MITO, SÍMBOLOS, RITO E RELIGIÃO: UNIVERSO PLURAL NA (RE) CONSTRUÇÃO DE SIGNIFICADOS

A construção e ou (re) construção de significado destes elementos constitutivos da religião darão vida a pluralidade do seu Universo. Sem a pretensão de elaborar definições mirabolantes, será evitado também toda tentativa reducionista de conceituá-los. Ainda assim, para servir de eixo norteador, toda a abordagem será feita a partir das seguintes concepções:

MITO: Não se atenderá como fábula conto ou simples relato de seres e acontecimentos imaginários, que fala dos primeiros tempos ou épocas heróicos. mas como algo que extrapola as narrativas de significação simbólicas transmitidos dentro de determinados grupos, de geração em geração. Como algo verdadeiro.

“ (...) Entre os estudos de hoje, a palavra mito refere-se estruturalmente a uma narrativa nas quais os seres divinos representam algum papel. Usa-la deste modo não tida da questão se ou como a narrativa pode ser considerada verdadeira. Em outras palavras, a avaliação da verdade de mito é um item separado da questão do papel que desempenha na cosmovisão. Além disso, mesmo que não fosse historicamente factual, ainda pode funcionar como manda que contribuem de modo importante para uma cosmovisão.” (PALMER, 2000)

À compreensão de mito associa-se, portanto, a influência na formação da cosmovisão de uma pessoa e porque não, de todo um grupo social. Uma vez que como cosmovisão entende-se um conjunto de crenças que a pessoa mantém; Crença essas unidas e de certo modo coesas. Ajustando uma as outras de modo unificado a formar um todo. Ainda sim, é valido enfatizar que não se faz aqui, juízo de valor sobre a veracidade do mito, é fato, e ele sempre desempenhará um papel importante na cosmovisão.

SÍMBOLOS: Numa primeira leitura pose-se facilmente concebe-lo como aquilo que representa ou substitui outra coisa, algum que evoca o abstrato, o ausente. Compreende-se, no entanto que:

Aquilo que toca o homem incondicionalmente precisa ser expresso por meios de símbolos, porque apenas linguagem simbólica consegue expressar o condicional.

(TLLICHI, 1974)

Com essa concepção os símbolos passam por uma simples substituição de algum a uma representação do inacessível, do abstrato que se fundiu com emoção humana. Sendo por ela originado e a ela originando.

A toda essa compreensão, acrescentar-se à algumas características peculiares ao símbolos, que ao se confunde com sinal, ora se apresenta tão além diferente dele. Ao símbolo devem ser acrescentadas as seguintes idéias:

- Ele faz parte daquilo que representa;

- Eles nos levam a realidades inacessíveis, não fosse por eles;

- Ele correlaciona dimensões da nossa alma a dimensões da realidade e, por fim, não podem ser eles inventados arbitrariamente.

RITO: Ao mito foi atribuído a relevância da formação da cosmovisão; e ao rito será associado a vitalidade e dinamicidade da cosmovisão. O rito pode ser visto como uma classe especial de palavras e ações que de fato fazem coisas. Trata-se de uma cerimônia executada periodicamente em ocasiões especiais, recordando e projetando um evento especial.

Todos os rituais parecem ter em comum pelo menos duas características essenciais: 1- Fornecem ocasião para reflexão no significados das crenças centrais do indivíduo, e 2 - São destinado a invocar uma resposta efetiva as crenças centrais do indivíduo. Ambas as funções integram os complicados padrões de crença narrativos e normas no tecido da vida inteira e caráter do individuo.

(PALMER,2000)

Seria como trazer à tona todo o contexto em que tal cerimônia aconteceu pela primeira vez, cerimonial esta, dotada de reflexos e significada.

RELIGIÃO: O tema vem do latim, “religaie” que significa “ligar, unir”. Com ela, os homens exprimem e realizam os seus contatos com Deus.

Para Kant (Mandin, 1926) a religião não consiste em observâncias ou dogmas, mas não dispor do coração, para observar os deveres humanos como se fosse mandamento divino.

Já para W. James a essência da religião é dada pela atitude pessoal que cada pessoa adota diante aquilo que sente ser “o diabo”.

Existem inúmeras outras definições, detêm-se em todas as outras nesta já citadas, por ser possível, através delas, compreender a presença do natural (homem), se relacionando com o sobre natural (Deus). Para alguns, o divino ganha espaço apenas no imaginário, em ambas concepções ele é real e dotado de uma interferência efetiva sobre a vida do seu povo.

Através da socialização e consagração, a religião cria idéias de espaço sagrado. O céu, o Monte Olimpo (na Grécia), as montanhas do deserto (em Israel), Templos e Igrejas são santuários ou moradas dos Deuses. O espaço da vida comum separa do espaço sagrado: Neste, vivem os deuses, soa feitas as cerimônias de culto, são trazidas oferendas e feitas preces com pedido as divindades (...) A religião organiza espaço e lidar qualidades culturais, diversas das simples qualidades naturais.

Daí se pode afirmar que, por meio da religião o homem interage com Deus, e, está experiência lhe apresenta um mundo paralelo, é como se fosse reinventado um novo mundo sobre os seus pés, cheios de conceitos, valores e portanto, atitudes provenientes desta experiência, impar.

O MITO E O SÍMBOLO

Como já afirmado, os símbolos não ocorrem individualmente, e estão mantidos ao “mito” não grego original: a “histórias dos deuses”. Deuses como personagens individuais e semelhantes a sua criatura: os humanos.

Eles se diferenciam pelo sexo, têm antepassado e descendentes e estão cheios de amor e ódio de um para com outro. O mundo e os homens são criados por eles, que também ativam dentro do espaço e do tempo. Eles participam de grandeza e da miséria dos homens, de sua atividade criativa bem como destrutiva.

Eles dão a humanidade cultura e religião e protegem ritos sagrados. Eles ajudam e ameaçam o gênero humano, especialmente certas tribos e povos. (TILLICHI, 1974).

Daí é possível afirmar que finito é tudo aquilo que o finito criar por isso a temporalidade de tantas culturas, deuses, povos e ritos. Bom como o “divino” de um povo é dotado de pobres e privilégios, ficam também sob o domínio e ameaça do destino, a que está sujeito tudo que de finito existe de melhor, tudo que pelo finito existe.

Comumente os mitos apresentam traços que se encontra em qualquer mitologia. Criam deuses que recriam mundo e homem. Deuses com características de humanos e sujeitos as mesmas paixões, que respondem satisfatoriamente aos medos e inquietações peculiares aos seres humanos e, fundamentalmente sempre com a manifestação da suprema preocupação como o ser humano.

Mitos são, portanto, símbolos da fé associados a lenda, os quais falam dos encontros dos deuses entre si e dos deuses com os homem.

Considerando o símbolo como a linguagem da fé, pode-se afirmar que os mitos estão presentes em todo ato de crer. Contrario a está afirmação tem o fato de todos.

( TILLICHI,1974)

Considerando o símbolo como a linguagem da fé,pode-se afirmar que os mitos estão presentes em todo ato de crer. Contrário a esta afirmação tem o fato de todas as grandes religiões da humanidade eles - a mitos – são criticas e transcendidos. Aqui, contudo, eles serão assim compreendidos:

Em suma, todas as narrativas em que se descreve atuação divina entre os homens são entendidas como mitologia em sua essência e com isso sujeitas ao processo de demitização.

(TILLICH, 1974)

O conceito de desmistificação, tão negativamente empregado, será aceito sempre que ele for usado para enfatizar a necessidade de compreender o mito e o símbolo como tais. Mas rejeitando quando significa o afastamento dos símbolos e mitos do que realmente eles são. É fato, que tal empreendimento nunca será bem sucedido, uma vez que junto à vida do espírito humano sempre estarão o pensamento mítico humano sempre estará o pensamento místico, o que de mais razoável pode ocorrer é a substituição de um determinado mito por outro. Afinal, o mito é a associação dos símbolos que exprimem o que nos toca incondicionalmente, nos possibilita formar uma cosmovisão.

A concepção de mito como fábula afasta toda possibilidade de se compreender a presença deles nas Escrituras Sagradas, por exemplo, isto pelo medo que se tem de contemplar de se que o mundo inabalável. E paz, por isso uma leitura literal de bíblia, e isto sim é que o rebaixa ao nível de finito e condicionado. Pois, uma fé que entende seus símbolos literalmente é idolatria. Somente a fé o consciente do caráter símbolo de seus símbolos, da a Deus a honra e a glória que lhes é devida. Isto nos leva a compreender, que o cristianismo é a crítica de todos as religiões que estão presas a mitos da natureza, e ele próprio fala a língua do mito, do contrário, não seria ele o cristianismo a expressão daquilo que nos toca nos envolve incondicionalmente.

RITO E RELIGIÃO

A serviço da religião, mas não apenas dela, estão aqueles uma vez ligados: humanos e divindade tem a necessidade de se organizar no espaço e no tempo de forma dinamizar a sua cosmovisão e tenha assim, perpetuado esta relação. Para isto existem os Ritos.

O rito é uma cerimônia em que gestos determinados, palavras determinadas, e emoções determinadas adquirirem o poder misterioso de presentificar o laço entre humano e a diversidade. Para agradecer dons e benefícios, para suplica novas dons e benefícios, pra lembrar a bondade dos deuses ou para exorcizar caso os humanos tenham transgredidos as leis sagradas, as cerimônias ritualísticas são de grande variedade ( CHAUÍ, 2000)

A eficácia de ritual dependerá de sua perfeita e minuciosa repetição. As palavras, os gestos e as emoções determinados evocam o momento da primeira vez em que o rito foi realizado.

O rito religioso é repetitivo em dos sentidos principais: a cerimônia deve repetir um acontecimento essencial da história sagrada (por exemplos, no cristianismo a eucaristia ou a comunhão que repete a Santa Ceia); e em segundo lugar, atos, gestos, palavras, desejos devem ser sempre os mesmo, porque foram na primeira vez, consagrado pelo próprio Deus.

(CHAUÍ, 2000)

É, portanto graças ao rito, que uma cerimonial parece depois de realizado a primeira a distância entre presente e passado. Ao homem religioso não basta relembrar e comemorar “o sagrado” que se manifesta de forma natural ou histórica, ele necessita entrar em contato com o divino, necessita participar da sua magnificência. A esta forma sensível desta ação recíproca dar-se o nome de Rito. No Mito os eventos naturais e históricos, do divino sobre o humanos, é representado, narrado, descrito. E a ação de se envolver com estes “ divino” , num ato de rememoração e de busca, numa repetição minuciosa e perfeita como o narrado, chamar-se-á Rito, sendo ele portanto ligado essencialmente ao Mito e ao evento sagrado por ele representado. É como reeditar simbolicamente um evento, um acontecimento essencial da história sagrada ritos religiosos.

Assim, por exemplo, a páscoa dos Hebreus é a reedição simbólica do êxodo; o sacrifício eucarístico dos cristãos é a reedição simbólica do sacrifício de Cristo na Cruz. Enquanto o mito o refere a tudo o que o homem possa imaginar, diz da divindade, o rito designou as várias ações com que ele procura entrar em comunicação com ele. “Ao homem não basta a contemplação da presença divina, para ele o objetivo de culto é uma entidade não apenas estótica, mas dinâmico. O homem deve entrar em contanto intimo com o divino, unir-se a ele, participar da sua força vital e do sua magnificências”. Tudo isso se realiza mediante o rito.

Existe ainda a possibilidade de se incorrer num equivoco de compreensão e de atitude bem como ao mito se deve evitar cair no literalismo, quanto ao rito, deve-se cuidar para não incorrer socomentalismo, na superstição e na magia. Pois tanto o rito quanto o mito o seu valor é essencialmente simbólico estão estreitamente ligados entre si. O mito para tudo o que aconteceu antes mesmo de qualquer tempo, e de até mesmo de fundação do mundo; cabendo ao visto a realização dos atos primordiais, numa reprodução parcial ou total. Ao rito competia ação sagrada, ao mito, suas palavras, que dão respaldo a sua ação e explicam.

A este conjunto de símbolos, dar-se o nome de liturgia. Que seria basicamente todo aparato litúrgico disponível a religião. E, apesar de toda religião ter sua própria liturgia, ela é definida rigorosamente por ministros que uma vez designado a esta função e guardam e zelam pela sua devida aplicação.

Estão, portanto a serviço da mão homem x divindade, os ritos e os mitos, as leis, alguns criadas por seres finitos, outra por revelação do que é infinito e a temporal daquele que atravessa tempo e espaço, e é intocável em toda sua essência, narrativas e leis, deixando apenas a ritualística com o perfil de mutável, como mutável é aquele que exercita: o homem.

ELEMENTOS QUE COMPREENDEM O UNIVERSO PLURAL NA (RE) CONSTRUÇÃO DE SIGNIFICADOS

A religiosidade é uma qualidade inata. A humanidade nasceu religiosa. Como também criativa, inteligente e educável. Quantas vezes os questionamentos de hoje por muito já foram superados. Também é assim como os conceitos aquilo que se tem com novo já foi esgotada numa outra civilização.

E é notório que não tem sido o forte desta geração a invenção mas talvez uma (re) invenção ou uma re-arrumação de idéias. Por isto, a terra se torna bem sugestiva, para alguns os elementos constitutivos de religião serão meramente representado, mas para tantos outros serão visto como uma numa primeira vez, nunca anteriormente assim pontuados. Por isso afirmamos, uma humanidade por natureza criativa inteligente e educável não moldada e de uma vez para sempre, mas suscetível a influencia de toda uma realidade, ora determinada por era ora determinadora.

O cristianismo está infestado de interpretações distintivas e um conjunto distintivo de práticas culturais? O que explica este tipo de diversidade? Teria os seus elementos constitutivos – mito, rito e símbolo – prejuízos nesta realidade?

Uma das possíveis causas desta diversidade é a maneira de como é integrada os produtos de uma conversão: Ideologia, narrativas, normas morais e estéticas, rituais, experiência e vida em comunidade; uma outra explicação será a diferente maneira como os cristão interagem com os outros como visões não cristãos contemporâneo e com a cultura.

Durante o Renascimento (século XiV ao XVI), os cristãos encontravam novas questões, inclusive o surgimento de novas instituições políticas, a transição do comercio de troca para uma economia monetária e avanços no método cientifico como haviam feitos nos séculos anteriores, os cristãos tiveram que realizar ajustes em sua comoção para afrontar os novos desafios e tiveram de fazer dentro de uma estrutura bíblica.

(PALMER, 2000)

É como dizer que a cada época surge desafios, que superados pelas gerações anteriores, requerem respostas que forçam a outras gerações a fazerem os ajustes necessário as questões que se façam urgente aquela civilização. È coreto afirmar que a comoção ta,bem esta submetida a situações de tempo e de espaço e mais, o que as tendência que hoje às convencionamos como atuais ou modernas. Já tinha ido assim considerado por outras civilizações. Isto levanta a hipótese de e estar caminhando em círculos e que de fato o conhecimento já está aí, posto construído apenas parece que cada tempo é descoberto. Um exemplo desta situação, é bem apresentada pela “Modernidade”, que “inovando” sempre tem por seu mérito a capacidade de adaptação de uma realidade inúmeras outras, chamando de globalização. Seriam os mortais do século XXI os únicos desbravadores desta cosmovisão? Ou foi ela redescoberta e redescoberta e redescoberta? (...)

Finalmente é inevitável entender a cosmovisão Cristã em toda a sua diversidade. Como um dia também já foi feito e pensando. Pois uma cosmovisão vital e em funcionamento nunca deve ser entendida como um produto acabado. Ela sempre sofrerá modificações, modificação estas, feitas de forma diferente, por pessoas diferentes, em tempo diferente.

Seria um equívoco afirmar que os elementos constitutiva de religião, sofreria prejuízos com a diversidade isto se a consideramos como algo inevitável e peculiar a evolução dos povos ou ainda que dentre os muitos aspectos em que se apresenta de forma positiva, esta a condição de, por meio desta diversidade entendemos as habilidades e limitações humana, bem como seu lugar no cosmo:

A diversidade é uma coisa boa, porque quando atentamente tratada aumenta mesmo o entendimento e a sabedoria de pessoa, aprofundando sua avaliação das questões importantes. Um dos grandes debates preso no cristianismo centraliza-se nos temas entre o livre arbítrio da humanidade e a soberania de Deus. Historicamente João Arminio, tomou um lado deste debate e João Calvino o outro. Agora é possível que um lado ou outro tenha de fato acertado em sua totalidade na posição teológica correta. Mas provavelmente cada lado entendeu parte de um grande mistério.

(PALMER, 2000)

Assim se concebe que é altamente possível teses contrárias entre si, traduzirem verdades semelhantes do mesmo ponto de vista, ou ainda verdades distintas sobre óticas distintas e mais, podem ser contrários e em sua totalidade, ambas corretas.

Nesse universo plural, os retos são trazidos vozeados para um evangélico postou-se diante de uma imagem para orar é uma profanação e idolatria. Contudo, para um católico é um sinal de devoção. É, por isso, a religião é construídora do espaço significativo, elevando a categoria de sagrada. Basta adentrar-mos a história das civilizações, Jerusalém para os chitas, filisteus, moneus, persa e outros povos, era mas uma cidade a ser conquistada, porém para os hebreus era uma cidade sagrada, onde se encontrava um templo, por isso, a presença de Deus. Daí que Daniel a orar votava-se para Jerusalém.

Assim é Meca para os muçulmanos, Aparecida do Norte e Bom Jesus da Lapa para os Católicos.

“ Através da sacralização e consagração, a religião cria a idéia de espaço sagrado....”

(....) O espaço comum separa-se do espaço sagrado (....)

(CHAUÍ, 2000)

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

B. MANDIM, Quem é Deus? Elementos de teologia filosófica, São Paulo: Paulum, 1997,

MARILENE, CHAUÍ. Comate a Filosofia, Ática, ,São Paulo, 2000.

MICHAEL, D. PALNER. Panorama do Pensamento Cristão, CPAP, RJ, 2000.

PAUL, Tillch. Dinâmica da Fé. ed. Sinodel, RS,1974.