ACONTECEU NUM CERTO PAÍS!!!

ACONTECEU NUM CERTO PAÍS !!!

Cagaram na nação!

Esta foi uma manchete de um jornal de segunda linha. A manchete de baixo calão, mencionava fezes de tamanho descomunal encontrada na entrada do congresso nacional na segunda feira de manhã, pelos seguranças. Tratava-se de um borrão homérico de excremento escorrido, que atingia um metro e meio de cumprimento, digna de um ganso com forte diarreia e no final, terminada ainda entre poças de urina. Ou seja, uma senhora evacuada!

O caso foi logo tomado como sendo um acinte, como se evacuassem na própria instituição democrática, portanto, um desrespeito ao país e à democracia.

E... como fedia! O cheiro impregnou todo o saguão de entrada, mas a praça da própria republica. O local se transformou de repente, em uma latrina digna de uma rodoviária do interior. Pior, a fedentina, ganhou corpo e virou indignação, explodindo por país todo.

O congresso e o supremo, reagiram com indignação. À boca pequena, deputados do governo, diziam que alguém podia ter comido salmão estragado e perguntavam, entre risinhos irônicos: onde se come salmão na república? Referindo-se às denuncias sobre a inclusão de salmão no cardápio dos membros da corte suprema.

Os políticos da oposição arregimentaram suas bases para denunciar o ultraje e a ofensa contra à instituição e à democracia od país. A meleca, lógico entrou com tudo nas redes sociais e foi um prato cheio entre as correntes, que diariamente se digladiam nas mídias.

Os mais afoitos disseram tratar-se, de excremento comunista por apresentar nuances vermelhas, com insinuações à fama da esquerda de produzir cagadas admiinistrativas, onde quer que tenham tomado o poder recentemente.

Foi uma ofensa séria e eles rebateram de pronto com grande indignação. Claro que não era, afirmavam! Só podia ser dejeto capitalista, para poder culpar a esquerda. Podia se deduzir isso, pelo mau cheiro, diziam, devolvendo a ofensa no mesmo tom.

As discussões ganharam relevo nas mídias. A selvageria, açambarcou as discussões pela paternidade do excremento! A corte suprema proibiu a remoção do “monte” e deu 24 horas de prazo para que os agentes da polícia federal esclarecesse e identificasse o autor do fato indecoroso.

A batalha seguiu raivosa! Todos os segmentos políticos da sociedade se armaram para agredir e se defender.

Progressistas, sociais-liberais, socialistas, comunistas, anarquistas, secularistas, neoliberais, tecnocratas, capitalistas, ambientalistas, libertários, conservadores, neoconservadores, ultraconservadores, nacionalistas, neonazistas, fascistas, reacionários, idiotas desocupados, enfim, todos os segmentos políticos se mobilizaram para investir contra as correntes contrárias, associando-as ao fato inusitado.

Todos se ofenderam em larga escala. Por fim, baixaram o nível e todos mandaram-se à merda uns aos outros!

Apelos à ironia não faltaram. Memes criativos foram publicados. Acusações pesadas foram trocadas sempre acompanhadas de “emogis” com montinhos soltando fumaça. Ações, por ofensas morais, inundaram as varas da justiça.

A coisa se espalhava de norte a sul e a indignação acendeu a polarização política no país e contribuiu para inflamar o emocional dos internautas. O facebook bateu recordes de posts. A merda, aumentou a audiência da mídia em geral! Os seguidores dos grandes influencers se multiplicaram, graças ao monte de cocô.

Barbaridades grotescas foram pronunciadas nas tribunas país afora como um deputado, que chegou a dizer que os ricos tinham uma dieta muito mais rica e portanto, podiam produzir fezes maiores e muito mais malcheirosas que os pobres. Houve até quem tentasse ligar ligasse o “o monte” aos deputados gordos, o que gerou muita revolta e acusações generalizadas de “gordofobia” e de preconceitos.

Evidentemente, a atenção da imprensa falada, escrita, televisiva foi monopolizada. A coisa entrou na boca dos comentaristas políticos e especialistas, acostumados à leitura da realidade nauseabunda e diária do quadro político nacional. Por fim, a suprema corte, julgou improcedente as várias ações de ofensas impetradas.

Enquanto o povo ainda se engalfinhava, o presidente aprovou medidas impopulares e soltou mais algumas perolas e pronunciamentos inúteis. O supremo, aproveitou para aprovar alguns temas de constitucionalidade duvidosa. Os congressistas, aumentaram seus salários na calada da noite. Os advogados dos políticos acusados pela justiça, impetraram mais alguns recursos a favor dos seus clientes.

Nos dias seguintes, a justiça do país encerrou o caso. Novos fatos vieram à tona, foram lentamente, mudando o foco e atenção das mídias. Assim a questão do esterco indesejável, foi devidamente esquecida.

O povão mais esperto, contudo, ficou com a sensação que muito pior que a borrada fedorenta, foi a jogada das forças políticas que se armaram nos bastidores ainda mais, para escapar das acusações da justiça contra o seu passado de corrupção e avançar em novos delitos contra a pátria.

Logo depois, com autorização da justiça, os garis do serviço público, limparam a defecada monumental, borrifando um perfumezinho sobre o local.

Assim a vida das pessoas, seguiu seu curso ignoto e impreciso!

Moral da estória:

1-O país sempre perde com as cagadas.

2-Toda democracia imberbe tem políticos e povo despreparados e instituições frágeis capaz de serem manipuladas em discussões inconsequentes e inúteis.

3- Sempre que a atenção do povo está monopolizada trata-se de um momento mágico para que os políticos possam perpetrar suas más ações.

4-Tanto os esquerdistas como os radicais de direita estão unidos pelo mesmo fanatismo e cometem os mesmos tipos de erros.

5-Num país polarizado, onde o povo foi estupidificado pela falta de cultura e pela ideologia, briga-se por qualquer merda.

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 12/11/2020
Reeditado em 12/11/2020
Código do texto: T7109963
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.