O TEMPO ABSOLVE OU CONDENA UM CIDADÃO

Lailton Araújo

O Brasil passou e passa por vários processos de adaptação política e o aprendizado, requer etapas e conscientização de crescimento moral de todos os cidadãos. Não se imagina que o país possua santos ou heróis perseguidos de um lado, e do outro: carrascos ou perseguidores. Foram momentos históricos adaptados ou não aos anos conhecidos como Guerra Fria e nacionalismo exagerado, comandados pela mão de ferro de uma repressão - muitas vezes sem qualquer teor de inteligência ou planejamento nacional. Do outro lado, meninos e meninas estudantes, parte das forças armadas, intelectuais, operários e grandes pensadores, lutando por uma ideologia ou utopia às vezes visionária - outras vezes: cega!

O tempo é amigo da calma - amante da alma - e a história deve ser contada sem rancor ou qualquer indício de revanchismo. Aconteceram erros de ambas as partes envolvidas nas mudanças políticas da época. Tortura nunca mais, censura desmontada, choques ideológicos ultrapassados... Será que são apenas detalhes do passado? O tempo absolve ou condena um cidadão. Cumpram-se as leis.

O poder às vezes corrompe as almas, e corpos bem intencionados: com pouca estrutura moral e cultural. Sabe-se que a violência está embutida na consciência humana. Algumas pessoas conseguem domar a tal violência - doença maior do ser humano. Em outros indivíduos, ela permanece latente. Uma pequena parcela utiliza a comentada violência de forma bruta (porrada mesmo) ou suave (morte em doses homeopáticas), através do desvio de verbas dos setores básicos governamentais. Qualquer livro didático mostra as brutalidades cometidas por supostos líderes, pensadores, ou batalhões de soldados, que pregaram ou pregam a moral e os bons costumes. A sociedade brasileira e mundial está descartando qualquer radicalização de esquerda, direita ou centro, ou modelos políticos feitos por poucos para serem utilizados pela maioria. Ideologias burras ou demagógicas: nunca mais!

A nova democracia do Brasil foi construída com a morte de brasileiros civis, militares e estrangeiros simpatizantes das causas sociais. Ambos os lados envolvidos no aprendizado de convivência pacífica e respeito aos ideais políticos, acertaram e erraram na ótica do passado. Por isso, remover a poeira que o tempo demorou em cobrir pode fortalecer a atual democracia. Mesmo que as emoções guardadas por décadas sejam despertadas, o Brasil precisa recontar sua história política, e enterrar seus mortos com toda a dignidade humana. É o mínimo de decência que se espera de um país que se acha civilizado.