HOMILIA PE. ÂNGELO BUSNARDO- XVI DOMINGO COMUM.

XVI DOMINGO COMUM

22 / 07 / 2012

Jr.23,1-6 / Ef.2,13-18 / Mc.6,30-34

Numa teocracia, o rei é também chefe religioso e tem autoridade sobre os sacerdotes. Quando o rei é desonesto, afasta os sacerdotes honestos e os substitui por sacerdotes desonestos que apóiam a desonestidade do rei. Jeremias profetizou no período que precedeu a deportação para a Babilônia. Os sacerdotes infiéis estavam a serviço do rei e não a serviço do povo. A parte do povo que era infiel apoiava os sacerdotes, mas a parte do povo que se mantinha fiel ao Deus de Israel estava abandonada e eram como ovelhas sem pastor. Por isto, Jeremias avisou os sacerdotes que seriam castigados e afastados do rebanho: 1 Ai dos pastores que perdem e dispersam as ovelhas de minha pastagem – oráculo do Senhor! 2 Por isso, assim diz o Senhor Deus de Israel contra os pastores que apascentam meu povo: Vós dispersastes as minhas ovelhas, as expulsastes e não cuidastes delas. Eis que vos castigarei pela maldade de vossas ações – oráculo do Senhor! (Jr.23,1-2).

Jeremias sofreu perseguição por denunciar a infidelidade do rei e dos sacerdotes por ele escolhidos. Foi açoitado, ameaçado de morte e até colocado num poço seco para que morresse de fome e sede: 6 Agarraram, então, Jeremias e o lançaram na cisterna de Melquias, filho do rei, no pátio da guarda; fizeram-no descer por meio das cordas. Nesta cisterna não havia água, mas lodo, e Jeremias atolou no lodo (Jr.38,6).

O rei não se converteu, os sacerdotes favoráveis ao rei continuaram apoiando o rei em vez de voltar-se para o Deus verdadeiro e, conforme Jeremias tinha anunciado, Deus usou o Nabucodonosor, rei da Babilônia, para derrotar Israel, destruir Jerusalém e o templo e deportar os sobreviventes como escravos.

A história se repete. Hoje, os líderes eclesiásticos deixaram de zelar pela fidelidade das ovelhas a eles confiadas, jogaram fora a consciência do pecado e consideram normal todo tipo de transgressões contra os mandamentos. As ovelhas desnorteadas se afastaram e não se preocupam mais com a salvação e quando, por alguma razão, procuram a Igreja verdadeira lhes são ministrados sacramentos sacrílegos e ficam com a ilusão que podem salvar-se sem se libertar dos pecados e sem cumprir suas obrigações para com Deus.

No Antigo Testamento, Deus escolheu Israel. Através de Israel, Deus queria colocar a salvação à disposição de todos os povos: 5 Agora, se realmente ouvirdes minha voz e guardardes a minha aliança, sereis minha propriedade exclusiva dentre todos os povos. De fato é minha toda a terra, 6 mas vós sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa. São estas as palavras que deverás dizer aos israelitas” (Ex.19,5-6). Com a vinda do Messias, se Israel se mantivesse fiel e aceitasse o Messias, os israelitas seriam usados por Deus para evangelizar todos os povos. Portanto, Deus quer salvar todos os povos e a salvação está à disposição de todos. Mas os israelitas supunham que Deus tinha posto a salvação à disposição somente deles.

São Paulo concorda que, antes de Jesus, havia realmente dois grupos: os judeus que já tinham sido chamados à salvação e os não judeus ainda não tinham sido declaradamente chamados à salvação. Mas com a vinda de Jesus, a barreira que dividia os dois grupos foi destruída: 13 Ao passo que agora, em Cristo Jesus, vós, que por um tempo estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo. 14 Pois é ele a nossa paz, ele, que de dois fez um só povo, derrubando o muro de separação, a inimizade, em sua própria carne (Ef.2,13-14). Jesus morreu na cruz para salvar a todos, judeus e pagãos. O sangue derramado por Jesus produziu méritos infinitos mais do que suficientes para salvar toda a humanidade: 17 Veio para anunciar a paz a vós, que estáveis longe (pagãos), e também àqueles que estavam perto (judeus). 18 Porquanto é por ele que nós, judeus e pagãos, temos acesso junto ao Pai num mesmo Espírito (Ef.2,17-18).

Todos são chamados à salvação, mas nem todos se salvarão. Aqueles que não se tornarem filhos adotivos de Deus através dos sacramentos instituídos e confiados por Jesus exclusivamente à Igreja Católica, a única que foi fundada por Ele, não se beneficiarão dos méritos infinitos por Ele produzidos ao morrer na cruz e não se salvarão. Agora judeus e pagãos têm a mesma possibilidade de se salvar, contanto que, através dos sacramentos distribuídos de forma válida somente pela Igreja Católica, se tornem povo de Deus e permaneçam fiéis até à morte.

Deus enviou Jesus para revelar o seu plano de salvação para toda a humanidade. Sabendo que não iria ficar para sempre na terra de forma visível, Jesus convocou e preparou um grupo de seguidores e os treinou para continuar a sua obra assim que completasse sua missão na terra. Como parte do treinamento, costumava enviar os discípulos para povoados e cidades aonde posteriormente Ele mesmo iria. Como partiram para evangelizar com poder de curar doentes e expulsar demônios a missão teve muito sucesso e voltaram entusiasmados com o resultado. O entusiasmo levou os discípulos até a esquecerem de se alimentar: 30 Os apóstolos voltaram para junto de Jesus e lhe contaram tudo que tinham feito e ensinado. 31 Jesus lhes disse: “Vinde vós sozinhos para um lugar deserto e repousai um pouco”. Pois eram tantos os que iam e vinham, que eles não tinham tempo nem para comer (Mc.6,30-31). Jesus os advertiu para que o excessivo zelo não os levasse a prejudicar a própria saúde e os impedisse de cumprir a sua missão. Por ordem de Jesus, eles partiram de barco para um lugar afastado para que pudessem se alimentar e descansar: 32 Eles partiram de barco para um lugar deserto e afastado (Mc.6,32).

Impulsionado pelo vento, o barco avançava lentamente e era possível acompanhá-lo caminhando pela margem: 33 Mas, vendo-os partir, muitos compreeenderam para onde iam, e de todas as cidades foram a pé e chegaram antes deles (Mc.6,33). Quando a embarcação chegou ao destino, a multidão que tinha visto Jesus e os discípulos partirem, juntamente com outras pessoas que a ela se uniram no cominho já estava lá, aguardando por eles: 34 Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão de povo e sentiu compaixão dele, pois eram como ovelhas sem pastor (Mc.6,34). Durante o trajeto, Jesus e os discípulos tiveram tempo de se alimentar e descansar. Ao desembarcar, já estavam prontos para continuar o pastoreio das ovelhas que os esperavam.

Todo aquele povo procurava Jesus e os seus discípulos porque os lideres religiosos que presidiam as sinagogas das cidades e povoados onde moravam eram infiéis em não ensinavam com autoridade. Se aquele povo fosse servido por bons chefes de sinagoga teria sido bem orientado por eles e não teria precisado se deslocar para encontrar-se com Jesus e seus discípulos.

Código : domin799

Ângelo José Busnardo

e-mail : ajbusnardo@gmail.com

PE. ÂNGELO BUSNARDO
Enviado por Joanne em 18/07/2012
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