Contra a Injustiça Social.

Em meados do século oitavo antes de Cristo, pelo ano 760, um sitiante chamado Amós “caiu na arapuca” de Deus, deixou sua vida tranqüila no Sul e foi anunciar e denunciar no Norte, onde reinava Jeroboão II. Um “leão começava rugir”: era Deus colocando em polvorosa todo um regime de injustiças. Amós acabou sendo expulso, mas antes rogou uma praga em cima do sacerdote Amasias que presidia o culto em Betel, de acordo com a vontade do rei. Porque a palavra de Amós incomodava? Exatamente porque ele anunciava que o julgamento de Deus iria atingir não só as nações pagãs (povo que não tinha religião), mas também, e principalmente, o povo escolhido; este já se considerava salvo, mas na prática era pior do que os pagãos. E Amós não se contentava em denunciar genericamente a injustiça social. Ele “dava nomes aos bois”: os ricos que acumulavam cada vez mais, para viverem em mansões e palácios, criando um regime de opressão; as mulheres ricas que, para viverem no luxo, estimulavam seus maridos a explorar os fracos; os que roubavam e exploravam os fracos; os que roubavam e exploravam e depois ia ao santuário rezar, pagar dízimo, dar esmolas para aplacar a própria consciência; os juízes que julgavam de acordo com o dinheiro que recebiam dos subornos; os comerciantes ladrões e os “atravessadores” sem escrúpulos que deixavam os pobres sem possibilidades de comprar ou vender as mercadorias por preço justo. Em cinco visões, Amós anuncia o fim do reino do Norte, porque aí a situação era insustentável diante de Deus. (...) E hoje? Não é exatamente o que está acontecendo no mundo em que vivemos?

José Renato Bueno.