Carta ao Leonel que defende Siladas Malafalha

[LEONEL, não sei responder na própria mensagem. Publiquei aqui, então].

Leonel, agradeço sua mensagem. Ela está publicada no meu perfil porque não é anônima. Eu publiquei esse comentário no jornal www.diariodoscampos.com.br onde voce poderá também enviar seu ponto de vista. O PL 122 não tenciona proibir ninguém de falar o contrário. O que o PL 122 faz é ensinar as pessoas que os tempos mudaram e que a gente precisa respeitar o direito das pessoas sem apregoar tabuletas, como faz o Malafalha.

Voce me acusa de uma coisa que não aparece no meu texto nem naquilo que ensino e nos diálogos que tenho com pessoas evangélicas que me procuram desesperadas com o peso que os maus pastores colocam sobre os ombros delas. Até me daria para escrever um livro, não fossem as conversas confidenciais. Eu não ataco a Bíblia. Eu ataco um tipo de interpretação que não leva em conta os elementos culturais, históricos, sociais, os princípios de época. Eu não sou um teólogo desonesto. Admito que a maioria das coisas na Bíblia não tem sentido prático, histórico, cultural, político, hoje, não por culpa da Bíblia. Ela foi escrita num tempo, se refere a coisas daquele tempo. Vamos dar exemplos? A Bíblia proibe comer carne de porco. A Bíblia manda guardar o sábado. Manda as mulheres usarem véu e a não usarem jóias e enfeites. Naquele tempo estas coisas faziam sentido. Eram do contexto. Do outro lado, a Bíblia não fala em televisão, internet, farmacologia, câncer e depressão. Estas coisas não existiam no período em que foi escrita. A Bíblia não fala em cigarro, fumar, porque o uso do cigarro foi no século XVI e começou na França. O padrão de vida familiar, sexual, social do tempo da Bíblia era outro. O que os povos sob a influência da Bíblia e da tradição judaica chamavam de adultério e divórcio, nada tem a ver com o nosso sistema jurídico. Salomão tinha mil mulheres e não era adúltero. Não há nenhuma repreensão a Abraão por ter mantido relações sexuais com Hagar. Questão de contexto.

Quanto a utilidade de Freud e Jung para a vida das pessoas, conto-lhe duas experiências. A primeira foi que eu estava num Seminário Teológico num dia em que eles denominavam “Dia do Seminarista”. E haveria uma aula amostra de Aconselhamento Pastoral. Aberta ao público, um dos alunos, engajado no anti-psicologismo, deitou a lenha em Freud baseado no psiquiatra americano, Jay Adams. Depois que ele se esbaldou, me lembro bem, ergueu-se uma mão pedindo a palavra e o cara passou a expor as situações de consultório e perguntar como o jovem seminarista se sairia. Acabou com a aula do futuro pastor. Ao final, se identificou como médico psiquiatra.

Eu sou procurando diariamente por pessoas, maioria evangélicas, e não fosse as teorias da psicanálise, creio que estas pessoas não se encontrariam. Portanto, não desprezo o conhecimento científico.

Lamento mas não sou respeitoso com pastores que pedem ofertas de, no mínimo, 900 reais. Conheci um pastor batista, Israel Biork, de quem fui aluno, que costumava me dizer, toma cuidado com os pastores que precisam gritar, espernear, urrar para confirmar o único assunto que sabem debater. Quanto mais fala contra adultério, mais esse pastor não consegue lidar com as tentações internas do seu ser, dizia Biork.