Aumbandã

Falávamos no artigo anterior, das civilizações do passado e mais especificamente da Atlântida; civilização que os céticos materialistas querem que seja apenas uma lenda. O continente Atlante foi arrasado por imensas convulsões geológicas que provocaram seu desaparecimento. Isto não se deu de uma só vez, houve quatro grandes cataclismos em épocas bem distantes umas das outras, por fim só restava a Ilha de Poseidônis que segundo os registros espirituais afundou há 16.000 anos e da qual Platão fez referências.

Mas o que provocou a destruição desta civilização e seus notórios progressos? Para responder a esta questão é preciso compreender a profundidade das implicações espirituais e suas leis. A raça Atlante era constituída de espíritos que já possuíam considerável progresso intelectual, como atestam suas realizações, entretanto, a maioria de seus habitantes não tinham realizado o progresso moral. O povo conhecia e utilizava as forças espirituais com tamanha naturalidade realizando verdadeiros prodígios, pois tinham acesso aos ensinamentos da Lei Divina. Hoje certas realizações como curas, levitação, profecias, clarividência, materializações, surpreendem os homens que por não compreenderem o mecanismo das leis espirituais teimam em considerar estes fenômenos como “sobrenaturais”. Denominam então de Magia, acontecimentos que se prendem a leis desconhecidas da maioria dos homens.

Na Atlântida, praticamente todos conheciam parte destas forças ocultas e foi justamente esta a causa do afundamento deste continente. A Lei Divina entre os Atlantes, denominada “Aumbandã”, foi deturpada pelo egoísmo e orgulho ainda predominantes na maioria dos habitantes, degenerando em Magia Negra! Preocupados com esta situação, os Mestres da Lei Divina procuraram ocultar os ensinamentos, através de símbolos que seriam repassados somente a discípulos que demonstrassem através de duras provas iniciáticas, serem dignos de manipular as forças da natureza com Amor e Humildade. Nascia então as escolas iniciáticas, os círculos esotéricos para manter a Tradição resguardada do mau uso.

Apesar desta iniciativa dos dirigentes daquela raça, já era tarde e o povo degenerou cada vez mais, sintonizando com as forças malévolas e destrutivas. Assim os Mestres foram alertados sobre a iminência de abandonarem o local antes dos cataclismos, partindo então grandes migrações para diversas partes do planeta com a missão de transmitirem o legado espiritual da Atlântida.

Desta forma a primitiva “Aumbandã” ou Lei Divina fixou-se em cada local (Índia, Egito, Congo, Gália, Brasil, Peru, Chile, México etc...) dando origem a diferentes religiões e tradições, todas derivadas da fonte primordial. Os ensinamentos continuaram a ser dispensados através de iniciações que podiam durar até mais de vinte anos, onde o discípulo se mostrasse digno e apto à compreender e utilizar para o bem de todos, estes poderes. Nascia então a Doutrina Secreta de que nos fala Leon Dennis em seu livro “Depois da Morte”, na Primeira Parte.

“Todas as grandes religiões tiveram duas faces, uma aparente, outra oculta. Está nesta o espírito, naquela a forma ou a letra. Debaixo do símbolo material, dissimula-se o sentido profundo. O Bramanismo, na Índia, o Hermetismo, no Egito, o Politeísmo grego, o próprio Cristianismo, em sua origem, apresentam este duplo aspecto. Julgá-las pela face exterior e vulgar é o mesmo que apreciar o valor moral de um homem pelos trajos. Para conhecê-las, é preciso penetrar o pensamento íntimo que lhes inspira e motiva a existência; cumpre desprender do seio dos mitos e dogmas o princípio gerador que lhes comunica a força e a vida. Descobre-se, então, a doutrina única, superior, imutável, de que as religiões humanas não são mais que adaptações imperfeitas e transitórias, proporcionadas às necessidades dos tempos e dos meios.” (pag. 20)

“Dissemos que a doutrina secreta achava-se no fundo de todas as religiões e nos livros sagrados de todos os povos. De onde veio ela? Qual a sua origem? Quais os homens que a conceberam e fizeram depois a sua descrição? As mais antigas escrituras são as que resplandecem nos céus. (1)

Esses mundos estelares que, através das noites calmas, deixam cair serenas claridades, constituem as escrituras eternas e divinas de que nos fala Dupuis. Os homens têm-nas, sem dúvida, consultado antes de escrever; mas os primeiros livros em que se encontra exposta a grande doutrina são os Vedas. (2)

(1) Os signos do Zodíaco.

(2) A idade dos Vedas ainda não pôde ser fixada. Soryo-Shiddanto, astrônomo hindu, cujas observações sobre a posição e o percurso das estrelas remonta a cinqüenta e oito mil anos, fala dos Vedas como obras já veneráveis pela sua antigüidade. (De “O Espiritismo ou Faquirismo Ocidental”, pelo Dr. Paul Gibier, cap. V)” Pags. 28 e29.

“Na filosofia dos Espíritos encontramos a doutrina oculta que abrange todas as idades. Ela faz reviver esta doutrina debaixo das maiores e mais puras formas. Reúne os destroços esparsos, cimenta-os com uma forte argamassa para reconstituir um monumento grandioso, capaz de abrigar todos os povos, todas as civilizações.” ( Pag. 107)

As afirmações de Leon Dennis se confirmam em um livro ímpar do Espiritismo, psicografado por Yvonne Pereira, de autoria do Espírito Camilo Cândido Botelho – “Memórias de um Suicida” – onde os espíritos suicidas receberiam instruções de um antigo Iniciado das Ciências Ocultas e eminente trabalhador do Cristo: Epaminondas de Vigo!

“Inicialmente explicou-nos que cumpria, com efeito, recebermos, em primeiro lugar, os ensinos morais expostos nos Evangelhos do Redentor, afim de que, ao encontro de suas palavras remissoras, adquiríssemos critério suficiente para só então, atingirmos outros esclarecimentos que,ministrados à revelia da reeducação moral fornecida por aqueles, resultariam estéreis senão mesmo nulos, se se não tornassem antes, prejudiciais! A moral divina do Cristo Jesus, porém, saneando, de algum modo, nossa mente e, portanto, nosso caráter, de muita vileza que nos congestionava as faculdades, havia, naqueles dois anos de aplicação incansável, predisposto nosso “eu” para, agora, receber o prosseguimento do curso que nos favoreceria habilitações para reerguimento moral decisivo! Que, por essa circunstância, somente agora nos fora dado entrar em contato com ele, Epaminondas. Que faríamos sob sua direção um curso leve, rápido, por assim dizer preparatório, de Ciência Universal, denominada em antigas idades – Doutrina Secreta – ,e outrora apenas ministrada a mentalidades muito esclarecidas e muito fortes, aptas portanto, pelas virtudes de que dessem provas, de penetrarem mistérios de ordem divina, que se conservam, invariavelmente, ocultos ás inteligências vulgares, ociosas ou presunçosas. Que, nos tempos remotos, anteriores ao Advento do Missionário Celeste, os ensinos secretos só eram ministrados a indivíduos que, durante dez anos, pelo menos, dessem as mais rigorosas provas de sanidade moral e mental; que , em idêntico espaço de tempo, demonstrassem, de forma inequívoca, a própria reforma interior, isto é, o domínio das paixões, dos instintos, dos desejos em geral, das emoções, pela Vontade iluminada com as santas aspirações do Bem e os testemunhos das Virtudes. Mas que, com a descida do Mestre Complacente das Esferas de Luz, às sombras da Terra e regiões astrais inferiores do mesmo planeta, fora popularizado o ensino secreto, porquanto sua Doutrina, uma vez firmando-se no coração da criatura, habilitá-la-ia a vôos longos no terreno científico-psíquico! Ainda porque a Doutrina Messiânica trouxe à Humanidade esclarecimentos outros, rejeitados pelos homens, onde expressava Ele os valores imortais da Ciência Psíquica! Que, desde então, decretos divinos haviam ordenado que se desse do ensino secreto a todas as criaturas terrenas como a Espíritos em trânsito nas regiões astrais inferiores que circundam o Planeta, pois o Pai Supremo, condoído das amarguras humanas, oriundas da ignorância, desejava fossem todos os seus filhos iluminados pelo sol das Verdades Eternas!” (Memórias de um Suicida, pags. 553 e 554, do capítulo “Homem, conhece a ti mesmo.”)

Hoje por ordem do Cristo, os ensinamentos que ficaram ocultos estão sendo ensinados à todos (lembrando a Parábola das Bodas em que todos são convidados “bons e maus”), as portas estão abertas e a luz posta sobre o candeeiro! No passado, no início do Cristianismo, as ordens secretas eram perseguidas e os gnósticos pagavam com a própria vida por desafiar o poderio das trevas e na Idade Média, qualquer pessoa que demonstrasse em público estes dons e conhecimentos, eram considerados blasfemos, hereges, bruxos, feiticeiros e condenados sumariamente: “a ciência sagrada, porém, estava guardada sob diferentes aspectos por diversas ordens secretas. Os Alquimistas, Templários, Rosa Cruzes e outros lhe conservavam os princípios. Os Templários foram encarniçadamente perseguidos pela Igreja Oficial. Esta temia extraordinariamente as escolas secretas e o império que elas exerciam sobre as inteligências. Sob o pretexto de feitiçaria e de pactos com o diabo, as destruía quase todas a ferro e fogo.“ ( Depois da Morte, Leon Dennis pg. 85). Bravamente por milênios a Tradição Esotérica prevaleceu em silêncio, ensinando àqueles que se mostrassem dignos! Hoje todos são chamados, o Espiritismo é Iniciação á portas abertas, às multidões! E as escolas secretas à muito divulgam sistematicamente em livros e hodiernamente na Internet, os conhecimentos outrora secretos!

Foi também com autorização do Cristo que em 1908, no município de Neves, perto da cidade de Niterói, na época capital do Estado do Rio de Janeiro, que surgiu a Umbanda, trazendo de volta os conhecimentos da antiga Magia Atlante – A Lei Divina – a “Aumbandã”! Vejamos este trecho do livro “Baratzil a terra das estrelas” de Roger Feraudy – Editora do Conhecimento (pags. 357, 358 e 359):

“Temos em mãos a obra de Diamantino F. Trindade, que julgamos ser de nosso dever citar e nela nos basearmos, tratando-se de um trabalho de pesquisa desse autor, descrevendo pela primeira vez o que realmente aconteceu na implantação do ritual denominado de Umbanda no Brasil.

Segundo ele nos relata, confirmado posteriormente pela nossa consulta aos registros da natureza, o akasha, o jovem médium Zélio Fernandino de Moraes inicialmente foi acometido de um mal-estar psíquico e físico, caracterizado por “estranhos ataques” em que tomava a posição de um velho, falando coisas sem nexo, outras vezes em gestos e movimentos elásticos, correndo, pulando pela casa. Com o agravamento dessas “crises’, a família de Zélio o encaminhou ao seu tio, médico psiquiatra, Dr. Epaminondas de Moraes, que depois de observá-lo por vários dias, concluiu que seu jovem paciente não sofria de qualquer loucura. Foi então encaminhado a um sacerdote católico e submetido a um exorcismo, sem nenhum resultado. Algum tempo depois desses acontecimentos, Zélio apresentou uma paralisia que durou alguns dias, evidente conseqüência da limpeza dos “NADHIS” *, a que o plano espiritual o submetia. Mas essa paralisia durou pouco tempo e de repente, assim como veio, foi-se, e Zélio levantou-se da cama completamente curado.

A conselho de alguns amigos da família, que diziam poder tratar-se de perturbações espirituais, resolveram levá-lo à Federação Espírita de Niterói, dirigida na ocasião por José de Souza, amigo dos seus familiares. Sentando-se na mesa branca de trabalhos, Zélio foi possuído por uma força alheia a sua vontade, que o fez levantar-se, dizendo: “Aqui está faltando uma flor”, e imediatamente saiu da sala, indo até o jardim, voltando com uma flor que colocou no centro da mesa. O simbolismo desse ato é flagrante: era o aviso simbólico de que estava faltando naquela mesa uma parte do conhecimento, o das forças da natureza, das forças cósmicas, representadas por uma flor.

Quando esse fato ocorreu, logo se manifestaram inúmeros pretos velhos e caboclos, o que o presidente da mesa qualificou de atraso espiritual, caracterizando racismo e descriminação, advertindo que ali não era lugar para aqueles absurdos. Outra vez, por meio de Zélio mediunizado, o espírito que trouxera a flor inquiriu os presentes; “Por que rejeitar a presença desses espíritos se nem sequer se dignaram ouvir suas mensagens? Seria por causa de suas origens sociais ou de sua cor?”

Houve um grande tumulto ante essa admoestação da entidade manifestada com Zélio, até que um vidente do grupo, notando que uma luz positiva se irradiava do médium, pediu que o espírito se identificasse, ao que a entidade respondeu: “Se querem um nome, que seja este: sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque para mim jamais haverá caminhos fechados”. Depois anunciou para os presentes o tipo de missão que trazia do mundo astral: fundar um culto no qual todos os espíritos de índios e pretos-velhos poderiam executar as determinações do plano espiritual e que no dia seguinte, 16 de novembro de 1908, se apresentaria na residência do médium, fundando um templo onde haveria igualdade para todos.

A primeira casa de Umbanda fundada pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas foi denominada Tenda Nossa Senhora da Piedade. A Umbanda, filha mais nova da Sabedoria e da Magia Atlantes, vem dos Templos da Luz para um centro humilde, uma casa fraterna do povo, nascendo sob o signo da Mãe da Compaixão para ensinar aos homens orgulhosos que somente por meio do amor poderão ser salvos.”

1- Diamantino F. Trindade, “Umbanda e sua história” (Editora Ícone,1991)

2- Nadhis são condutos que existem no corpo etérico, fazendo ligações entre os chacras, e por onde circula energia vital, também denominada de Prana.

“Muitos os chamados, poucos os escolhidos”! Muitos ainda não tem olhos de ver e ouvidos de ouvir! Renasce a antiga “Aumbandã”, agora Umbanda e a Lei Divina retorna ao seio do Brasil, o antigo “Baratzil” para realizar a grande magia da transmutação dos carmas e abrir as portas da Nova Era de Ouro!

A Doutrina Secreta

Gravados em livros de pedra

jazem pelo tempo segredos sagrados,

mistérios somente desvelados

aos olhos que podem ver!

Mantras, ritos e símbolos

são verdades ocultas

que apenas as mentes adultas

conseguem vislumbrar!

A poeira dos milênios

encobre a verdadeira sabedoria!

Páginas de sublime poesia

que pouquíssimos ouvidos podem escutar!

Mas enfim soou a hora predita

de se levantar o véu,

Hoje as vozes do céu

são unânimes em afirmar!

Outrora a Doutrina era secreta

escondida em templos e manuscritos.

Hoje é a voz solene dos espíritos

que vêm a verdade vulgarizar!