O PERIGO DA INTOLERÂNCIA

Não consigo enxergar na Bíblia um deus cruel, que adora mandar pessoas para o inferno, com certeza deve ser um deus com "d", minúsculo sem antes lhes dar mil e uma chance de arrependimento. Um deus castigador e perverso, não consigo enxergar Deus assim, pelo menos, não nesse tempo chamado Graça. O DEUS com "D" maiúsculo e que eu particularmente consigo enxergar nesse TEMPO chamado GRAÇA, é o Deus-amor, o Deus-pai e não o deus-carrasco. Vejo Deus como um Pai que sempre espera o filho retornar, vejo Deus exatamente como aquele que procura a Ovelha Perdida, como um pai que vai ao encontro do Filho Pródico. (Lucas 15)

A Graça é mais forte que a Lei, e é na Graça, que andar. Nela, podemos ver Deus apresentando-se como Pai e não como Juiz, tampouco, como um velho ranzinza com um cajado na mão pronto a dar cajadadas na cabeça do filho que pecou. Não é assim que Cristo nos apresenta Deus!

Durante a minha vida como católico aprendi a ver Deus assim, um deus terrivelmente pronto para castigar, eu não entendia por que as pessoas tinham que frequentar a missa pelo menos três vezes ao ano e se confessar, e depois, ter que ficar pagando penitências, repetindo frases intermináveis por seus pecados, rezando, repetindo o tempo todo e centenas de vezes a cada bolinha do rosário uma “Ave Maria” e “Pai Nosso”. Isso não é Graça!

Quando assisti pela primeira vez o filme Lutero, vi como as pessoas sofrem, só pelo fato de se arrependerem de seus pecados, elas sabem gigantescas escadas de joelhos, e a cada degrau pronunciam palavras de rogos a Deus.

Deus, nesse caso me parece um tanto severo. Não me parece nada com o Deus da Graça, que descobri depois de adulto. Se como católico cresci aprendendo a ver um deus que pune e castiça seus filhos transformando-os em escravos, o que dizer de algumas igrejas que se intitulam “evangélicas” que apresentam Deus também assim? Isso assusta as pessoas e as espantam para mais longe de Deus!

Vejo muitas igrejas protestantes usando a mesma ignorância da Igreja Católica, porém, não da mesma forma, mas com outra conotação. Algumas igrejas protestantes tentam mostrar Deus como alguém disposto a punir o “rebelde”, mas se esquecem que Lutero foi um rebelde, necessário em seu tempo. Para muitos hoje, quem andar fora dos trilhos (doutrinas), sem chance: inferno na certa! Mas Deus não é assim, Cristo não nos apresenta Deus dessa forma, e essa confusão é típica da RELIGIÃO e de líderes religiosos mal informados, ou bem informados, mas que usam o recurso do medo para prender as pessoas. No fundo, eles sabem que Deus não é da maneira como apresentam aos seus fiéis. Dá a impressão que repetem o mesmo erro do catolicismo: prender os fiéis pelo medo, e não pelo amor ao Pai.

Para prender os fiéis e torná-los escravos de uma religião, não basta batizá-los de pequenos, é preciso catequizá-los, lavar o cérebro deles desde a tenra idade, para que cresçam bitolados. O que difere um católico assim de um protestante radical e sem uma visão clara de Deus? Nada!

Se no catolicismo existe o catecismo, nas protestantes tem-se as escolas dominicais. A lavagem cerebral continua, algumas religiões fazem essa lavagem com um tom mais moderno, ou seja, empregando outros métodos, mas outras religiões fazem essa lavagem cerebral com tonalidades mais arcaicas, mas se mais arcaicos ou mais modernos, não importa, ambas têm o mesmo objetivo: tornar pessoas prisioneiras de uma fé cega.

Ao ler uma matéria da colunista da revista Época, Eliane Brum, jornalista ligada a Globo, uma das emissoras a mais perversas do país e especialista em lavar o cérebro das pessoas, num grau bem pior que o das religiões, percebi que a jornalista se declara ateia, Confesso que foi essa confissão a inspiração pra eu escrever esse artigo.

A colunista escreveu suas opiniões, baseando-se num dos temas de uma pregação da igreja “Novidade de Vida”. O tema era: “O Perigo da Tolerância”, do preletor Pr. Fábio Souza, e o texto de Vanessa Chaves, que se encontra na internet. (http://www.novidadedevida.com.br/2011/11/o-perigo-da-tolerancia/)

A colunista que se diz ateia, destaca:

“Tolerar “coisas erradas” é o mesmo que “criar demônios de estimação”. Entre as muitas frases exemplares, uma se destaca: “Hoje em dia, o mal da sociedade tem sido a Tolerância (em negrito e em maiúscula)”.

Claro, ao examinar o tema da pregação, não encontrei essas palavras que a colunista utilizou. Fica a impressão que ela tentou distorcer um pouco os fatos, porém, isso não vem ao caso. O que interessa nessa reflexão é conceito errôneo e equivocado de que Deus não é tolerante. Mentira!

Por que Isaías teria que dizer, há mais de 700 anos antes que Cristo essas palavras:

Isaías 53: “Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado (moído em outras traduções) por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.”

Deus é sim, muito mais tolerante que muitos pastores, padres ou pregadores por ai. Quem é intolerante é o homem, e essa intolerância revela o quanto é fraco esse ser masculino. Basta ver como ele utilizou a Palavra de Deus para se fazer machista e submeter a mulher. Na verdade, o machismo é apenas uma maneira de ele revelar o quanto tem medo de perder o poder sobre a mulher, o machismo revela o medo do homem em perder a mulher que lhe serve de muleta, porque sem ela ele não seria capaz de se tornar grande, em área alguma. Sempre a mulher engrandeceu o homem. Ele se sente cheio perto de uma mulher bonita, posa de machão, e até encara outros valentões como ele para mostrar que está por cima. Essa mesma fraqueza é revelada em sua intolerância, seja em qualquer instância do poder, e na esfera religiosa, o homem ainda comanda. Só que essa intolerância afeta muitas mulheres, m as ela é típica do ser masculino, mas não é de Deus.

Lendo as recomendações do apóstolo Paulo aos romanos deparei-me com as seguintes palavras:

“Portanto, é inescusável, ó homem, qualquer que sejas, quando julgas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro, praticas o mesmo. (...) E tu, o homem, que julgas os que praticam tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás do juízo de Deus? Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te conduz ao arrependimento? (Rom. 2: 4)

"Para que não vos torneis intolerantes, mas sejais imitadores dos que pela fé e paciência herdaram as promessas." (Hb 6:12)

"Fazer acepção de pessoas no juízo não é bom". (Prov. 24:23)

"Então Pedro, tomando a palavra disse: Na verdade, reconheço que Deus não faz acepção de pessoas". (Atos 10:34)

"pois para com Deus não há acepção de pessoas." (Romanos 2: 11)

"Meus irmão, não tenhais fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas." (Tiago 2:1)

"Mas se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo por isso condenados pela lei como transgressores." (Tiago 2:9)

"E se invocais por Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em temor durante o tempo da vossa peregrinação." (I Pedro 1:17)

Como DEUS não é tolerante, depois de tudo que fez na cruz, e depois de instituir a Graça? A Lei sim, esta não era e nem é tolerante? Toda lei é fria, e não há nela nenhuma expressão de sentimento. Os sentimentos de um pai se manifestam na Graça, e não na lei e nem nas regras.

Os judeus aprenderam com a Lei a fazer acepção de pessoas, separaram o mundo criando dois mundos diferentes: o dos judeus e o dos gentios, e assim, eles se autodenominaram “Povo Escolhido” e os gentios, “povos malditos”, eles, “Nação Santa e Raça Eleita” o restante fazem parte de um mundo perdido, povos imundos, e assim, os judeus passaram a proibir seus filhos de se misturarem com outros povos, permitindo o casamento apenas entre eles próprios. Não é a mesma segregação pregada por Hitler na Alemanha? O curioso é que eles mesmos os judeus, é que se tornaram alvos da mais terrível perseguição que a história já registrou. Hitler afirmava que um alemão não deveria se misturar com um judeu ou com outros povos, porque os alemães eram provenientes de uma “raça pura”, a raça ariana, portanto, todos os judeus que estivessem na Alemanha deveriam ser exterminados, e assim, Hitler instituiu na política da “limpeza de raça”, eliminando cerca de 8 milhões de judeus. Assim, o antissemitismo tomou conta da Alemanha nazista, e o resultado foi o holocausto.

Pois bem, os judeus, pagaram com a mesma moeda, e sofreram horrores por conta do preconceito nutrido contra outros povos, e mesmo assim, não aprenderam a lição. Claro, eles entenderam errado o que queriam dizer as Escrituras. Deus nunca disse que odiassem outros povos, mas que os alcançassem pela fé. Como não entenderam isso, o próprio Deus teve que se fazer carne e habitar entre os judeus para mostrar-lhes o quanto estavam errados nessa visão separatista.

João 1:1 e 14 diz:

“No principio era o VERBO, e o Verbo estava com Deus e o VERBO era Deus. E o VERBO se fez CARNE e habitou entre nós, cheio de GRAÇA e de VERDADE; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai”.

Deus é tolerante e não faz acepção de pessoas, e os nossos irmãos judeus não conseguiram compreender o que Deus queria quando chamou Israel de "Povo Escolhido".

Veja o que Paulo disse na carta aos que escreveu aos romanos:

“(como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí) perante aquele no qual creu, a saber, Deus, que vivifica os mortos, e chama as coisas que não são, como se já fossem. O qual, em esperança, creu contra a esperança, para que se tornasse pai de muitas nações, conforme o que lhe fora dito: Assim será a tua descendência”. (Romanos 4: 17-18)

Foi pela fé que Abraão compreendeu que Deus queria transformá-lo em pai de muitas nações, porém, seus descendentes, os judeus jamais compreenderam tal propósito!

Então, o que dizer da intolerância? Ela não encontra respaldo naquilo que se entende por Palavra de Deus. Talvez sim na Lei fria e dura, mas não no Deus da Graça que se Vê no Novo Testamento. Não há lugar para a intolerância no Deus apresentado e encarnado em Jesus. Não se trata de religião, mas de se ter um encontro PESSOAL com Cristo.

Há um debate entre Deus e religião, Cristo e religiosidade, e nesse debate, Yeshua deixa bem claro que religião é coisa de homens e não de Deus, todos procuram Deus nas religiões, mas acabam perdendo a sua individualidade, acabam se tornando escravos, prisioneiros de uma fé cega, ilógica e irracional, acabam se tornando bitolados, doutrinados e controlados. Mas não é este o propósito de Deus, que pensa em libertar as pessoas daquilo que as tornam prisioneiras, não apenas do pecado, mas também das doutrinas e da religiosidade, das regras banais e fúteis, dos fardos pesados impostos sobre as costas das pessoas que pensam que estão se aproximando mais do Criador cumprindo com certos preceitos. As pessoas parecem andar encurvadas de tanto peso nas costas, elas carregam um saco de doutrinas, e estão presas como bois bravos atrelados por uma “canga” ao pescoço para não se desviarem do “caminho”, um “julgo” tão pesado imposto pelas religiões que o próprio Jesus criticou, e pré-dispôs a trocar por um jugo bem mais suave e um fardo bem mais leve, que Ele mesmo ofereceu a todos nós. Veja em Mateus 11: 28-30:

“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo e leve.”

Por que então insistir com religiosidade e doutrinas que não traduzem um relacionamento pessoal com o Criador?

Para compreender melhor esse debate entre Cristo e a religiosidade, ou Cristo e as regras e Cristo e as religiões, recomendo o filme “O Encontro Perfeito”.

No filme Yeshua aparece na figura de um homem comum, porém, com trages sociais, adequado para essa nossa época para travar um diálogo com uma mulher. Tudo começa com um bilhete misterioso no escritório: “Hoje você está convidada a almoçar com Jesus Cristo”, e o curioso é que era justamente no mesmo restaurante em que se encontrara com seu marido, mas que a relação parecia atualmente um pouco fria por contra do trabalho. Ambos eram religiosos e insatisfeitos, traumatizados por alguma coisa. Assista, irá gostar!

Na mesma sequência desse diálogo de Cristo com a mulher, ele aborda temas como as religiões, as regras e as doutrinas. O diálogo é ainda melhor no outro filme: “Um outro Encontro”.

Desta vez o diálogo ocorre com a filha, dez anos depois. Uma garota frustrada que procurava fugir da família, descrente, mas que crescera na religião. Incomodada pela obsessão dos pais em enfiar-lhe goela abaixo a religião e as doutrinas, a mesma encontra-se com Yeshua num avião. Ela senta entre dois homens: de um lado um religioso e chato, com o mesmo discurso entediante dos pais, injuriada a garota se levanta e vai ao banheiro, em seguida retoma o seu lugar. Do outro lado, um homem tranquilamente brincava com uma garota e rabiscava em um papel. A sena daquele homem brincando com uma garotinha foi a porta aberta para se iniciar um diálogo gostoso e muito tranqüilo entre o homem e a jovem frustrada.