Contenção de impulsos inferiores e desenvolvimento de valores humanos na intimidade

Nas esferas mais intimas de nosso ser, portanto, mergulhados nas fronteiras de nosso ego encontram-se nossos impulsos. Trata-se de inclinações geradoras de comportamento originadas em nossa identificação profunda com sensações de prazer e dor.

Agimos motivados pelo prazer e pela dor em níveis anteriores ao da ação consciente. Uma conduta motivada por esse gênero de prazer tão primário pode representar uma disfunção geradora de sofrimento no plano consciente.

Impulsos inconscientes geradores de sofrimento e dor são necessariamente de ordem inferior, posto que impulsos superiores são geradores de prazer e felicidade no plano consciente, algumas vezes a longo prazo.

O conflito entre impulsos inferiores e superiores nos revela que a ordem necessária entre eles no plano da evolução da consciência é sempre dos inferiores para os superiores, o que não os impede necessariamente de conviverem simultaneamente.

Não há lógica em se trabalhar impulsos superiores para que se tornem inferiores como não há lógica em se transformar felicidade autêntica em sofrimento. O trajeto racional é transformar impulsos inferiores em impulsos mais elevados, sofrimento em felicidade.

O horizonte no qual se dá esse processo de transformação é um rico manancial de dolorosas, mas essenciais e verdadeiras, situações onde a assimilação gradual de valores humanos na intimidade faz com que a identificação com os impulsos primitivos seja assimilada e superada por outros mais elevados e sintonizados com um padrão de vida superior.