Resignação diante do trono

     A verdade nos libertará! Esta poderia ser uma frase de libertação para todos os brasileiros que se pasmam inertes diante das notícias cada vez mais escabrosas sobre as ações criminosas de políticos. A vergonha que deveria vestir nossa cara pintada, não existe, porque o Brasil está órfão de representantes à altura dos desejos de uma nação, que realmente faça valer a Constituição.

     Miseravelmente, os sobreviventes dos maus tratos do governo, se vendem por migalhas que nutrem dos roubos bilionários da elite política. O povo à mercê da ignorância e estupidez de representantes, sem qualquer escrúpulo, para gerir a estrutura pública com a decência dos verdadeiros conceitos de cidadania e dignidade. Falamos de atuais representantes do povo, que foram vítimas da ditadura, que lutaram pela democracia como forma de libertar a nação da opressão, levantaram bandeiras pela igualdade, respeito e justiça. Mas que, diante do trono, deixaram-se sucumbir pelo cálice da corrupção generalizada.
     Décadas atrás, no Brasil, ainda, pelo menos, havia mais coerência partidária. Hoje os partidos estão miscigenados pela cegueira coletiva, não vence um partido, não se defende um partido, e, nem ao menos o caráter de um político. Demonstrar, mesmo que a contragosto, sua opinião na urna, não o torna um cidadão, mas sim um cúmplice da destruição política social democrática deste país.
     Saqueiam nosso pão de cada dia e continuamos a ouvir passivamente os números bilionários de desvios de dinheiro da máquina pública. E a justiça? Vai-se pelas vertentes. Colocar alguns atrás das grades a fim de provocar um falso efeito de justiça.
     O que se observa na última eleição é que os personagens da política brasileira, apenas se alternam em cargos e outros continuam ativamente nos bastidores. A figura de um líder, que trazemos na história dos presidentes, ilustrada na eleição de 2001, não existe mais. Os brasileiros, se feita uma análise sob a perspectiva histórica, não acreditarão mais, em líderes incorruptíveis. A figura do gestor político está maculada à corrupção, à manipulação e o desrespeito ao ser humano.
     Avante nosso ideal de um país justo, de oportunidades iguais para os desiguais, cumpridor das leis que regem nossos princípios constitucionais. Muita teoria cai por terra, e, continuamos inertes, porque estamos enraizados num passado histórico e presos a areia movediça das promessas que não se cumprem e da corrupção escancarada diante de nossos olhos.
     Então vamos ficar imersos nas trevas da impunidade, continuando a assistir o próximo capítulo com mesma resignação que carregamos há 514 anos?

05/12/2014
Denia Dutra
Enviado por Denia Dutra em 05/12/2014
Reeditado em 05/12/2014
Código do texto: T5060060
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