DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS: A ORIGEM DA POLÍCIA NO BRASIL E SUA RELAÇÃO COM O MODO DE OPERAR NA ABORDAGEM DA PF AO EX-DEPUTADO ROBERTO JEFERSON, DONO DO PDT

Já pararam para pensar no tratamento dispensado pelos policiais federais no caso Roberto Jeferson? Roberto Jeferson (PDT) foi indiciado pela Policia Federal (PF), por quatro tentativas de homicídio. Ele feriu dois policiais que cumpriam mandado de prisão na sua residência em Levy Gasparian, interior do Rio de Janeiro, naquele fatídico domingo de 23 de outubro de 2022. Por que um mandado de prisão para esse “anjo armado até os dentes”, que tem como conselheiro o “Rasputin” (padre Kelmon)?

Rasputin foi uma das figuras mais enigmáticas que ficou atrelada à história do último imperador da dinastia Romanov, o czar Nicolau II, exercendo uma forte influência sobre o seu governo e a sua forma de governar a Rússia, e precisou de o povo fazer uma Revolução para derrubar esse sistema que vigorava nesse país desde o século XVI. O povo não aguentava mais, e em 1917 acabou com o czarismo no episódio chamado Revolução Russa.

No caso de Robertto Jeferson, o padre Kelmon é uma espécie de conselheiro dele, chamado de última hora para ser candidato laranja contra o Lula e de quebra, fazer a campanha de Jair Messias Bolsonaro. Tanto o ex-Deputado Roberto Jeferson como o padre fak, ambos são bolsonaristas e pregam a lura armada. E quem estava lá intermediando o diálogo entre o policial e seu discípulo?

- O padre falso.

Observando o modo, o jeito cortês, cordial, quase que fraterno do policial para com o meliante, fica uma dúvida, uma não, várias dúvidas. O tratamento da Polícia Federal no caso, nos deixa um tanto quanto intrigados: Se fosse um negro ou um pobre qualquer? Não precisa ir muito longe não: se fosse um de nós?

As reportagens dão conte de policiais feridos e viatura perfurada de balas na lataria e no para-brisa, como mostram as imagens dos registros feitos no local. Será que aquele modo de operar não á margens para levantarmos a suspeita de que tudo aquilo não teria sido uma armação? Ricardo Nunes em sua Live levanta essa lebre sobre o caso: https://www.youtube.com/watch?v=emg1zAfNdDo. O comportamento da polícia foi no mínimo questionável, a forma da abordagem deixa qualquer um com uma pulga atrás da orelha.

Analise comigo, depois sido recebidos a tiros e granadas atiradas contra eles, com uma policial e um policial feridos, o que se vê nas gravações logo depois do ataque, é um policial dentro da casa de Roberto Jeferson. O que esse policial está fazendo? Isso parece uma abordagem policial num caso violento como este? Esse policial parece estar bastante à vontade diante do seu agressor, o policial sorri demonstrando que existe ali um certo grau de intimidade como dois velhos conhecidos. O policial alegou que, o que fez ali foi um personagem, para travar aquela conversa, veja o que ele disse pra justificar aquela cena:

"A responsabilidade da negociação era enorme, não havia condições de fazer uma entrada tática com tantas pessoas na casa e a informação que havia várias armas! Virou um gerenciamento de crise, se sai um inocente ferido ou morto, seria uma tragédia e nome da PF na lama! Eu vesti um personagem para desacelerar a situação da melhor maneira possível", escreveu o policial aos colegas.... Leia mais em Uol: https://noticias.uol.com.br/colunas/juliana-dal-piva/2022/10/24/policial-federal-rendicao-video-jefferson-vestir-personagem.htm

Qual seria a ação costumeira que assistimos pela televisão em casos semelhantes onde envolve ocorrência policial? Ah, mas é com pessoas comuns. Verdade. Mas tem que ser diferente? Qual seria a forma correta de abordagem nesse caso de Jeferson, depois de terem sido atacados com uma “chuva de balas”, tiros de fuzil disparados na direção dos agentes federais?

O cara arremessou uma granada de mão contra policiais que estavam trabalhando, no cumprimento dos seus deveres, com um mandado judicial em mãos. Foram feridos dois companheiros, e o policial sorri, enquanto dialoga com um bandido? Na minha modesta opinião, o protocolo deveria ser igual ao que comumente se vê em casos como esses por ai: teria que ter algemado esse bandido. Mas não foi o que fez o policial.

E se fosse um jovem negro ou um cidadão pobre qualquer que more na periferia, teria sido daquele modo a abordagem policial ou daqueles policiais recebidos a tiros?

Esse episódio nos oferece subsídios para levantarmos algumas reflexões sobre a formação e origem da nossa polícia. Embora se tratasse da Policia Federal neste caso de Roberto Jeferson, esse modo de tratamento não é um caso isolado, fato é, que esse modo de operar policial nos leva a refletir sobre a Origem da Polícia Militar no Brasil, e nos leva também a entender, que essa origem perpassa por todas as outras polícias. Estamos falando de uma polícia que mata quando interessa ao sistema, mata por distinção de pessoas e classes sociais. Lembram do caso de Genivaldo de Jesus dos Santos, de Umbauba, em Sergipe (SE), em que os policiais da PRF jogaram o homem dentro de uma viatura em uma abordagem violenta, e com Genivaldo dentro do camburão, os policiais jogaram bombas de gás lacrimogênio dentro da viatura fechando o rapaz lá dentro. O homem ficou no meio da fumaça toxica até morrer, sem ar para respirar e no meio da fumaça.

Pois é caro leitor, Genivaldo sofria de esquizofrenia e andava com remédios no bolso. Veja, o que fica claro no tratamento dado a Roberto Jeferson é o seguinte, que existe dois pesos e duas medidas no MODO DE OPERAR das polícias. Esse ranço está enraizado nas cúpulas, nas academias e treinamentos. Podemos ver que essa polícia mata, invade com violência barracos e casas de gente mais simples, e se a pessoa for negra, ela elimina, executa. Veja, comparando os dois episódios, o caso de Roberto Jeferson e o caso de Genivaldo:

- Genivaldo teria sido agressivo como foi o ex-deputado?

- Genivaldo atirou nos policiais da PRF durante a abordagem?

Mas Roberto Jeferson não só atirou, como também feriu dois agentes da PF. Mesmo sem ele reagir Genivaldo foi abordado violentamente e assassinado pela polícia. Mas no caso do ex-deputado reagiu, vemos um modo totalmente diferente de abordagem policial.

É bom ver esse vídeo da morte de Genivaldo:, assista no Youtube, e tire as suas prpoprias conclusçoes: https://www.youtube.com/watch?v=PcsEmjH5kuI. Veja também essa matéria: https://radiojornal.ne10.uol.com.br/noticia/2022/05/15015239-caso-genivaldo-homem-abordado-violentamente-por-prf-tinha-esquizofrenia-entenda-transtorno-mental.html.

Veja, Genivaldo foi descrito pelas pessoas ao jornalista do UOL, como sendo um homem bom:

“Genivaldo de Jesus Santos, 38. é descrito como um homem simpático, brincalhão e querido pela população de Umbaúba, onde nasceu, no litoral sul de Sergipe. Aposentado por problemas mentais, casado há 17 anos e pai de um menino de 7, o homem negro acabou morto asfixiado dentro de uma viatura, transformada em uma câmara de gás improvisada por policiais rodoviários federais na última quarta-feira (25). Imagens gravadas com câmaras de celular registraram a ação.

“Era muito conhecido na cidade, trabalhou vendendo rifas. Ele falava e cumprimentava todo mundo, era sempre muito educado, perguntava: ‘quer comprar uma rifa de um bilhete?’ Agradecia, comprasse ou não, ele agradecia”. (Colunista do UOL em 27/05/2022)

Agora, você analisando o caso de Roberto Jeferson, que impressão tem desse caso? O que fica claro e evidente para mim, no tratamento daquele policial específico que sorri enquanto dialoga com esse bandido, terrorista e violento, esse bolsonarista radical é isto...

EXISTEM DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS NAS PRÁTICAS DAS ABORDAGENS POLICIAIS.

Qualquer homem negro que vive em uma comunidade, ou qualquer outro cidadão pobre e trabalhador que esboçasse aquele tipo de reação atirando contra policiais, mesmo sem ordem judicial, que é o que geralmente acontece, logicamente a abordagem seria bem diferente. Sem mandado judicial já ocorrem abordagens violentas nas periferias e comunidades, agora imagine se essas pessoas reagissem. Ocorreria um fuzilamento, a casa seria arrombada e eles entrariam em segundos. Estamos falando de uma polícia que confunde GUARDA-CHUVA com fuzil. Lembram do caso do pedreiro Amarildo? Eu não esqueci aquele caso não, o problema é que alguns brasileiros parecem ter memória curta, talvez não seja o caso de quem está lendo. Mas vale aqui lembrar: a polícia fazia uma incursão numa comunidade do Rio de Janeiro, e lá estava o pobre do pedreiro furando uma parede, mas a polícia meteu bala no trabalhador, alegando depois ter confundido a furadeira com uma arma de fogo, por isso atiraram. Até hoje não sei no que deu esse caso. Como esse, são vários os que já aconteceram, pessoas que foram mortas, porque portavam um guarda-chuva, garotos que iam com seu caderno para a escola, e outros. Vamos lembrar aqui das MÃIS DE MAIO.

As Mães de Maio, são mães que resolveram se manifestar e denunciar o que estava acontecendo com seus filhos. São mães que lutam no Brasil, porque seus filhos foram assassinados pela polícia. Mas, o que tudo isso tem a ver com a história da polícia? Bom, vejamos.

Nos registros da própria história da polícia, eles tocam num ponto importante, que é a questão colonial, e basta estudarmos a história, e veremos, como a polícia foi sendo estruturada no nosso país. Aliás, os fatos que caem nos concursos da própria PM, estão todos relacionados com esse passado colonial e pós-colonial, passando pelo Período Imperial e início da República até hoje, e são fatos sempre relacionados aos grandes massacres, que aparecem inclusive nos concursos e estão na essência da formação da polícia.

Na verdade, nunca houve REVISÃO NO MODO DE operar DAS POLÍCIAS. Inclusive, é importante salientar que as POLÍCIAS, principalmente, a MILITAR, têm origem na REPRESSÃO aos QUILOMBOS, uma origem, inclusive, junto às Forças Armadas, e depois, na DITADURA MILITAR. Mesmo a Constituição de 1988, sendo apelida de “A Constituição Cidadã”, ela não reviu esse o modo de operar das forças policiais, é por isso que existe um movimento favorável à desmilitarização das polícias, e, é muito importante ressaltar aqui, que esse movimento de desmilitarização, não é contra os POLICIAIS. Na prática, as poucas pesquisas que se tem mostram que a maioria dos policiais são a favor da desmilitarização. No caso específico relacionado a esse acontecimento envolvendo o revide do ex-deputado Roberto Jeferson (PDT) à chegada dos Policiais Federais para prendê-lo, o que se vê ali? Se vê, a Polícia Federal sendo obrigada a se proteger dos tiros disparados contra eles, tendo em mãos um mandado judicial, uma ordem de prisão, entretanto, temos um agente policial que sorri enquanto dialoga com o agressor de seus próprios companheiros. Se fosse numa outra situação, envolvendo pessoas pobres e não tão influentes como o ex-deputado? A reação da polícia seria com uma truculência ímpar.

Por que falar em desmilitarização agora? Porque, praticamente todas as polícias estão influenciadas por um MODO DE OPERAR truculento, mas que para uma pessoa influente, rica e branca. O modo de operar da abordagem policial de Roberto Jeferson não vale para os pobres, só vale para os ricos. E por que há um modo de operar mais suave para com os ricos e brancos e um modo mais truculento, violento e agressivo para com pobres e negros?

É porque há um RECORTE DE CLASSES que é muito importante na análise desse processo histórico e de formação das polícias, e temos que analisar a diferença nas abordagens com esse entendimento de existe um protocolo policial que vai valer mais, principalmente para as periferias, e em especial, para a população negra desse país, cuja mentalidade ainda é muito escravista, e os POLICIAIS, sendo a favor da desmilitarização, o que temos que fazer, é levar isso para os debates, criando grupos, foros para promover discussões a esse respeito, ou seja, debater essa proposta para que cheguemos a bom termo para reduzir essa violência que está instalada no nosso país, desde a sua formação. Precisamos debater isso com a população, para que também possamos mudar esse MODO DE OPERAR, porque, mesmo aquele agente que não tem o mesmo papel da PM, mas é faz parte de um agrupamento ou segmento das forças de segurança, como a Polícia Federal Rodoviária, por exemplo, não é militar deixe de reproduzir essa maneira tão violenta, já explícito no papel da polícia. Lembra do caso Genivaldo?

Esse cidadão foi morto pela PRF, numa abordagem de trânsito, onde os agentes algema-o, e joga Genivaldo dentro do camburão, depois deixa aquele homem dentro da viatura fechando o porta malas, com bomba de gás lacrimogênio para sufocar Genivaldo, a viatura virou uma verdadeira Câmara de Gás. Precisamos rever essa forma de abordagem, porque ela é uma das CHAGAS que temos no nosso amado e querido Brasil. Precisamos todos, trabalharmos encima disso.

Agora, muito mais urgente, no caso desse governo que assumiu a Presidência em 2018, com uma política focada na fé religiosa e num discurso beligerante. Depois de vencer, o que Bolsonaro fez?

Bolsonaro PROPAGOU, ele POTENCIALIZOU o racismo que já existia. Quem nunca ouviu essa expressão: Racismo Estrutural? É importante lembrar que isso não é obra dele, esse preconceito que ele carrega vem de um longo processo. Nós temos uma classe dominante no Brasil, e essa classe dominante, possui algumas características:

1) Ela é antipovo, e além de muito rica essa classe dominante é também;

2) Escravocrata, portanto, extremamente racista; e essa classe é;

3) Patriarcal, e portanto, extremamente machista.

Nós não podemos nos esquecermos dessas características históricas. A classe dominante não suporta mulheres, homens pobres e negos em ESPAÇOS de PODER. Como ela é antipovo, ela ALGERIZA aos POBRES, ou seja, vê as pessoas que não pertencem a sua classe como algo repugnante e repulsiva, a FAVELA é vista com pela mesma ótica, e essa algerização e modo de ver da classe dominante tem uma conexão com com o DISCURSO que BOLSONARO faz. Ele estava retomando tudo isso de forma radical em seu modo de governar o Brasil. E espero que isso acabe com a vitória de Lula nesse dia 30 de outubro de 2020. Pelo menos Lula e seus apoiadores reconhecem isso, e e no discurso de Lula existe a promeça de igualar os salários entre homens e mulheres que fazem o mesmo tipo de serviço, existe também a ideia de se criar o ministério dos povos originários para atender as demandas e cuidar melhor dos povos indígenas e a luta de combate ao racismo, tudo que Bolsonaro não fez até sua derrota.

O governo Bolsonaro e sua equipe veio trabalhando para reforçar o pensamento preconceituoso da classe dominante, e eles vêm trabalhando para isso, então eles têm cumprido esse papel de VIOLÊNCIA de PROPAGAÇÃO do ódio, violência essa que se reverte contra o próprio povo, especialmente o pobre em geral e o negro se torna a vítima número um nisso tudo, seguem nessa mesma toada e escalada de violência as mulheres e indígenas, os sem-terra e todo o restante que se encontra na rabeira da sociedade. Por isso, agora com a vitória de Lula temos uma tarefa gigante, que é colocar esse negócio do racismo no CENTRPO das DISCUSSÕES, assim, como os DIREITOS POPULARES, e nesse segundo turno das eleições, qual era a proposta? Derrotar o governo Bolsonaro já, ou teríamos que assistir o acirramento e o recrudescimento de todos esses preconceitos numa sociedade com muitas semelhanças neofascistas, no quesito discursos que estavam sendo colocados a todos os momentos pelo próprio Presidente, e quando não era ele, era um seguidor e apoiador dele, como a senhora de um condomínio que se recusou a entrar no elevador com o cantor como reporta a matéria que se encontra nesse link: https://www.youtube.com/watch?v=kqDZa0bzjxA e também nessa matéria intitulada: “Comediante é alvo de ofensas racistas por vizinha em prédio que mora: “Macaco imundo”. O jovem foi muito insultado com palavras, e as câmaras registraram tudo (https://sampi.net.br/sao-jose/noticias/2183664/geral/2022/10/comediante-e-alvo-de-ofensas-racistas-por-vizinha-em-predio-que-mora-macaco-imundo).

Penso que a tarefa central à beira de um processo eleitoral agora era essa, e com a vitória de Lula, continuará a ser essa, só que agora, com um governo e uma equipe favorável a essa luta. Até a vitória de Lula ser concretizada nas urnas, estávamos vendo o desespero da turma de Bolsonaro, e precisávamos que esse momento fosse caracterizado por uma grande mobilização popular. É, mas quem salvou mesmo o nosso Brasil e nos livrou de continuar com essa turma foi o tão ofendido Nordeste. Foi nessa parte do Brasil que a grande mobilização aconteceu de fato, dando a virada a Lula que bateu o adversário por mais de um milhão de votos. Pouco, mas valeu, por se tratar de uma luta desigual de um homem contra a máquina do Estado, onde golpes e faknews foram lançados até o último minuto para desconstruir o eleitorado de Lula, que acabou vencendo. Até blitz em ônibus agentes da PRF fez, ilegalmente, tendo o Ministro Alexandre de Morais autorizado as prefeituras e governos a liberação do transporte público nesse dia a fim de facilitar a ida dos eleitores até suas zonas eleitorais para votar. Pelo menos 560 blitz foram realizadas para prejudicar o processo eleitoral, mas essa tentativa de golpe não funcionou. Creio que o STF deverá tomar as providências necessárias para investigar esses crimes eleitorais durante o processo, e os policiais teriam que ser exonerados, punidos e o diretor substituído. Mas vamos observar qual vai ser a atitude dos responsáveis pela justiça.

Uma coisa é certa nessas eleições, não podemos deixar essa visão elitista prevalecer, por isso as perguntas a serem feitas eram essas:

1) Um, preso domiciliar, com um arsenal dentro de casa: Se fosse um negro, ele teria todo esse armamento e munição?

2) O ex-juiz Sergio Moro classificou esse ataque de Roberto Jeferson como “sem noção”: Se fosse um negro, ele teria dito a mesma coisa? Como será que Moro falaria?

3) Foram oito horas de negociação até a rendição: Se fosse um negro, teria esse tempo todo?

4) Fundamentalmente, por que ele foi levado em um carro especial e não em um camburão? Se fosse um jovem negro ou uma mulher negra, teriam tido o mesmo tratamento?

Comecemos pelas armas: Geralmente o modo de operar dos policiais nas periferias seria bem diferente. Se apenas suspeitasse que havia armas dentro de um barraco ou casa, eles já chegariam de forma extremamente violenta, e boa parte, nesse tipo de abordagem, os policiais nem mandado judicial teriam. É normal discutir com o cidadão da porta mesmo, e entrar, por vezes, já disparando, e só depois é que perguntam o nome. São modos de operar. Quem mora nas periferias já está até acostumado com as abordagens violentas, principalmente, quem mora nas comunidades. E se alguém mais esclarecido ousar intervir e perguntar: Cadê o mandado judicial de vocês? Ai a pessoa corre risco e pode ir até presa. Se fosse numa favela, num bairro pobre, aquela abordagem de Jeferson, qualquer um que esboçasse uma reação, seria chamado o reforço e, teríamos umas cinquenta viaturas cercando a casa, e não iria levar oito horas de negociação não, e aquelas oito horas seriam minutos, e a invasão aconteceria, e pronto. Então, o que fica claro e evidente, é que se trata de UM OUTRO MODO DE OPERAR, e digo mais, observando essa cena ridícula desse episódio envolvendo o bolsonarista Roberto Jeferson, devemos ter uma preocupação nesse governo, se ele não fosse interrompido pelo processo democrático nessas eleições, e que preocupação seria essa? O perigo do incentivo de uso individual de armas, caso Bolsonaro continuasse. Porque o ex-deputado e agora preso preventivamente por ordem do STF, nos deu uma demonstração de como é fácil ter um arsenal em casa, e caixas de munições e artefatos explosivos em posse de qualquer cidadão. Jeferson é um exemplo claro, de como esse incentivo oficial, vindo de um Presidente e do próprio Estado pode ser um facilitador para se obter outros arsenais em casas por aí, espalhados pelo país. Claro que o pobre não, mas aqueles que têm o poder do capital e grupos de criminosos organizados por traficantes e milicianos.

Por que podemos afirmar que essa visão política bolsonarista é uma esquizofrenia, ou seja, uma política proposta por uma mente doentia, bipolar e desequilibrada? Ora, é porque nem nos países que incentivaram o uso individual de armas, isso funciona mais. Essa saída ultra neoliberal, em que todo o discurso de Bolsonaro vinha girando entorno de “O problema social está aí, resolve você”. Não, definitivamente não é essa a saída. Os problemas sociais não podem ser resolvidos individualmente, principalmente esse da VIOLÊNCIA, historicamente instalada na sociedade, esse é um problema que se encontra na estrutura do nosso país, ele de uma história original e de povos originários que sofreu grandes alterações. Essa violência recrudescente no estilo homem branco só foi piorando com a introdução da visão e do modo de pensar colonial vindos da Europa, veio com os portugueses, violência importada que veio na forma de imposição religiosa, cultural, na forma de apropriação da terra, no modo de trabalhar escravagista. Somos um país violentado desde a chegada dos portugueses em 1500, e nossas raízes se encontram fundadas nesse modo de pensar, agir e operar português, modos esses que, associados à escravidão de seres humanos e ao patriarcalismo, e este por sua vez, misturado com o machismo, resultou nessa “batida”, uma espécie de “milkShak”, é resultado desse modo de vida de patriarca, chefe de família ou pessoa mais velha a quem se deve respeito, mas um respeito mais pelo medo que pelo senso de autoridade, e esse mesmo chefe, geralmente o senhor de escravos e “da família” foi repassado com toda a sua receita de como conduzir a sociedade, submetendo as pessoas ao pensamento do maioral, sobre a sociedade, e assim os preconceitos que sempre permearam as decisões unilaterais, daqueles que comandam, quer por meio da propaganda ideológica do Estado, pelas mídias e pela religiosidade, que acaba consagrando tudo isso como sendo sempre a vontade de Deus, e assim falas como aquela que o Ministro da Saúde Pazuelo disse numa live ao lado de Bolsonaro. As vésperas, o presidente desautorizou ministro da Saúde ao cancelar protocolo para compra de vacina chinesa. Pazuello fez anúncio da compra em reunião com governadores, num dia, e no outro teve que desdizer o que disse. Bolsonaro havia mandado cancelar o PROTOCOLO DE INTENÇÕES de compra de 46 milhões de dozes da vacina CoronaVac, que Eduardo Pazuelo havia anunciado no dia anterior, em reunião com os governadores, e a vacina era desenvolvida pelo |Instituto Butantan, de São Paulo, pela farmacêutica chinesa Sinovac. Bolsonaro na época era adversário político do governador paulista, João Dória, a quem apelidara de “Calça Apertada” do PSDB, e assim, o Presidente colocou restrições à compra do imunizante da China. O ministro Eduardo Pazuelo, como um “cachorrinho de Bolsonaro” fez o que todo Bolsonarista sabia fazer: colocou o rabinho entre as pernas e na live transmitida AO VIVO ao lado do presidente Jair Bolsonaro disse “é simples assim: um manda e o outro obedece” (https://www.youtube.com/watch?v=NRLwxzs219Y). O contexto da conversa era o seguinte, depois de desaltorizar a compra do imunizante, Pazuelo com covid, e enternado no hospital, recebeu a visita de Bolsonaro, ambos senbtados lado a lado e sem máscaras, e Bolsonaro praticamente intimou o ministro dizendo-lhe “Amanhã você trabalha né?”, então o ministro disse isso, “aqui é assim, um manda e o outro obedece”.

Esse “um manda e o outro obedece” revela-nos esse pensamento subalterno e subserviente de muitos brasileiros bolsonaristas, e isso é fruto desse passado colonial e patriarcal já mencionado acima. Agora, é ou não é uma estupidez pensar que um problema social como este, o da VIOLÊNCIA, vai ser solucionado, através de uma lei ou decreto um presidente, querendo colocar uma arma nas mãos de cada cidadão? Claro que não. Qual a saída para resolver os problemas sociais que enfrenta o Brasil? Armando a população? Quer dizer, aqueles que podem comprar armas? Porque a maioria sequer pode pagar suas contas. A violência não é um problema social isolado, ela sempre está acompanhada de outras violências sofridas numa sociedade desigual e desajustada como a nossa. As pessoas não vão resolver os problemas de forma individual, fazendo uso da própria força e do seu próprio senso de justiça, porque os problemas devem ser resolvidos de forma COLETIVA. A saída é, inclusive, uma articulação entre os DIREITOS e a SEGURANÇA PÚBLICA, e no centro dessa articulação e de toda essa discussão não vaio estar nas ARMAS, mas nos DIREITOS sociais. Se não houver essa articulação DIRETO – SOCIEDADE – SEGURANÇA PÚBLICA não haverá solução armada que dê conta disso. Sem essa articulação a violência nunca vai ser contida, e nós precisamos olhar para isso de uma outra forma.

Essa turma ligada a Bolsonaro, como o Roberto Jéferson, está tendo esse armamento poderosíssimo para agir contra a população, todo o processo de armamento está indo parar nas mãos das milícias e nas mãos do tráfico, enfim, há um deslocamento FORTE DE ARMAS PARA ESTES SETORES LIGADOS AO CRIME e a outras práticas ilegais. Então. O que Bolsonaro quer e está fazendo? Na prática, ele está favorecendo esses grupos, principalmente aqueles que correm paralelamente às polícias, que são as milícias (ex-policiais que se desviaram da função e hoje praticam crimes, mas que encontram apoio de seus próprios colegas e corporações), para agir contra o próprio povo. Armando esses grupos, o que Bolsonaro quer é AUMENTAR Aa OPRESSÃO, ou seja, o seu PODER de OPRESSÃO sobre o nosso próprio povo; sobre os NEGROS e MORADORES das PERIFERIAS e favelas.

A ideia que está sendo encucada nas pessoas é a ideia do “DIREITO DE SE DEFEBNDER” e paralelo a isto, a MILITARIZAÇÃO DA SOCIEDADE civil através da educação, que seguirá as trilhas da ditadura e a cartilha dos comandantes militares, e estes, logicamente assumirão diretorias de escolas, como já está acontecendo com algumas: as chamadas Escolas Militares”. Esse modo de pensar a sociedade e a educação foi uma das características dos grandes ditadores que se destacaram, especificamente na Alemanha nazista de Adolf Hitler e na Itália fascista de Benito Mussolini. Se esse povo não acordar, mesmo depois da eleição de Lula nesse dia 30 de outubro de 2022, esses grupos neonazistas e neofascistas que apoiaram Bolsonaro vão se sentir mais fortes após essa derrota, já que Bolsonaro foi derrotado com apenas 49,1%, contra 50,9% de Lula. Ou seja, Lula ganhou com pouco mais da metade, sendo 60.345.999 Votos válidos sendo que Bolsonaro perdeu com pouco menos da metade, que totalizaram 58.206.354 Votos válidos, então cabe ressaltar que esses grupos precisam ser combatidos com a força da Lei, pois a Constituição Federal não permite que grupos tão insignificantes aliados de empresários ameacem a nossa tão recente e nova democracia. Na verdade, esses grupos de apoio a Bolsonaro não passam de 18 ou 20%, porém eles conseguiram influenciar, com apoio do presidente e com uso maciço da Máquina do Estado negativamente • Quase a metade do eleitorado brasileiro (49,1%). O que salvou o Brasil foi o Nordeste, principalmente a Bahia onde Luiz Inácio Lula da Silva (PT) obteve 6.097.815 votos (72,12%) e Jair Bolsonaro apenas pouco mais de 2 milhões (2.357.028) votos válidos. Graças a Deus e ao povo nordestino a nossa democracia está salva. Porém, tive um sonho que me perturbou esta noite, nele, os militares tinham tomado o poder e as pessoas faziam filas ao lado de homens armados, enquanto passávamos em direção a uma espécie de campo de concentração, um soldado ficava na porta por onde entrávamos, e ele desferia um chute na altura da perna de cada um que ia entrando por aquela sala enorme e ia lá se aglomerando. Olhei por uma janela e via algumas mãos levantadas fazendo o sinal de “L” de |Lula do lado de fora. Então pensarei: pronto, daqui a poucos os soldados vão começar a atirar naquelas mãos levantadas com sinal de “L”. Não vi o fim do sonho, porque acordei. Creio que esse sonho se deve ao fato de ter enfrentado os bloqueios dos derrotados caminhoneiros financiados pelo Agronegócio e empresários de outros ramos e grupos bolsonaristas que não se conformaram com a derrota, não aceitam o jogo democrático e com base em fak news pedem a intervenção militar. Essa turma que estão fazendo esses protestos tem prejudicado o direito de ir e vir das pessoas, bloqueando marginais em vários estados, porém, tem gente ligado a PRF apoiando e descumprindo a ordem do STF que determinou o uso da força para acabar com os bloqueios, porém, ao passar por eles nas rodovias no acesso a capital e interior de São Paulo, e também na região de Campinas, o que víamos eram os agentes da PRF olhando os manifestantes sem fazer sequer um esforço para desbloquear as rodovias. Pareciam estar ali para fazer apenas a segurança dos manifestantes enquanto nós íamos lentamente, tentando chegar ao destino. Graças a Deus, conseguimos chegar em Sertãozinho no dia 1° de outubro de 2022, para ver meus pais e retornar no domingo dia 6, já sem bloqueios. Porém, outras rodovias de outros estados continuam com esses descontentes bloqueando as estradas. Talvez seja por isso que sonhei que os militares teriam tomado o poder e dado um golpe. Essas pessoas pedindo intervenção e um golpe militar deveriam ser intimadas e presas por ameaçarem a nossa democracia e rasgarem a Constituição Federal. Esse é o clima que estamos vivendo com esses grupinhos neofascistas e neonazistas que continuam com seus protestos questionando o resultado das eleições até agora.

Gente, ditadura nunca mais. Não deixem que a nossa Democracia entrar em Vertigem.

Viva a nossa democracia!