De Getúlio a Bolsonaro

É comum ouvir-se dizer de alguém que "não gosta de política". Gostando ou não é por políticos que somos governados. O primeiro presidente do qual ouvi falar foi Getúlio Vargas. Ainda com 11 anos de idade, através do Repórter Esso, ouvi a notícia de seu suicídio, no dia 24 de agosto de 1954. Pouco sabia do seu papel, da sua função. Mas diziam ser "o Pai dos Pobres". Para um criança da área rural, onde não havia "nem rádio nem notícias das terras civilizadas", a notícia foi em razão de, naquele dia, ter ido à cidade, em companhia do irmão mais velho, que, habitualmente, ia vender a nossa pequena produção de leite.

A partir dos 17 anos, quando passei a morar na cidade, o rádio passou a ser a minha fonte de notícias. E, intuitivamente, parece que eu gostava de ouvir assuntos ligados à política. Como ali era a divisa de Pernambuco com a Bahia, procurava inteirar-me sobre os respectivos governadores, sempre no interesse de saber quem tinha o melhor desempenho.

A partir do ano de 1972, passando a morar em Alagoas, foi pelos governantes daqui, que busquei acompanhar suas trajetórias. Historicamente, tendo partido daqui os seus dois primeiros Presidentes da República, quando surgiu a possibilidade do terceiro, Fernando Collor de Mello, este foi menosprezado por políticos tradicionais, servindo até de chacota, em razão de ser de um pequeno estado e de um pequeno partido, e com ínfimo índice nas pesquisas, começando com apenas 2%.

Com sua bandeira de "caçador dos marajás, protetor dos descamisados e pés descalços", eis que o homem chegou ao Planalto. Bolsonaro, deputado do baixo clero, também ignorado por políticos tradicionais, também chega lá, empunhando a bandeira do "combate à corrupção" deflagrada pela esquerda petista.

Agora, tendo acompanhado todas as sessões da CPI, significa que não fujo de temas políticos. Imagine as críticas que tenho recebido: "como é que se tem saco para acompanhar aquela baboseira?"

Volto mais atrás do que Getúlio: Dom Pedro II. "Como vou me conduzir se não conhecer meus ministros?"