Penha, Quem se importa?

(Texto de 2008 republicado sem alterações e com os comentários salvos na época).

Se rascunhamos aqui o presente texto - queríamos pôr isto em miúdos - não foi com a intenção de fazer política, seja contrária a qualquer partido, seja a favor; escrevemo-lo como nota d'algum livro tombo, (como "nota" e sem propósito algum), mas que relatasse despropositadamente a negligência política do município de Corbélia para com o distrito da Penha. Não queremos provocar rumor, revolta ou piedade (argh), não é nossa intenção (nem cremos nalgum tipo de justiça ou desjustiça perante isso), mas posto este texto fica o debate implícito - para quem se aventure de o ler e o saber. Sigamos pois com o tombo, sem delongas:

Nossa Senhora da Penha ou, como o simplificamos: Penha, é distrito do município de Corbélia, cidade paranaense, e as necessidades políticas deste mesmo distrito estão ao encargo municipal - já que aqui, na Penha, sendo ela apenas uma repartição distrital do município, não poderíamos burocraticamente ter um prefeito, restando para autoridade política interna uma sub-prefeitura. Assim seria então composto o quadro político do distrito: uma sub-prefeitura encarregada dos apelos públicos que seriam levados ao prefeito municipal, autoridade mor, e que poderiam ser intercessorados pela vereadoria. No entanto, não queremos afirmar a negligência política administrada no distrito compondo o quadro em partes, em quadros políticos, mas sim apontando a falha de forma abrangente, mostrando que o problema não está nas partes, mas no conjunto, apontando portanto a administração atual como um todo no momento presente.

Para tanto, primeiramente era interessante comentar a idéia que faz o município da repartição distrital composta na Penha: Há doze kilômetros de sua cidade sede, a Penha é vista tanto pelo povo municipado como pela administração que a conjuga como um setor extrínseco do território citadino, ou seja: Penha consta politicamente como território de imposto corbeliense, mas se exterioriza intelectualmente da organização empreendedora política e social de Corbélia, servindo tão-somente como forma de exílio para o trabalhador rural e empresarial que se instala aqui pela condição barateada de território: vive aqui quem trabalha para fora e quem trabalha para si. Não havendo empreendimento, não há pois crescimento. Não havendo acolhimento político, não há também a idéia de uma cidadania municipal, mas sim a idéia de exclusão territorial e abandono.

Para que confirmemos isso poderíamos citar n exemplos, mas um só se nos faz importante agora: Enquanto território social do município-sede, não podemos exigir que o pensamento e a abrangência de um povo atribua valor a um outro enquanto desconhecido até mesmo politicamente em sua estrutura, - mas que a política estrutural do município recobrasse em seu projeto social o distrito pertencente a ela, isso poderíamos exigir - mas: Em três anos da administração atual, não consta na memória de nenhum de nós moradores do distrito a visita da prefeitura enquanto buscando as necessidades do povo, não: a administração exteriorizou-se do distrito e nenhuma obra concluiu nestes três anos, nenhuma. Se pudéssemos fazer o balanço das obras executadas aqui, colocaríamos em evidência, por banal e fútil que seja, a única novidade acontecida na nossa pequenice penhense: A empresa Copacol, com sede em Cafelândia, ergueu um grande outdoor na encruzilhada que liga a BR brasileira e a PR paranaense, as rodovias que entrecruzam-se às portas do distrito, e neste mesmo outdoor se anuncia grande e amplamente claro: "Bem-vindos a Cafelândia. A Casa da Copacol." Isso muito embora fôssemos nós corbelienses. Mas o feito é empresarial; outro empreendimento não existiu: afora um baile que o município ofereceu no ginásio de esportes em Janeiro, lembramos agradecidos...

Contudo, sigamos adiante: abençoados éramos nós se o pedido de que a Penha pertencesse à Cafelândia fosse cumprido: Teríamos quem sabe investimentos em nosso distrito e poderíamos transitar ao menos livremente dentro de nosso próprio município: - Acontece que a prefeitura corbeliense, em outra administração equívoca, instalou um pedágio na passagem entre o distrito da Penha e o município de Corbélia, o qual o povo municipal excluso da economia corbeliense tem de pagar, já que a economia penhense depende do município e a deslocação de pessoas daqui para lá é constante. Contudo, não nos exaltemos em atirar pedras: por termos brigado por isso, pagamos nossa viagem inter-municipal com um desconto nos valores, - tudo bem pois: temos desconto, estamos em liquidação.

Mas não nos prendamos a este aspecto, vamos prosseguir: Se em três anos de administração Corbélia não apresentou nenhum projeto nem tenha sido feita visitação para uma possível entrevista sobre as necessidades penhenses, neste quarto ano que importa a nova eleição e a re-candidatura do prefeito foram conduzidos n projetos: de calçamento, esgoto, escolaridade fundamental integral, mutirão... O que virá a ser cumprido não sabemos, mas uma coisa é certa: terá a intenção da conquista de votos para o eleitorado se sentir satisfeito com os empreendimentos municipais, _ arrimados às eleições _, porque pensando ser seu povo de inteiro boçal a administração esperou a proximidade eleitoral para a memória fresca do eleitor votar-lhe uma vez mais, não pensando este talvez que serão outros quatro os anos de abandono, ou três: no final aparecerá um novo projetinho com a mesma intenção.

Mas a grande tirada da administração foi o ensino integral para as primeiras séries do fundamental: Colocando as crianças em estudo pela manhã e ainda à tarde o prefeito ganha o voto de confiança dos pais, que deixam seus filhos entregues às mãos do professorado e têm mais liberdade durante o dia no lar, para trabalhar ou que quer que seja. Isso leva as pessoas a se sentirem satisfeitas e, como o ensino se estende pelo ano, quando alcançarmos as eleições o proveito das famílias com filhos no ensino integral será sentido com ênfase.

Não queremos julgar a atual administração somente, todas elas foram falhas conosco e continuarão sendo, mas queremos colocar em pontos miúdos a intenção de que nós, povo penhense, sejamos estúpidos a ponto de crer em administrações esquivas, interessadas na votação eleitoral, e não em seus eleitores deverasmente.

Portanto, queríamos deitar esta nota não com a intenção de erguer uma voz (ela não chegará a quem deva), mas com a simples formalidade de um um desabafo catártico: Sentimo-nos bem; portanto, "hare krishna".

andré boniatti

Publicado no Recanto das Letras em 18/02/2008

Código do texto: T864541

07/03/2008 19h02 - FRANCISCO CELIOMAR

UFA!!! PARECE QUE NÃO ESTOU SOZINHO, ALGUEM MAIS PENSA COMO EU, E O QUE É MELHOR, TAMBÉM TEM CORAGEM DE EXPOR E DEFENDER SUAS IDÉIAS. PARABENS COMPANHEIRO! RECEBA UM FORTE ABRAÇO VIRTUAL!!! Francisco Celiomar Chiko Balla Radio Alternativa Fm Corbélia - Pr

05/03/2008 21h49 - josiele bottega boniatti

é André e nós somos vítimas do grande interesse dos políticos que nos obrigam a prestar concurso em outros municipios, pois não sai concurso para professor em nosso município por falta de vaga, então me explique porque há tantas estágiarias nas escolas? ahhh deve ser por falta de vaga mesmo.

01/03/2008 18h47 - eder ribeiro vogado

vê-se que o lobo saiu da toca, mas foi falar logo de política, cuidado para não jamuscar o pêlo. Abçs irmão.

29/02/2008 11h29 - Nego do PT

É isso aí companheiro!!!! É demostrando nossas insatisfações que levará os politicos a respeitar os direitos do cidadão!!! Vá pelo caminho da organização social e movimentos de massa que com certeza soará mais forte nos ouvidos dos Politiqueiros!!!!!!! aquele abraço do sempre companheiro Nego do PT

19/02/2008 22h57 - cleci

André, você realmente é um poeta, com seus textos consegue extrair a essência em todos os assuntos...Continue poetizando!

18/02/2008 19h21 - Rodrigo

acho q todo mundo da penha q tenha consciencia limpa pensa da mesma forma!!!!

18/02/2008 12h55 - Alexandre Halfeld

DENUNCIAR PARA MELHORAR...SEMPRE!!!