A questão é o Voto ou a Fé?

Depois de muitos anos de observâncias, tentando defender uma AÇÃO curiosa, interrogativa e inusitada, noto o quão impressionante são as reações quando surge alguma proposta de um agir. Parece que INCOMODA a ACOMODAÇÃO daqueles que acham que não estão acomodados e estão promovendo algo de "funcional" ao escrever-digitar suas indignações neste meio internético. Lotando as caixas de correio eletrônico de deputados-políticos; repassando aquelas cansativas correntes para tal dia colocarmos um pano verde-amarelo nas janelas; ou para outro dia qualquer, sairmos as ruas vestindo uma roupa preta em motivo-protesto de luto a algo; para aquele dia não esquecermos de acender uma vela para não sei o quê... ou então fixa-se no meio internético discussões de ideologias ou diagnósticos da realidade que todos estamos cansados de saber.

Infelizmente não há motivação do povo para ações que nos levassem a crescer nas atitudes do exercício de nossa cidadania, conquistando assim, o respeito que merecemos.

E então qual seria a solução? .

Talvez nas urnas nas próximas eleições?

Votando?

Ou deixando nas mãos de entidades espirituais, na Fé religiosa em que é preocupante as conseqüências do crescimento da mistura entre religião e política para o funcionamento da democracia?

Os evangélicos, por exemplo, têm uma bancada poderosa, controlam meios de comunicação e dominam alguns partidos. Foram contra a reforma política porque o sistema atual tem lhes sido favorável. Os problemas criados por uma cultura desta ordem em um mar de caos É impressionante a substituição de uma consciência realista para as que levam as modelagens da Fé de varejo que cativam as massas. Os partidos políticos e as inúmeras igrejas existentes em cada município do país não pagam impostos. As igrejas são considerados Pessoas Jurídicas FILANTRÓPICAS, ou seja, não tem fins lucrativos, não visam ao lucro e participação de acionistas. Segundo a Constituição Federal em seu artigo 150 não é permitido instituir impostos sobre templos de qualquer culto. E assim, a Igreja, pastores e os "políticos da Igreja" pegam o dízimo dos fiéis, dos pobres e necessitados e investe em lucro e patrimônios para os profissionais da fé... e deles os fies recebem e se contentam com os confortos espirituais. Seria justa a imunidade tributária para produtos de igrejas, ou fica difícil imaginar a cobrança de ICMS, IR e outros tributos sobre bênçãos, batizados, descarregas, exorcismos, no caso das igrejas e discursos, plataformas políticas, promessas dos partidos?

Na minha opinião deveria retirar do calendário todos os feriados e todas as referencias católicas-religiosas por ser o Nosso Estado considerado Laico. E mais, o exercício de atividade religiosa simultaneamente à atividade política, padres, pastores, bispos, sacerdotes, rabinos ou gurus que desejassem candidatar a cargos eletivos deveriam se afastar das funções religiosas que exercem até dois anos antes do pleito.

Apesar das modelagens da fé-demais, é relevante recordar alguns escritos do Papa João XXIII o qual na encíclica Pacem in Terris, ele escreve: “coere ainda com a dignidade da pessoa o direito de participar ativamente da vida pública, e de trazer assim a sua contribuição pessoal ao bem comum dos concidadãos.” Embora apareça como citação no documento citado, a bela definição de bem comum foi escrita por ele pela primeira vez numa encíclica anterior, a Mater et Magistra, na qual adverte: “requer-se, porém, que as autoridades públicas se tenham formado, e realizem praticamente, uma concepção exata do bem comum; este compreende o conjunto das condições sociais que permitem e favorecem nos homens o desenvolvimento integral da personalidade.”

Este sentido como ação que visa o bem comum acaba se perdendo Entre tantas definições para a atividade política ou para a “política” em sentido amplo. Para mim, as mais adequadas são aquelas que associam a ação política com a busca do bem pessoal, individual, ao enriquecimento da pessoa política, do político.

Confiamos e elegemos nossa representação para que visualizassem nossas carências, nossas prioridades e que procurassem fazer com que o dinheiro público fosse aplicado democraticamente, isto é, com o povo e para o povo.

Mas a cada eleição em mim provoca o desencanto desse "voto" de confiança vencendo a esperança, deixando a sociedade acomodada e acostumada a uma seqüência sem fim de escândalos e eventos mal explicados envolvendo corrupções e desvios de dinheiro público, nosso dinheiro. O sentimento de impunidade da maioria das pessoas-políticas parecem estar acima da lei.

Em um país confuso, corrupto e mal governado como o nosso, onde o processo educacional e cultural vem se deteriorando a cada dia, conseqüências de causas e efeitos criam ações e distorções que visam cada vez mais as escusas negociatas de corporativistas oligopólios e associações monopolizadoras de interesseiros lucros originados nas fartas colheitas das Urnas.

Eis o lado que levou o sempre lembrado Rui Barbosa a proferir estas duras palavras num célebre pronunciamento feito ao Senado Federal em 17 de dezembro de 1914: “A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade, promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas. De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”

Onde a sociedade não se impõe de forma organizada, não são gerados controles efetivos de qualquer arrecadação. Assim, os "condutores' não se sentem obrigados a prestar contas e a corrupção corre solta.

E faz me parecer que realidade é aquilo no que a maioria acredita mas a verdade não importa, pois depende daquilo empregadas no que se proclama.

E nesse sentido de verdade, creio que mais do que verdade é a realidade que nós Eleitores somos sabedores das conseqüências do Voto, pois o ato de votar nessa tal democracia que foi muito mal planejada e está ainda pior na forma pela qual está sendo conduzida, continuará valendo nada vezes nada para o povo, valerá apenas para mantermos viva essa piada chamada de nossa representação.

Continuamos a cada eleição, Colaborando ao continuo oportunismo e novamente VOTANDO para pagar os subornos, chantagens e outras maracutaias, artimanhas vergonhosas utilizadas em absolvições de corruptos. Continuamos através do nosso VOTO, cooperando com governos que criam e criarão novos esquemas dos interesses da corrupção, esta palavra, por nós, povo brasileiro, tão comentada, dita, ouvida e escrita nesses vinte e poucos anos. O Voto é uma "arma" pela qual alvejamos apenas em nossas testas. Está na hora de começarmos a pensar que, ao optar por uma das alternativas sujas que nos apresentam, nada mais estamos do que legitimando e perpetuando o processo.

Queimar o título numa fogueira em praça pública seria um ato Político para chamar a atenção da sociedade, ou seja, para que as pessoas tomarem conhecimento desse ato público, comentem a vida política do nosso país, especialmente aquelas que, no seu cotidiano, não a discute ou não a debate, por diversas razões.

A exemplo dos escritos do Papa João XXIII, o certo é que deveríamos nos aprofundar tendo em vista uma AÇÃO COMUM EM PROL DO PAÍS e não ficar pensando isso ou aquilo. Saber analisar melhor o impacto de uma ação.

Neste sentindo creio que vale a proposta e passada a estranheza de uma proposta como essa, vem a reflexão e a discussão (junto às pessoas mais próximas, ou não) que são as atitudes mais importantes.

Adam Smith, economista escocês, dizia que "não existe arte mais desenvolvida nos governos do que a de aprender com outros governos novas maneiras de arrancar dinheiro do bolso das pessoas".

Cabe então as "pessoas" aprenderem maneiras de impedir que os administradores públicos enfiem as mãos nos seus bolsos e destruam as perspectivas e prosperidades futuras.

IMAGINO que tal AÇÃO pode ser um canal a funcionar como meio de discussão e um protesto cívico e pacifico de interesses coletivos ao beneficio do povo, para o povo e com o povo a derrubar os detritos que garantem os interesses eleitorais escusos que formam desde corporativistas oligopólios a associações monopolizadoras desses interesseiros "lucros" originados nas fartas colheitas das urnas eleitoreiras.