Onde eu vivo? Eu vivo no Brasil!

Encontro-me no ano de 2017, sou uma cidadã brasileira de apenas 17 anos e assisto impacientemente pelo caos no qual se encontra meu país. Apesar disso, insisto em citar Gonçalves Dias e dizer que as aves do meu país gorjeiam e que minha terra tem palmeiras inigualáveis. Talvez no inconsciente brasileiro, a rica cultura poética aqui presente, (que aos poucos vai se perdendo, vamos combinar?!), possa erradicar as vergonhas políticas que por aqui se assistem, que fazem o povo mais pobre, pouco a pouco, definhar em sua ignorância, ignorância tal que talvez nem cheguem a compreender o grande poeta que a pouco foi citado.

Diante das circunstâncias, simplesmente sinto que na minha garganta cria-se um nó, pois só nessa primeira semana de agosto, assisti na tv o arquivamento de uma denúncia de corrupção, li duas matérias sobre o fechamento de federais, ouvi sobre surtos de doenças arcaicas, e percebi que a inflação sobe, mas os salários dos funcionários públicos continuam em haver em diversos setores. O que posso fazer que não seja falar? A indignação é tamanha, não só a minha, mas a de todo um povo que está sendo forçado a aceitar, na alimentação da ingenuidade.

Dentro do congresso brasileiro, percebo apenas duas coisas: hipocrisia e mesquinharia. São hipócritas por dizerem que estão ali pelo povo e mesquinhos por travarem guerrinhas ideológicas medíocres, num lugar de seriedade. Só consigo ver ladrões brigando com a cópia de si mesmo, diferenciando-se pelo broche do partido. Pouco ligam se as pessoas morrem por suas falhas, se elas sofrem pelas suas mentiras e se toda uma geração está sendo condenada pela falta de educação e pela miséria.

Numa ditadura de ideias disfarçada de democracia, numa bancada que não é laica, num lugar onde as pessoas preferem acreditar num Bolsonaro de personalidade esdrúxula, fica difícil me denominar patriota, mas sou. Ainda acredito em quem pega dois ônibus de manhã para assistir uma aula de filosofia, em quem indaga, em quem trabalha e não se cala. E, portanto, posso concluir, que esse senado não é perpétuo, uma hora o povo se cansa e o congresso desaba, e sim, eu moro no Brasil. Me falta ciências política, mas não me faltam Ferreira Gullar, Castro Alves, Cruz e Sousa, Lygia Fagundes Telles e outros companheiros que me incentivam a não desistir do grito de luta.

"Sei que a vida vale a pena

Embora o pão seja caro

E a liberdade pequena."

F.G

Nanda Martinez
Enviado por Nanda Martinez em 09/08/2017
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