O TRABALHO E A PRISÃO

Sempre que os meios de comunicação noticiam um ganhador na loteria, se o sortudo for assalariado, sua primeira atitude é abandonar o emprego. Agora não precisa mais do trabalho, virou patrão. Penso que também faria o mesmo.

Outra forma de ganhar na loteria seria vencer uma eleição. A chance é bem maior que jogar na Mega-sena. Conheço muitos eleitos que deixaram seus empregos e vivem apenas da política. Eternizam-se em seus cargos eletivos e nunca mais procuram um vínculo empregatício, embora alguns sejam excelentes profissionais em áreas bem rentáveis financeiramente. Outros se especializaram na arte da política, transformando-se em astutas raposas da corrupção, arquitetando planos e projetos embasados unicamente em seus interesses pessoais. Converteram-se em pessoas poderosíssimas e perigosas, influenciando e manipulando a administração pública em todos os setores, quer Municipal, Estadual ou Federal. Assumir vínculo empregatício está fora de cogitação, afinal trabalho é para pobre. A política os transformara em personalidades influentes, ganharam status, acumularam fortuna e estando sempre em evidência na mídia seria humilhante ter de se submeter às regras de um trabalho, o qual consistiria num retrocesso em sua carreira politica. Arrogantes e enojados, ainda zombam daqueles que precisam trabalhar.

A cultura popular diz que o mundo dá muitas voltas e ás vezes nos prega peças. Há anos a mídia noticiou diariamente o julgamento e a condenação dos políticos envolvidos no Mensalão do PT. O Ministro Joaquim Barbosa decretou a prisão de vários deles em regime fechado. Vimos pela televisão algumas celebridades sendo recolhidas em Penitenciárias, escoltadas pela Polícia Federal. Como se quisessem zombar da justiça faziam gestos para as câmeras, confiantes que não ficariam muito tempo recluso. Apenas alguns dias de cárcere foram suficientes para bater uma vontade louca de arranjar um emprego. Possuidores de grande fortuna, não faziam questão de função ou salário, bastando uma vaguinha de gerente de hotel. Imploraram à justiça o direito de exercer qualquer atividade empregatícia, que em liberdade jamais se submeteriam a tão baixo procedimento. Para eles o trabalho é uma “pena”, perdendo apenas para a reclusão. Já que foram condenados, seria preferível o trabalho á prisão. Dos males o menor.

Não deixam de ter razão, pois estavam acostumados a viver do suor do trabalho dos contribuintes, que se não estiver em dia com o fisco, fará companhia a eles no xadrez.

Genézio de Abreu Martins
Enviado por Genézio de Abreu Martins em 28/05/2016
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