MANTER A LEI NÃO, CRIAR LEIS SIM

Estava eu na padaria logo de manhã e na hora de me atender a moça do caixa me pediu para esperar, colocou as duas pontas de seus dedos indicadores nos ouvidos e aguardou que uma motocicleta barulhenta deixasse o raio de alcance que o barulho que saía do cano de descarga dela a incomodava. Eu nem a reprimi pelo aborrecimento que a postura que ela tomou causa a um cliente, pois dei-lhe toda a razão e fiz foi o mesmo com os meus ouvidos. Do contrário eu iria sair dali da padaria para o consultório de um médico da audição.

Depois que o barulho se dissipou a moça me disse que todos os dias naquele horário o episódio se repete. O sujeito barulhento é apenas um vagabundo que volta da esbórnia e ela, uma trabalhadora, tentando fazer o seu trabalho para poder pagar suas obrigações, incluindo impostos.

Deveras incomodado e aproveitando o gancho eu disse para ela: "Existem esse tipo de perturbador, os que enchem o saco com o som automotivo e do celular, as jukebox dos bares de periferia para perturbar a paz de quem precisa de sossego para fazer o bem. A gente é obrigado a votar, é obrigado a pagar os impostos. Na Constituição há citações que disciplinam esses tormentos desde de 1988 ou antes disso. Mas, no entanto, manter a lei os filhos de uma puta que estão aí pedindo para gente votar neles ou manobrando para ser eleito caso a gente não cair na lamúria deles não preocupam na manutenção da lei, preocupam em criar novas leis, todas elas para beneficiar eles próprios".

Aí me veio a indignação de sempre. Pensei no Codex Alimentarius, que visa propiciar que as pessoas consumam alimentos industrializados em vez daqueles que antigamente colhíamos no próprio quintal. Orgânicos, sem agrotóxicos e para lá de saudáveis. Visa também impedir que tenhamos um poço no quintal e retiremos dele água fresquinha e livre do cloro e do flúor.

Quanto menos natural o que botamos para dentro do bucho, mais doenças contraímos. Quando você abre um pacote de biscoito recheado você abre um quadro de câncer ou de diabetes ou de Alzheimer. Para isso é que midiaticamente insistem para que consumamos o lixo industrializado ingerível e a água da companhia de saneamento. Doentes, vamos mais ao médico, compramos mais remédios... Entendem o esquema? Nossa saúde abalada é o lucro deles. E a mídia pode continuar a ter anunciantes e o seu lucro também. Viemos ao mundo para ficarmos doentes e dar lucro para poucos. Só para isso.

E quando a gente vota em candidatos que representam esse esquema – presente no mundo capitalista – e quando não conhecemos os termos da Constituição e exigimos que o governo os cumpra, não conseguimos defender nossa integridade, soberania, saúde ou dignidade. Político que representa os imperialistas e os banqueiros internacionais trabalham para construir favorecimentos para eles. A gente (povo) é que se dane.

Mas, como conseguimos deduzir se um candidato está comprometido com o povo ou com esse esquema?

Bem, penso eu que só há um jeito: consultar a história de gestão do candidato ou do partido do candidato, porém, na base da experiência e não por consulta em meios que a mídia opera, pois a informação que a mídia produz sempre é mal intencionada, visa a atender a demanda de solicitações feita para ela sob alguma remuneração. Quer ver um exemplo?

Durante a Copa 2014 eu entrei em contato, pelo mural do Facebook, com uma reportagem (ou span) que dizia que o Lula teria dito em um congresso que o SUS é um exemplo para o Brasil. O span rolava em clima de chacota, que era para a gente pensar que o Lula se gabava de um programa social, aperfeiçoado na administração dele, que supostamente é um lixo. E assim foi compartilhada à revelia a desinformação. Que certamente angariou adeptos contra o PT, pois o brasileiro é doutrinado a se importar com chacotas e a ser avesso ao que é chacotado. Cria-se juízo fácil fácil usando essa tática que as pessoas são condicionadas a captá-la assistindo, por exemplo, aos humorísticos da televisão Zorra Total e A Praça é Nossa. Assistindo isso se fica abobado, infantilizado, incapaz de fazer análises, preparadinho para dar tiro no próprio pé. Ler um livro para se entreter é melhor, mas o terrorismo midiático sabe como fazer o povo não gostar disso.

No entanto, comigo a tática babou. Mas babou porquê? Sou petista? Não. Sou antimídia – sou da área e sei o nazismo que é – e experimentei o serviço do SUS. Essa experiência, no caso, falou mais alto na hora de eu tomar minha atitude de não repassar a bobagem.

Certa vez, desempregado, eu precisei recorrer ao SUS. Obtive consulta médica (de uma brasileira e não de uma cubana), os exames de laboratório e também os remédios. Tudo de graça. É honesto eu dar razão para o que a mídia falava contra a administração do PT em se tratando do SUS? E se a mídia mente aí, não vai mentir também nas outras coisas?

Aí, voltando aos exemplos dados em um dos parágrafos acima, faço saber que moro em uma cidade da Grande BH que é administrada pelo PT. Por aqui há um projeto da Prefeitura que se chama "Horta comunitária". O governo municipal dá cursos, sementes e insumos e o morador que quiser participar entra com o quintal da sua casa e a mão-de-obra. O produto da sua agricultura pode servir para o próprio sustento, melhorando a economia doméstica, ou para o abastecimento alternativo dos varejões da comunidade.

O outro projeto que se relaciona com o parágrafo citado não sei se é de autoria do PT, mas é nacional. Trata-se do "Água para todos", no qual o Governo Federal proporciona que famílias possam ter cisternas em casa. Esse projeto visa locais onde há problemas com o saneamento, mas também já chegou por aqui. Graças a Deus a água da Copasa nessas bandas é insalubre (aliás, a água de todas as companhias de saneamento é), malcheirosa e tem um péssimo paladar.

Quem está por trás desses projetos, que satisfazem o povo e vão contra as jogadas dos imperialistas, não pode estar do lado da direita, né? Dá até medo, pois como dizia Cazuza: "A direita é a guerra". E são exemplos tirados da prática e não da desinformação que a mídia propaga. Agora, são benefícios que beiram o socialismo, né, que todos nós somos levados a pensar que é uma coisa ruim para cacete. Se incomoda, na dúvida, vote no PSDB.