15º COMUM ANO C “Mestre que devo fazer?”

15º COMUM ANO C

“Mestre que devo fazer?”

Palavra da Liturgia – Lc 10,25-37

Na leitura deste final de semana Jesus define em poucas palavras qual é o caminho essencial da fé. Por onde devemos trilhar nossos passos, o que verdadeiramente permanece e como transformar nossa vida em conversão autêntica.

Diz a Palavra que um doutor da lei levanta-se e pergunta a Jesus, para pô-lo à prova, o que deve fazer para possuir a vida eterna?

Como que se fossemos nós que alcançamos a vida eterna pelas nossas forças humanas; corremos o risco de achar que podemos alcançar a vida eterna pela quantidade de missas, cultos, orações e reuniões na igreja e ainda julgar que outros não alcançarão ou até sentenciar o irmão para o inferno. Quanta pretensão de nossa parte, a salvação só Jesus pode oferecer, e fez isto na Cruz, entregando-se totalmente por nós.

Para você ter uma idéia da dificuldade que este doutor da lei impôs a Jesus é que naquele tempo havia aproximadamente 613 leis a serem seguidas e decoradas. Só tinha acesso ao conhecimento e a salvação quem tinha estas leis na ponta da língua. Porém o povo simples não conseguia decorar estas leis todas, obrigatórias a serem vividas.

O Doutor da Lei era um especialista destas leis, portanto se achava o único com condições de amar a Deus plenamente, pois sabia de cor e salteado todas estas leis, portanto se achava mais santo do que o povo. Conhece algo parecido?

Num primeiro momento a resposta foi sábia e decisiva, o Doutor da Lei como um bom entendedor disse que o amor a Deus e ao próximo resumia todas as 613 leis.

Jesus concordou, pois para o Mestre servir a Deus não é um ato de obrigação, decoreba e cumprimento de regras, mas de satisfação, e o amor não se faz com regras e nem com leis, e sim com experiência de vida e entrega total a Deus e ao próximo. Viver o amor é o passo fundamental para se viver ou para professar um credo; o amor gera vida a quem pratica e a quem recebe.

Quem ama pratica a lei e agrada a Deus. Não basta ser um religioso entendedor de leis e doutrina, é preciso saber amar, e não se aprende o amor nos livros e sim na prática, no acolher o próximo e a Deus em nossa vida. Na verdade o amor é um dom natural oferecido gratuitamente e que exige, por que incrível que pareça, pouco esforço de nossa parte. Mas como gostamos de complicar a vida, fazemos Leis para fugir da Graça.

O Doutor da Lei se distanciava do mais importante e para não ficar por baixo insistiu na sua hipocrisia e maldade em querer desconcertar Jesus e perguntou:

“Quem é o meu próximo?”.

Jesus responde com uma história, fala de um homem que foi assaltado, ferido e jogado no meio do caminho. Passaram por ele primeiro os que por consciência deveriam acolhê-lo:

Um sacerdote que o desprezou, um levita (pessoa de igreja) que também o ignorou e enfim o samaritano: odiado pelo doutor da lei, uma pessoa mau vista, de muitos credos misturados, tratado como se fosse pior que um cachorro pelo povo da bíblia da época. O samaritano foi o único que acolheu aquele cidadão, tratou dele e pagou suas despesas todas, sem conhecê-lo ou importar-se com sua religião.

O amor não se pratica com sentimentalismo, mas com solidariedade, por isso a reação do samaritano foi compaixão, ou seja, sofrer junto. O amor é prático e não teórico.

Jesus pergunta ao doutor da Lei (que odiava o samaritano): quem foi o próximo? O doutor da lei respondeu:

“O samaritano”.

Esta mensagem nos deixa claro que não são nossas etiquetas e rótulos religiosos, nossas quantidades de orações e conhecimentos que nos levarão a entender o Reino dos Céus, mas a caridade é o modelo autêntico e essencial o que nos torna verdadeiramente divinos.

Amar a Deus de todo coração, de toda a alma, de todo o espírito e amar o próximo como a si mesmo é o modelo de vida cristã que Deus quer para nós. E não se faz isso por preceito e obrigação, se faz por satisfação e consciência clara da vontade de Deus.

Deus não necessita de bajuladores. O bajulador jamais terá uma visão própria de Deus. Quem não aprendeu a amar só lhe resta adular. Entre mergulhar na corrupção dos bajuladores é preferível tomar gotas de amor para não morrer afogado numa fé hipócrita.

Quer viver Deus? Quer ser de Deus? Só há um caminho por onde passam todos os outros: Ame!

A sua conduta e não as palavras dirão se sua fé convence.

“Vai e fazes o mesmo.”

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Gilberto Ângelo Begiato
Enviado por Gilberto Ângelo Begiato em 08/07/2013
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