AINDA TEM GENTE QUE LOUVA JUNHO DE 2013.

Por: Anderson Du Valle

Junho de 2013 é como se nunca tivesse existido.

Tirando o pobre cinegrafista Santiago Andrade, que morreu por causa da irresponsabilidade plantada naqueles dias, e a tristeza de sua família, junho de 2013 não serviu pra nada. Aliás, serviu pra tumultuar a vida de trabalhadores tentando voltar pra suas casas depois de um dia de trabalho. Serviu pra um monte de garotos usando tênis importados, com máscaras no rosto, se dizendo "anarquistas" e "black blocs", quebrarem tudo que viam pela frente, espalhando o terror entre inocentes.

Serviu pra Sininho mostrar sua intolerância, jogando bomba de prego e molotov em quem discordasse dela, e depois de ser presa, fazer ensaio em revista burguesa.

De resto, o "estamos mudando o país", "o gigante acordou", não passaram de frases de facebook, que não saíram das faixas. Os protestos não passaram de uma modinha de inverno da garotada do face.

Começaram com o Movimento Passe Livre tentando incendiar São Paulo, depois de dez anos de existência inativa, rebelando-se seletivamente só num governo petista. Depois a direita acéfala do facebook, "sem partido", sem líderes e sem ideias, tomou conta de tudo, junto com os oportunistas da oposição, cuja única proposta política sempre foi o golpe. Aí a esquerda inconsequente foi a reboque, sonhando com uma revolução socialista no país.

E quando tudo fedeu a garotada voltou pro facebook, a oposição voltou ao seu deserto de ideias e sobrou pra esquerda inconsequente a cadeia.

O mote da garotada do face era "mudar o país", da direita acéfala era a volta da ditadura militar, da oposição era derrubar a Dilma e o PT. e da esquerda inconsequente seguir rumo ao socialismo bolivariano.

Ninguém conseguiu seu objetivo, Dilma foi reeleita e tornou-se o “bode”, apenas um degrau para a instalação de um golpe sem precedentes, o que na verdade sempre foi o objetivo primeiro dessa “revolta”. O Congresso continua a mesma esbórnia e o Judiciário e MP encabeçaram a guinada para a irresponsabilidade, estabelecendo seus auxílios-moradia inconstitucionais e ilegais, numa espécie de "dá cá o meu" disfarçado, dentre as milhares de “indulgências” praticadas por um presidente inescrupuloso.

Em suma: junho de 2013 não foi nada. E querer atribuir a nada a qualidade de fato histórico relevante, de momento de inflexão e mudança de rumo na vida nacional, só pode partir de quem está fora da realidade ou dentro das dancinhas da moda. Que 2017 seja encarado como lição de casa e 2018 seja olhado por um ângulo diferente, afinal, outra vez teremos nas mãos a premissa da decisão, então, que se componha um raciocínio lógico, que possamos banir pela porta dos fundos da história essa triste passagem e ao ostracismo de um “Silvério dos Reis” os imaculados congressistas que hoje nos assolam. Quem sabe possamos anos mais tarde atribuir sim a este momento o título real de fato histórico relevante.