QUEM É DEOS? - PARTE I

SERMÕES DO PADRE AGOSTINHO DE MONTEFELTRO

PREGADOS NA IGREJA DE S. CARLOS DE ROMA

DURANTE A QUARESMA DE 1889

III

Quem é Deos?

Deos existe: é esta uma verdade que se impõe à razão, mesmo fora da fé. Deos existe: a historia de toda a humanidade o proclama através de todos od séculos. Esta verdade refulge na ordem e na harmonia que reina na creação.

Os ceos, diz o Psalmista, narram a gloria do Senhor, o firmamento anuncia a obra das suas mãos.

Em todos os tempos, em todos os logares não cessou nunca de aimar-se a idéia da Divinidade; por toda a parte a idea de Deos foi o primeiro elemento civilizador, e com os lábios e com o coração sempre se repetiu este acto de fé: Eu creio em Deos; em todos os climas a idéa da divindade presidiu ás leis dos costumes; esta idéa será a ultima taboa de salvação da humanidade.

Sem duvida se ouviu às vezes alguma voz isolada como uma nota discordante na harmonia universal. O insensato disse: Não há Deos! Mas esta voz do insensato, contra a qual protestou a consciência humana, ficou sem echo.

Porisso quem tem a audácia de dizer: Deos não existe, é obrigado a accrescentar: Todos os outros erram, eu sei mais que todos os homens. Ou, em outros termos: Eu não tenho senso comum; pois que o senso comum não é senão o sentimento universal.

Sim, o homem que não crê em Deos, é u, homem que não tem senso comum.

Aristoteles disse: Quem é tão intrepido que se atreve a negar a acção de Deos no universo, é um doudo. E um philosopho francez afirmava: É necessário ser maníaco para ter a coragem se ser ímpio.

Mas este Deos, cuja existência tem sido afirmada tão altamente em todos os tempos e em todos os logares, cuja idéa nunca ficou sem interpretes, este Deos quem é?

Quem é Deos? Perguntava S. Thomaz d’Aquino aos seus mestres, é quando lhe tinham respondido, de novo perguntava: Quem é Deos? E nunca se mostrava satisfeito das respostas que recebia.

é esta a pergunta que faz toda a alma humana; e a faz com impaciência, e exige uma resposta.

Quem nos dará esta resposta?

Tende a bondade de esperar, e a ouvireis.

Pedro Prudêncio de Morais
Enviado por Pedro Prudêncio de Morais em 11/11/2011
Reeditado em 01/12/2011
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