O que acontece com a República? - parte 4

Já observamos que a disputa pelo poder na República tem se mostrado prejudicial em inúmeros países. Para que o sistema republicano possa funcionar, é preciso que haja instituições consolidadas e que haja responsabilidade de quem exerce o Poder. Por outro lado, com a falta disso, surge a fragilidade do sistema representativo, o que pode acarretar na degeneração do sistema republicano e passar-se para a ditadura pura e simplesmente.

Observemos com cuidado os séculos XX e XXI. Podemos observar que onde havia fragilidade nas instituições democráticas, rapidamente o grupo detentor do poder passou a exercer o poder de forma absoluta. Nesses casos, passou-se para a fase da existência do partido único, como se essa fosse a única ideia possível, viável, sem respeito ao pensamento contraditório.

Isso ocorreu na Alemanha pós primeira guerra mundial e sobretudo à crise econômica de 1929. Nesse país, o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (o partido Nazista), eliminou todos os opositores políticos, tornou ilegítimo qualquer partido que não fosse o próprio partido nazista e impôs um dos regimes mais violentos do mundo. O mesmo pode-se dizer do partido fascista, criado por Mussolini na Itália, antigo membro do partido comunista italiano. Tal qual no país germânico, a Itália seguiu para a mesma linha ditatorial e suprimiu qualquer outra manifestação de poder, incluindo o poder real legítimo. Mussolini tomou o poder na Itália e eliminou seus opositores.

E não foram casos isolados. Se formos para a Rússia, após a revolução de 1917, o que vemos são os bolcheviques (partido comunista russo), subirem ao poder e causar um banho de sangue matando opositores. E a imposição do regime comunista na Rússia gerou genocídio populacional através da fome imposta por sua política. Veja-se como exemplo o fato conhecido como holomodor que significa passar fome em ucraniano. Foi um morticínio de um povo causado pelo abuso do poder. E tudo só para permanecer no poder. E esse quadro não termina na antiga URSS; isso acontece no Camboja, Vietnã, Cuba, Uganda, Romênia. No caso da China, milhões foram assassinados para a tomada do poder por parte do partido comunista. E não satisfeito, outros tantos milhões foram mortos por fome.

Essa busca pelo poder e a ausência de freios fere não só o regime democrático, como também sujuga o povo que não encontra respaldo na liderança (totalmente corrompida pela sede de poder) e vê sua liberdade e sua vida serem suprimidas por causa dessa ânsia.

E para que ter todo esse poder? Eis uma boa pergunta? Qual é o objetivo? É para gerar melhor qualidade de vida para a população? Certamente que não, pois os ideários desses regimes originários do socialismo científico do século XIX mostraram-se falhos e violentos. A manifestação livre do pensamento simplesmente foi eliminada. Ou as pessoas se submetem ao regime ou são eliminadas. Então o objetivo é outro; é a imposição da vontade de um grupo e sua permanência no poder, com o custo de milhões de vidas humanas.

É preciso repensarmos esse sistema republicano. Por que mais e mais vezes vemos nas Repúblicas a luta pelo poder descambar para guerras civis ou violência contra as liberdades individuais? Por que inúmeras repúblicas se mostram frágeis e se tornam vítimas de movimentos políticos que querem implantar a ditadura de um único grupo?

Pois bem, o que podemos fazer? Qual regime não sofre influência nefasta do egoísmo humano? E para essa resposta a realidade se impõe: nenhum.

É preciso descobrir meios de impedir que a ganância pelo poder suprima a vida e a liberdade das pessoas. É preciso que haja freios na sociedade, e que esses freios sejam exercidos para que não ocorram abusos, seja de poder econômico, militar, ideológica ou mesmo com o abuso da população através de medidas eleitoreiras e escravizadoras.

É necessário encontrar meios para controlar quem exerce o poder. É disso que falta à república para que ela possa ser estável. Os exemplos que temos visto estão longe de serem ideais. Até mesmo estão longe de serem viáveis, já que o que vemos é a busca pelo poder às custas de sofrimento de milhões. Seus freios estão gastos e por isso geram incidentes às custas de milhões.