Homilia Pe. Ângelo Busnardo-XXXII Dom. Comum (O profeta Elias, os sacerdotes de Baal, e os méritos infinitos de Jesus)

XXXII DOMINGO COMUM

11 / 11 / 2012

1Rs.17,10-16 / Hb.9,24-28 / Mc.12,38-44

Sendo Israel uma teocracia, o rei era chefe político e religioso. Quando Israel era governado por um rei infiel, ele escolhia sacerdotes infiéis como ele para dirigir a religião. Estes juntamente com o rei perseguiam a parte do povo que se mantinha fiel a Javé, o Deus de Israel. O rei Acab, contrariando as normas religiosas, casou com princesas estrangeiras, entre elas, Jesabel, uma adoradora do falso deus Baal: 30Acab filho de Amri praticou o que desagrada ao Senhor mais do que todos os predecessores. 31Como se não tivesse bastado andar nos pecados de Jeroboão filho de Nabat, ainda tomou por esposa a Jezabel filha do rei da Fenícia Etbaal, e foi prestar culto a Baal, prostrando-se diante dele (1Rs.16,30-31). Jesabel, com o consentimento de Acab, trouxe centenas de sacerdotes de Baal para Israel. Os líderes religiosos do povo de Deus que se mantiveram fiéis foram mortos ou expulsos e o povo foi induzido a adorar Baal.

O profeta Elias, para evitar a morte, avisou Acab que Deus castigaria Israel com uma seca de três anos e seis meses e partiu para o deserto: 1 Elias, tesbita de Tesbi de Galaad, disse a Acab: “Pela vida do Senhor Deus de Israel, a cujo serviço estou, nestes anos não cairá nem orvalho nem chuva, exceto à minha palavra” (1Rs.17,1). Chegando na torrente de Garit, Elias acampou e, por um tempo, Deus o alimentou: 3 “Parte daqui e toma a direção do oriente; vai esconder-te junto ao córrego de Carit, que se acha a leste do Jordão. 4Lá tu beberás do córrego; dei ordens aos corvos para te levarem provisões” (1Rs.17,3). Por causa da seca, a torrente também secou e Deus o enviou para a casa de uma viúva em Serepta na Sidônia. Para alimentar o profeta, a viúva e o filho dela, Deus multiplicou os ingredientes necessários para fazer pão: 13Mas Elias lhe replicou: “Não te preocupes! Vai fazer o que dizes. Mas faze-me primeiro um pãozinho e traze-o para mim, depois o farás também para ti e teu filho. 14Pois assim fala o Senhor Deus de Israel: O pote da farinha não acabará e o jarro de azeite não se esvaziará, até o dia em que o Senhor mandar chuva sobre a face da terra”. 15Ela foi e fez o que Elias lhe tinha dito; ela e seu filho, além de Elias, tiveram o que comer durante muito tempo. 16A vasilha de farinha não se acabou e o jarro de azeite não se esvaziou, como o Senhor tinha falado por intermédio de Elias (1Rs.17,13-16). Jesus cita este fato na sinagoga de Nazaré para justificar o fato de ter feito milagres em Cafarnaúm em vez de fazê-los na cidade onde se tinha criado: 23 Ele lhes disse: “Certamente me direis o provérbio: ‘Médico, cura-te a ti mesmo; tudo quanto ouvimos que fizeste em Cafarnaum, faze-o aqui em tua terra’”. 24 E continuou: “Eu vos asseguro: nenhum profeta é bem recebido em sua própria terra. 25 Na verdade, eu vos digo: Muitas viúvas havia em Israel nos dias de Elias, quando o céu se fechou por três anos e seis meses e houve grande fome em todo o país. 26 Mas Elias não foi enviado a nenhuma delas senão a uma viúva em Sarepta de Sidônia (Lc.4,23-26).

Deus foi generoso com a viúva que acolheu Elias em sua casa. Mas a viúva também foi generosa para com Deus na pessoa de Elias. O profeta mandou que ela fizesse primeiro um pão para ele e depois para ela e o filho. Ela acreditou e seguiu as instruções de Elias. Se a profecia não se cumprisse, ela e o filho ficariam sem comida. Jesus indica outra viúva generosa que ofereceu para Deus uma quantia que, apesar de pequena, era necessária para o sustento dela: 42 Veio, então, uma pobre viúva e pôs no cofre apenas duas moedinhas no valor de alguns centavos. 43 Jesus chamou os discípulos e lhes disse: “Eu vos asseguro: esta pobre viúva deu mais do que todos os que depositaram no cofre. 44 Pois todos eles deram do que lhes sobrava; ela, porém, na sua indigência, deu tudo que tinha, todo o seu sustento” (Mc.12,42-44).

No Antigo Testamento, o sumo sacerdote entrava uma vez por ano no Santo dos Santos para oferecer um sacrifício pelo perdão dos pecados dele e do povo: 25 E não entrou para se oferecer muitas vezes a si mesmo, como o Sumo Sacerdote que entrava todos os anos no santuário, para oferecer sangue alheio (Hb.9,25). O sumo sacerdote precisava repetir o sacrifício porque, sendo um ser humano sujeito ao pecado e oferecendo o sangue de um animal, o sacrifício por ele apresentado não produzia méritos infinitos capazes de aplacar a ira divina por todos os pecados cometidos por toda a humanidade.

Jesus se ofereceu uma única vez e o sacrifico dele foi suficiente para aplacar a ira divina pelos pecados cometidos por toda a humanidade em todos os tempos, porque Ele ofereceu seu próprio sangue e, sendo Deus, os méritos dele são infinitos: 26 Do contrário lhe seria necessário padecer muitas vezes desde o princípio do mundo. Mas só apareceu agora, uma vez apenas, na plenitude dos séculos, para destruir o pecado pelo sacrifício de si mesmo (Hb.9,26). A gravidade da ofensa é calculada pelo lado do ofendido. Deus é infinito. Sempre que nós ofendemos a Deus produzimos ofensas de gravidade infinita. Somente os méritos infinitos produzidos por Jesus podem aplacar a divindade ofendida pelos nossos pecados.

Pelo fato de Jesus ter produzido méritos infinitos não significa que todos estão salvos. Os méritos estão à disposição de todos, mas se salva somente aquele que se apodera dos méritos infinitos de Jesus através dos sacramentos. Jesus confiou os sacramentos à Igreja Católica, a única fundada por Ele. Somente a Igreja Católica pode conferir sacramentos válidos. Aquele que rejeita a Igreja Católica ou, mesmo pertencendo à Igreja fundada por Jesus, rejeita os sacramentos ou os recebe sem as devidas disposições, apesar de ter à sua disposição os méritos infinitos de Jesus, não se salvará. Por isto, a carta aos Hebreus diz que Jesus se ofereceu para tirar os pecados de muitos: 28 Do mesmo modo também Cristo, que se ofereceu uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá, pela segunda vez, sem pecado para os que o esperam a fim de receberem a salvação (Hb.9,28). Os méritos infinitos de Jesus estão à disposição de todos, mas somente aqueles que se apoderam dos méritos infinitos de Jesus através dos sacramentos distribuídos pela Igreja Católica se salvam.

Código : domin814

Ângelo José Busnardo

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Pe. Ângelo Busnardo.
Enviado por Joanne em 07/11/2012
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