"COLUNA OPINIÃO-CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2012 SAÚDE PÚBLICA".
 ARMANDO LEMES.


Temos comentado e cobrado muito nessa coluna a respeito de saúde pública, sua precariedade e a falta de interesse dos Órgãos Governamentais, nas escalas federal, estadual e municipal, acerca deste grave problema que atinge a todas as camadas do povo brasileiro. Saúde é fator fundamental para uma qualidade de vida decente. O povo merece e tem direito a saúde de graça, por disposição contida na Constituição. Infelizmente nossos governantes, alguns por desconhecimento e outros por maldade mesmo, entendem que saúde de graça não é função do estado, colocam nos seus planos de governo a saúde em terceiro plano e ainda acham que estão prestando um favor à população. Um mínimo de condição de sobrevivência ao ser humano é o que todos necessitados por saúde reclamam. É bom que fique claro ao homem público: saúde de graça não é esmola e sim um direito do cidadão e um dever do Estado.
Todos os anos no período da Quaresma, a Pastoral da Saúde, órgão da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, lança a Campanha da Fraternidade. A Campanha normalmente tem um tema e um lema. O tema para a campanha desse ano é: “A Fraternidade e a Saúde Pública”, e o lema: “Que a saúde se difunda sobre a terra”. Muito a tempo a preocupação da CNBB com a situação da saúde no Brasil. O caos é total. Pode melhorar, dependendo da vontade de nossos políticos eleitos para nos representar em qualquer nível, municipal, estadual e federal. Vale citar um texto muito bem escrito pelo Pe. Anísio Baldessin, Coordenador da Pastoral da Saúde da Arquidiocese de São Paulo, num folheto explicativo da Igreja sobre a Campanha da Fraternidade deste ano, que dá uma ideia precisa da importância da Campanha da Fraternidade. O título do texto, “Saúde: Uma Questão de Atitudes” relata, em poucas palavras, a realidade da saúde em nosso país. Faltam aos mandatários, atitudes e responsabilidades e, em contrapartida, acresce-se uma dose significativa de corrupção. É difícil para um ser humano consciente da situação miserável em que vivem as pessoas de baixa renda no país, longe da possibilidade de ter um plano particular de saúde, admitir que alguém possa subtrair do já precário Sistema Único de Saúde, nosso SUS, dividendos que seriam aplicados na saúde da população. O artigo do Pe. Anisio Baldessin  diz que não podemos ir na contra mão do governo, tirando-lhe essa responsabilidade que está escrita na Constituição, saúde é dever do Estado. A Campanha da Fraternidade começou em 1964 e cada ano, durante a quaresma, a CNBB repete a Campanha com uma proposta diferente. Esse ano, por unanimidade, foi escolhido o tema “A Fraternidade e a Saúde Pública”. A Igreja Católica sempre se preocupou com a realidade social do povo, denunciando o pecado social e promovendo a justiça. O objetivo principal da Campanha da Fraternidade de 2012 é refletir sobre a realidade da saúde pública no Brasil em vista de uma vida saudável, invocando o espírito fraterno e comunitário das pessoas na atenção dos enfermos, mobilizando a população para a melhoria de nosso Sistema Único de Saúde, o SUS. O texto base da Campanha da Fraternidade está dividido em três partes e uma conclusão. Na primeira parte, com o título de: “Fraternidade e a Saúde Pública”, mostra-se um panorama da Saúde Pública no Brasil, que é uma das piores do mundo, embora tenha mostrado índices de melhora nos últimos anos. A segunda parte, com o titulo de: “Que a Saúde se Difunda sobre a Terra”, aborda sobre as doenças no Antigo e Novo Testamento, mostrando Jesus curando os doentes quando percorria pela Galileia. A terceira, intitulada “Indicações para a Ação Transformadora no mundo da Saúde”, analisa a atual Pastoral da Saúde da Igreja e o papel dos seus agentes envolvidos com o assunto. Uma área importante da terceira parte aborda a dignidade de viver e morrer de um ser humano. A conclusão mostra como, ao longo dos últimos anos, houve mudanças no conceito de saúde, de “caridade” para “direito”. É lamentável que esse direito seja transformado em negócios, um mercado sem coração, onde espertalhões têm a coragem de subtrair recursos do SUS para proveitos próprios. A Campanha prega também a prevenção como uma das melhores formas de evitar doenças contagiosas e crônicas que mais matam no país. Vale a pena se inteirar da Campanha da Fraternidade deste ano que aborda a precariedade da saúde pública no Brasil, cobra melhoras das autoridades e proclama os fiéis da Igreja Católica a se embrenharem nessa Campanha. Que Deus abençoe a todos nós para uma saúde melhor e digna em 2012.
Até a próxima semana se Deus quiser e Ele há de querer porque aqui estarei falando sério em defesa da comunidade.