Discursos Radicais

Os discursos radicais, quando vindos de quem me conhece, são difíceis de compreender. Não me refiro ao conteúdo, este é bem claro. Me refiro à motivação. Esta, e suas consequências, me são claras nos seguintes casos:

Voltado a alguém de suas hostes _ Obter eco, na forma de aplausos. Isto além de lhes gerar melhora na autoestima, também reforça a manutenção do radicalismo aos acometidos de um raro momento de bom senso. Quando usado pelos líderes ajuda a dominar a parcela mais descerebrada do grupo, usada posteriormente como “massa de manobra”.

Voltado para as hostes “inimigas” _ Provocar. No entanto, só costuma provocar risos. São discursos tão repletos de exageros, meias verdades e, muitas vezes, de mentiras descaradas, que adquirem a comicidade típica do pastelão.

Voltados para alguém “em cima do muro” _ Adquirir novos aliados. Se ouvidos por um pobre coitado sem cérebro que não tenha a oportunidade de ouvir o que o “outro lado” tem a dizer, podem até funcionar. Agem como uma lavagem cerebral, em quem já não possuía mesmo muito para lavar. No caso mais frequente de serem ouvidos por alguém que possua um mínimo de cérebro, serão desconstruídos por seu ridículo. Acabarão servindo apenas para empurrar tais pessoas para o lado “negro da força”. Em suma, atraem desmiolados para suas hostes e empurram o resto para as hostes inimigas. Não é necessário entender Darwin para perceber que isso é um “tiro no pé”.

Agora quando tais discursos são voltados a mim, realmente não consigo compreender. Não sou considerado uma pessoa “em cima do muro”. Costumo possuir posições claras e públicas a cerca da maioria dos temas de interesse. Mesmo nos raros casos em que isto não ocorre, não me deixo levar por discursos para chegar a uma conclusão. Busco estudar o tema, ouvir o que os mais equilibrados de ambos os lados têm a dizer reflito e, talvez me posicione. Algumas vezes considero que ou o tema não me interessa, como no caso de tendências atuais da moda, ou merece ser mais estudado, como foi, durante muito tempo, o caso das cotas raciais. Seja como for alguém que me conheça não me poria no grupo dos “em cima do muro”.

Provavelmente a pessoa me considera um “moderado” de suas hostes, ou membro das hostes inimigas. Ora, se tal pessoa me considera das hostes inimigas, deveria entender que nem me provoca, com ideias ridículas, nem me faz rir. Detesto humor pastelão mal feito! Se me considera um moderado de suas hostes, já deveria saber o quanto considero contraproducente este tipo de discurso. E que não tenho a mínima disposição de inflar o ego de ninguém.

Termino este texto concluindo o porquê de me fazerem ouvir este tipo de discurso. É para me irritar. Tudo bem. Derrotado eu admito: vocês conseguem!