O GRANDE EDUCANDÁRIO

No mundo contemporâneo, especialmente no Brasil, que vive o maior escândalo de corrupção da História, o povo, por ele próprio, sempre deseja a justiça social, mas, por ele próprio, dificilmente a conquista, porque depende da iniciativa do Estado a formulação de leis que reduzam as desigualdades sociais, principalmente nas regiões menos favorecidas pelo capital.

A natureza não é igualitária na distribuição dos dons intelectuais e artísticos entre os homens. Por isso, a competição no mercado de trabalho é sempre desigual. A igualdade é um ideal que não tem respaldo na natureza.

Contudo, essa realidade existencial não significa que as pessoas devem se conformar com as imperfeições do sistema econômico, antes precisam se propor a propugnar pelo aperfeiçoamento do setor produtivo de bens e serviços, processo este que passa necessariamente pelo combate à cultura da corrupção presente em alguns segmentos da sociedade política que representam as aspirações dos agentes econômicos. Portanto, em face da diversidade de habilidades mentais, a generosidade das classes dominantes, tanto no âmbito econômico quanto no político, pode promover, mediante um assomo de boa vontade, uma justa distribuição da renda com a implementação de programas sociais que atendam as camadas mais economicamente hipossuficientes do povo, que não têm como de proteger das crises econômicas geradoras do desemprego da força de trabalho, podendo levar o país a uma situação de estagnação econômica, se é que ainda não estamos nela.

A teoria das inteligências múltiplas, idealizada e desenvolvida pelo psicólogo Howard Gardner, e aceita pela comunidade científica, pesquisa a faculdade humana da inteligência. Segundo o pesquisador, todas as pessoas possuem um pouco de cada tipo de inteligência, sendo que um determinado tipo pode ser mais desenvolvido no intelecto do que os demais, e afirma também que são raros no mundo os casos de indivíduos que são desprovidos de todos os tipos de inteligência. A inteligência é inerente ao ser humano.

A referida teoria cataloga oito tipos de inteligência, a saber:

1 – Inteligência linguística: capacidade de dominar a linguagem e se comunicar de forma oral ou escrita.

2 – Inteligência lógico-matemática: capacidade de raciocínio lógico e resolução de problemas matemáticos.

3 – Inteligência espacial: capacidade de criar imagens mentais a partir da observação do mundo, desenhar e identificar o lado estético dos objetos observados.

4 – Inteligência musical: capacidade de compor e transmitir os vários estilos de música utilizando os instrumentos musicais apropriados.

5 – Inteligência corporal: capacidade de expressar emoções por meio dos gestos corporais.

6 – Inteligência intrapessoal: capacidade de controlar as emoções e compreender as motivações do próprio comportamento.

7 – Inteligência interpessoal: capacidade de identificar e interpretar os discursos e as razões dos indivíduos e dos grupos sociais.

8 – Inteligência naturalista: capacidade de analisar as questões que envolvem a natureza e afetam a sobrevivência dos seres vivos.

As diferenças de habilidades intelectuais e artísticas pertencem à natureza. O que pertence à humanidade são as ações políticas tendentes a impedir que os conflitos decorrentes das desigualdades sociais tornem o planeta inabitável, na medida em que estimulam o crescimento da marginalização social e, por conseguinte, a elevação dos índices de criminalidade com o selo da insensibilidade política no tocante às áreas sociais que necessitam de maiores investimentos em infraestrutura e alocação de profissionais, como podemos constatar diariamente no noticiário jornalístico. Os presídios superlotados são a fotografia, que muitos não querem ver, da realidade social brasileira. O planeta é um grande educandário, estamos aqui para aprender, mas a cúpula do poder precisa estar em sintonia com a base da pirâmide socioeconômica, onde muitos jovens carentes abandonam o estudo para garantirem a própria sobrevivência e um mínimo de qualidade de vida para as suas famílias. Na verdade, são pressionados pelas circunstâncias desfavoráveis a trocarem o estudo pelo trabalho.

Carlos Henrique Pereira Maia
Enviado por Carlos Henrique Pereira Maia em 01/08/2017
Código do texto: T6071113
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