quem votou na proposta dos seiscentos reais foi o cidadão Francisco Everardo (presente no interior do nosso ilustre deputado), o representante do povo, que anseia por melhorias mesmo que empíricas na renda mensal do sofrido povo brasileiro, (que não se satisfaz com o FOME ZERO, ou o BOLSA RENDA, ou o BOLSA BARRIGA), ou o palhaço TIRIRICA, buscando mais IBOPE para sua condição, quem pensou (se é que o fez) na hora de votar no valor do salário mínimo? Será que nossos ilustres deputados têm alguma formação mínima em economia, sabendo de onde vem e para onde vão os impostos necessários para se aumentar ou não o salário? Ou que reflexos decorrentes desse aumento ocorrem no preço das mercadorias e serviços, ou dos encargos sociais que dependem do salário mínimo? Que o aumento deste leva a mais desemprego e não ao contrário? Será que o filé mignon que eles comem é do mesmo preço da carne que comemos uma vez na semana?

Outra polêmica que merece ser comentada nesse artigo seria a da eleição do seu partido, o PR, para sua representatividade na comissão de Educação e Cultura; ficam aqui algumas reflexões: será que a Educação no país merece tal representante, ou esta nova eleição dentro da eleição significa o que a maioria de nós educadores acredita, que a Educação de nossos jovens se tornou uma palhaçada, onde esses fingem aprender, nós professores fingimos ensinar e o governo finge avaliar a situação? A cultura do país dos papagaios, carnaval e futebol seria melhor representada por artistas pseudo-intelectuais que se auto-promovem, (englobando toda a verba da Lei de Incentivo à Cultura) ou o partido PR não acredita no potencial de seus representantes? Assessores servem para mostrar ao povo o que o candidato realmente pensa a respeito de certos temas do seu interesse; será que a assessoria de Tiririca não poderia trabalhar como os ghost writers, responsáveis por certos discursos, auto-biografias e até por certos projetos (suposições, não informação) de eminentes políticos? Talvez essa seja a oportunidade de exercitarmos o poder do povo, de eleger representantes de seu meio social, como professores, padres, militantes na vida social como membros de sindicatos, associações de bairros, ou talvez a educação dos nossos políticos seria a solução? Projetos palpáveis deveriam ser votados por deputados, mas quem pode julgar a qualidade de representantes populares que só precisam ser alfabetizados para serem deputados?

Educação em um país onde todos merecem ter acesso a ela, porém usam a escola como palco da eterna batalha do sofrido e marginalizado povão pelos opressores donos do poder econômico, (leia-se alunos dos turno matutino, na maioria dos colégios brasileiros, filhos da elite) e onde os alunos ouvem MP3 durante as explicações dos conteúdos e até durante as provas para desestressar (ou receber por mensagem de texto as respostas da suada prova recém saqueada/raqueada do PC do professor) e se julgam espertos, modernos e antenados por isso, onde a biblioteca e os corredores se tornaram o novo GIGA BYTE (bar fictício da novela adolescente MALHAÇÃO) onde se reúnem os alunos ditos vencedores (o pai já comprou o apartamento, a vaga na universidade ou no cursinho) ou os que estão lá apenas para garantir a presença na caderneta para não perder o benefício de uma das inúmeras bolsas; onde estudar não é uma obrigação, mas uma mera convenção social, já que a inclusão digital prova que os analfabetos funcionais só precisam digitar poucas palavras em qualquer site de busca para se ter acesso a trabalhos e pesquisas de primeira qualidade... Onde professores formam a trupe do TIRIRICA, (pior que está não fica), rebolando para conseguir um emprego extra para se manter, e se traveste de psicólogo, pai, mãe, saco de pancadas, educador, para ganhar a ínfima quantia que um deputado ganha (correspondente ao salário de 440 educadores). Nisso tudo fica a lição: cada povo tem o governo que merece; se não sabemos o nome de nossos representantes, que projetos estes defendem, ou não assistimos a TV CAMARA ou a TV SENADO, como dizer se eles fazem ou não fazem nada? Sabemos o nome dos atores de nossas novelas preferidas, dos participantes do último Big Brother Brasil, mas não sabemos o nome dos deputados, senadores, ministros, ou que pastas ocupam, como cobrar resultados? A quem cobrar? (O quê mesmo queremos cobrar?) Que tipo de representantes nós colocamos lá? Será que só nos interessa a política de quatro em quatro anos? Nesse período hibernamos ou dormimos eternamente em berço esplêndido?

P.S. Outro mote para se pensar: a famosa lei da FICHA LIMPA só vigorará a partir do ano de 2012 (se o mundo não acabar em dezembro); portanto onde deveria funcionar, na cúpula, agora vai ser aplicada na base, e recursos como o do FUNDEB, que sai de Brasília para os cofres das prefeituras ficarão expostos à sanha dos políticos de nossas cidades...

ADILTON GOMES SILVEIRA

02/04/2011

04:07 AM

Adilton
Enviado por Adilton em 27/12/2011
Reeditado em 09/03/2016
Código do texto: T3408440
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