O GOLPE DA PRIVATIZAÇÃO DO METRÔ. CONHECE?

Tomando como base o metrô de Belo Horizonte, que sou usuário e conheço bem, vou analisar o que pode estar por trás da investida dos governos e iniciativa privada brasileiros, que pretendem privatizar a máquina pública, conforme ouvi no noticiário de uma rádio FM.

A TV já vem exibindo notícias marginalizando o transporte há algum tempo. Quem se expõe às reportagens circenses fica abismado com o suposto descaso que sofre o metrô de BH. Funcionamento e insegurança são os itens mais castigados. Insegurança, por sinal, nos casos mostrados nas reportagens, que sequer são da conta da administração metroviária. Quantos pontos de ônibus ficam ou ficavam em locais onde marginais podem surgir e cometer seus crimes, nos quais não há o interesse da polícia de torná-los mais seguros? O fato de uma estação de trem ter tido que ir parar ali não quer dizer que é ela a responsável pelo o que se configurou com o tempo ao redor do lugar e nem que o órgão administrador da estação tem que arcar com as consequências do fato, que deveriam ser da alçada da Polícia. Polícia esta que nunca é atacada ou responsabilizada pela imprensa golpista como se deve.

Quem usa o metrô de BH sabe que ele funciona bem, cumpre os horários na medida do possível, é bem mais organizado e confortável do que os ônibus e a passagem não aumenta de valor há pelo menos cinco anos. Se o projeto original do transporte prevê a chegada dele até certas localidades e isso não foi feito ainda é por razões políticas e não porque o sistema sendo administrado pelo Estado ou pelas unidades federativas não produz resultados. Se sabe que ainda hoje o trem não chegou até onde deveria ter chegado não é porque sobrou vontade política, é porque faltou. E há aquele velho problema de se verificar que os empresários levianos que exploram o transporte rodoviário e perdem receitas caso o metrô chegar onde tem que chegar fazer prorrogar a conclusão das obras. Esses é que amarram o jegue e não o deixam andar.

O que querem com a privatização do metrô é botar mão em dinheiro gordo e fácil de ganhar, só isso. Vão é aumentar a passagem, sem haver necessariamente melhoria para a população, ainda que ele, enfim, no caso do de BH, chegue até o Barreiro e até Betim.

Ao privatizar o Mineirão, a cidade colheu um prejuízo enorme, pois, mesmo a torcida do Cruzeiro, clube que arrendou o estádio, tendo ido aos jogos de seu clube, não está dando para garantir os acordos que fizeram com os privatizadores. Com isso, o futebol saiu perdendo, pois tem acontecido muita manobra de resultado de partidas e de campeonatos exatamente para lotar o estadio nos jogos seguintes, dar audiência para as mídias que cobrem os certames e forçar compra de produtos relacionado com o futebol. Um esforço em que interessados se ajudam para lucrar e quitar contas e o pobre torcedor perde com a sua ilusão e aquele que não é torcedor sofre dobrado. Os de lá têm alterado seu estado emocional, maculada sua crença de que os campeonatos e as partidas são sérias e acaba gerando caos, poluição ambiental, sonora e aérea, enchendo os de cá de pólvora, barulho e câncer. As manobras envolvem conquistas de títulos e decepções. Tudo é articulado e tem a condescendência dos clubes – não só os do Estado – e federações, dentro e fora do Estado. Têm o conhecimento da imprensa, que se faz de rogada e cobre como se tudo o que acontece fosse uma imensa surpresa.

Haja vista o que aconteceu no Atlético x Cruzeiro do último sábado. Jogo em que o Atlético jogava em casa, vindo de uma brilhante goleada aplica sobre o Avaí em Santa Catarina, com o time entrosado, certinho e completo. Não tinha porque imaginar o galo perder para o Cruzeiro, que sofrera um baque contra o River Plate, ganhava do Flamengo bem suado no Mineirão, e cometera uma injustiça com o técnico que o comandava havia três anos quase e lhe dera dois títulos importantes. O lobby era dar credibilidade para o técnico novo, que precisava começar convencendo a torcida de que podia confiar nele que ele ia fazer esquecer a injustiça cometida contra o técnico anterior. Iria começar quebrando o tabu de o time da Toca da Raposa nunca ter vencido seu maior Rival na casa dele, desde que o Independência se transformou no lar alvinegro. A forma apática e permissiva que o Atlético jogou e a ordem, tempos e situações com que aconteceram todos os gols não convenceu ninguém de que aquele jogo não seguia um script e podia-se confiar de que era real.

Rodeei pelo futebol para mostrar uma curiosidade: Andam deixando o futebol cada vez mais nojento e atraente só para aqueles que ainda são muito dependentes de formarem a sua opinião. A evasão dos estádios, das transmissões de TV e das lojas, que obriga aos artifícios para forçar o interesse das massas, acontecesse por que não permitem que a massa, em vez deles, decida como gostaria que fosse o evento. E também porque elas não são respeitadas. Para reverter a situação arrogante de privatizar o metrô, torná-lo à disposição de mercenários que querem explorar o transporte, coisa que só existe no Brasil porque na democracia brasileira o povo não é representado pelos que tomam as decisões e nem tem poder para fazer valer a sua verdadeira vontade, o boicote ao metrô será o caminho para fazer as coisas voltarem ao lugar quando a privatização não puder mais ser impedida. Uma vez que havendo número insuficiente de usuários para manter o sistema lucrativo, já que privatização visa lucro e não melhora do sistema, assim como acontece no futebol (sem torcedores, sem compradores das besteiras do futebol e sem audiência para os veículos de comunicação) ira o sistema anargar prejuízos por falta de ocupantes.

Quem usa metrô sabe que só há problema onde plantam e onde há má vontade política para que eles não existam. Os boicotes serão capazes de resolver tudo isso; É claro que vão dificultar a ação. Toda a conspiração se une nessas horas. Vão usar linhas de ônibus, dificultando seu uso, e a mídia, fazendo o terrorismo para aniquilar as soluções arranjadas pelos grevistas, para ajudar a fortalecer o uso do metrô privado e assim favorecer os empresários que estão de olho nessa privatização para lucrar na boa como em tudo que privatizam no Brasil e iludem o povo para aceitar.

Uma observação para finalizar: Carro, eles querem que todo mundo tenha, mas que só os barões possam usar. Eles sabem que a cidade não comporta tanto carro nas ruas, mas querem vender carro, aquecer o comércio direto e indireto que esse mercado alimenta. Aí, para criarem um comportamento no motorista eles colocam o combustível caro, inventam crises de petróleo e fazem quem tem carro usá-lo só nos finais de semana, deixando com isso as pistas livres para os barões, seus filhos e tutelados usufruírem quando querem e não terem que utilizar ônibus ou metrô. Afinal, eles não querem que o dinheiro que eles ganham venha deles mesmos, não é mesmo?

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