PROFECIAS DO BRASIL APÓS O NOVO GOLPE

De repente, na TV, no rádio e nos jornais noticiam que no Brasil a inflação voltou, o desemprego aumentou, manter sistemas públicos de transporte e de saúde não é o melhor para o país e que devia-se entregá-los para a iniciativa privada tomar conta. Falam também que o trabalho tem que ser terceirizado e que manifestações de operários só levam á violência. Haja vista o que passaram os professores "baderneiros" no Paraná.

Associado às notícias deturpadas, a mídia acusa o Governo Federal de ser o único responsável pelo caos. Não apresenta soluções, mas cita, indiretamente, através de táticas de marketing de recrutamento e de guerrilha, nomes de políticos e de partidos que juram serem bons samaritanos e que vão reverter para os brasileiros a situação difícil.

Suponhamos, então, que o golpe que a mídia foi contratada para aplicar saia bem sucedido. O que vem depois? Remetendo à história sócio-política nacional podemos imaginar alguns fatos.

Milagrosamente as taxas bancárias, os preços dos serviços e das mercadorias cairão tão logo a cabeça da presidenta seja decepada. As empresas voltarão a contratar, trazendo de volta alguns descontratados e experimentando sangue novo para ser sugado. Os sistemas de transportes, de saúde e de educação, rumo à total privatização, melhorarão o suficiente para aguentar a transição. A imprensa, por um tempo, parará de dar notícias ruins, que marcam em cima o PT, que até dão mais ibope e é bom mantê-las, só para não atrapalhar o acondicionamento da população à nova administração. Tudo parecerá flores na TV, no rádio, nos jornais, nas revistas e na internet.

O que torna possível os tantos golpes que o brasileiro sofre é o fato de a população ser facilmente manipulável, por ela não ter muito acesso ou interessar-se por informação incontestáveis. Os caras que dizem que irão salvar o país têm as mesmas intenções – ou até piores – e a mesma capacidade de realizar transformações sociais pro bem que tem o adversário deles. O que hoje administra o país. Os de cá não fazem nada mais pelo povo porque os de lá não deixam. Os de lá nunca fizeram e nem vão fazer. A razão de eles se passarem por anjinhos para conquistar a população alienada é simplesmente esta: quem faz pelo povo ganha fama, continua no poder e fica mais rico e em condições de cuidar dos seus e dos interesses de seus correligionários. O problema todo é esse. Na verdade, ninguém tá afim de ajudar o povo ou de fazer deste país uma nação decente e respeitada.

Que os que manobram a realidade catastrófica brasileira atual não vão fazer mais do que sair por aí ditando para a sociedade sua arrogância já sabemos. Mas, a questão é: havendo sucesso no plano de deposição do governo atual, os derrotados vão ficar a ver navios, na sarjeta e vendo suas bandeiras de campanha na pior? Deixando os trabalhadores serem escravizados e os mais pobres se tornarem ainda mais miseráveis?

Claro que não. Ninguém quer largar o osso, vai largar assim tão fácil? A Esquerda só vai inverter de papel com a Direita. O que a Direita faz hoje, manipula o povo e forja crises, a Esquerda fará amanhá. A diferença é que a mídia é da Direita, não dará visibilidade nem da opressão que as massas sofrerão e nem das ações da Esquerda se posicionando contra essa opressão. Terá a Esquerda que rebolar, como fez no passado. Novamente a ferro e fogo, se quiser tirar o povo da ilusão e reorganizá-lo para a reconquista de seus direitos, que vão parar na soberba dos burgueses.

É por isso que as campanhas anti-PT têm características de golpe militar. É óbvio que a elite que visa golpear faz alianças com os exércitos do Brasil e de outros países, que nem em 1964, pretendendo a intervenção militar contra a Esquerda brasilis (entenda: contra o povo). O efeito do ópio durará pouco e logo as massas verão a fria em que se meteram. Evitarão, os generais, o quanto puderem, a reorganização e consequente movimentação popular, com bastante repressão. Só que desta vez sem aparecer no comando da nação. Ficarão ao lado, recebendo ordens de civis corruptos e dando suporte aos crimes desses governantes contra a população. Seguindo o modelo dos Estados Unidos.

Amenizarão as incursões pondo, desde já, alguns esquerdistas na cadeia, sob alegação falsa e punições arbritárias realizadas em tribunais com corte corrupta e cobertura da imprensa também corrupta. Outros eles exilarão – ou até apagarão de alguma forma. Estes: os que não conseguirem incriminar. E ainda haverão os que essa corja de golpistas pensa que consegue por a mão e no fundo terá que apenas assistí-los dar tchauzinho plantando uma banana com o braço, seguindo quem sabe para um aeroporto no Caribe, carregando malas cheinhas de dinheiro para passar eternas férias sem volta enquanto os que foram contra eles ficam aqui pastando, sem ninguém mais para lutar por eles. Mas, dissidentes, de maneira clandestina, conseguirão reerguer as massas e bancar a nova revolução.

Certamente cassarão as legendas políticas perturbadoras, proibirão greves e protestos e interferirão na cultura. Tudo para não cometerem os erros que tornaram possível aos rebeldes brasileiros de outrora, os mesmos que aí estão governando, restabelecer a democracia no país. Ao brasileiro restará viver conforme a ditadura civil-militar a advir determinar. Comer, na senzala, calado, o pão que esse diabo amassar, dormir de mal jeito e trabalhando sete dias por semana e trinta por mês sem ganhar muita coisa e ainda pagando a própria passagem. O pobre não verá casa própria, não mais poderá entrar em avião, passear no exterior, fazer faculdade ou comprar carro. Organizar churrasco todo fim de semana para comemorar qualquer coisa pode-se esquecer!

Mas as pessoas reagirão. O caminho para o povo será a anarquia. Perderão o medo da Lei, da contenção do Estado mediante força policial para fazê-las cumprir com obrigações ou dançarem conforme a música que tiver tocando. Vão perder o medo da morte e agirão como kamikazes japoneses ou como homens-bombas palestinos. Imitarão a determinação dos fanáticos árabes em sua luta por um ideal, sua não submissão à políticas escravistas. Quem não teme a morte não pode ser controlado por meio de institucionalização. Se não for detido e impedido de agir, os estragos que faz pode significar perda de poder para aquele que sofrer a repugnação do insubordinável.

Entrará, então, em cena, para evitar essa perda de controle, as igrejas cristãs. Demonizando os árabes e a religião deles para que não sirvam de inspiração, lembrando sua doutrina de castigos para quem pratica o "mal" e perturba os negócios alheios e tentando trazer de volta para o rebanho de servos alienados as ovelhas que viram verdadeiramente a luz e souberam que o paraíso é um estado de espírito conquistado por quem é livre e por isso luta pela liberdade. As igrejas, que dizem cultuar a paz, irão acusar não só os árabes de consagradores do demônio, mas também todo aquele que se dignar a deixar as matrizes mentais que sustentam o status quo de eclesiastas, políticos, burgueses e etc.

Usarão de todo tipo de instrumento político para criar no povo a sensação de ser bom viver no sistema implantado pelos golpistas. Não só a fé industrial. Tudo que os políticos são donos ou exercem influência eles usarão para manipular a população e criar nela essa sensação de bem estar. Desde as telenovelas e a música até as competições esportivas. Títulos no futebol serão dados a clubes tão somente para atender demandas. Já é assim. Só vão dar continuidade porque isso funciona desde a Copa de 1970.

A sociedade dividida em grupos é mais fácil de manobrar. E ela será fragmentada não só em grupos de torcedores de futebol. Mas também de movimentos sociais. Negros, brancos, estudantes, trabalhadores, LGBT, drogados, religiosos, fãs de artistas, jovens, adultos, feministas, etc.

Um exemplo de como controlar uma comunidade: Para centralizar o negro em determinada direção, bastará criar um ícone negro e nele implantar tudo o que se quer ver manifestar dentro do meio negro. Votarão em quem o ícone disser que votará, consumirão os mesmos produtos que o ícone disser que consome, assistirão os mesmos TV shows, cantarão as mesmas músicas, pregarão as mesmas ideias. Outra coisa que já fazem.

Outro exemplo: A mídia está pouco se lichando para determinado público. Para que a ascenção ou até hegemonia de uns aconteça, perenemente ou por um tempo, se houver a demanda, ela se posiciona como simpatizante do tal público. Invisível aos comandantes da nação, os ativistas esquerdistas podem criar a sensação de exclusão da acolhida do Governo em alguns grupos. Até que eles se sintam no dever de se organizarem e mostrarem os dentes contra a situação. Suponhamos que os GLBT seja o grupo. Então, para chamá-los para si e tomá-los da Esquerda ou para separá-los e com isso enfraquecê-los, a operação, fazendo uso do cavalo-mor, a mídia, cria mecanismos para iludir esse público, que passará a ceder às aspirações do Poder. O público do exemplo se veria na televisão bancando o protagonista de telenovelas, de reality shows. Artistas se declarando homoafetivos para se transformarem em avatar. A gente em questão se sentiria respeitada e em expansão. Daria a maior força para quem os estiver deixando se sentir assim.

Essa parte já é articulada assim pelos engenheiros sociais há bastante tempo. Desde o aparecimento do Cristianismo ou antes disso. Os institutos de pesquisas sociais já conhecem táticas infalíveis de gestão psicológica de massas há bastante tempo. E há muito tem demonstrado que funcionam essas táticas. E eles possuem todo o know-how nelas. A esperança é que a Esquerda também tem. Torcerei para que quando o cabo de guerra for erguido eu não tenha que pender para lado nenhum. O jeito é tratar de ser totalmente independente do Sistema. Seja qual ele for. (Original em http://desengenhariasocial.blogspot.com)