CURA DO PARALÍTICO EM BETESDA

Depois realizado o milagre da cura do filho do oficial do rei, Jesus subiu para Jerusalém, onde havia uma festa do povo judeu. Neste evento, acumularam-se pessoas junto à porta das ovelhas, onde havia cinco alpendres, para buscar a cura de seus males. Entre a multidão, cegos, mancos e ressicados.

Havia uma crença entre os presentes que, quando a água era agitada, significava que um anjo a teria movido e a primeira pessoa que descesse a elas seria curada. Podemos imaginar a ansiedade daquele povo carente de bênçãos, que apostava tudo naquele ritual! De repente se atrapalhavam à beira do tanque, disputando um lugar que facilitasse a descida! Quanta expectativa e quanta dificuldade para se chegar até ali e enfrentar essa luta!

Também estava ali um homem que jazia na cama havia trinta e oito anos. Por certo, todos os anos estava ali, mas impedido pela sua falta de locomoção, estava alijado da disputa, excluído pela sua própria natureza e, com dificuldade, esperava anos a fio por um milagre que nunca acontecia. Essa é uma amostra do egoísmo que faz parte daqueles que buscam as bênçãos de Deus com engano. Impossível para um servo do Altíssimo ignorar uma situação dessas, não ajudando a quem precisa de uma força física ou espiritual extra.

Esse dia seria especial para ele: naquele sua perseverança seria premiada. Eis que se aproxima dele um estranho e lhe pergunta sobre o seu mal: "Queres ficar são?" Qual não foi a surpresa daquele pobre homem, desesperançado, saber que alguém se importava com ele. A resposta proferida veio revelar todo o drama daquele que se sentia infelicitado por tantos anos: "Senhor, eu não tenho homem algum que, quando a água é agitada, me meta no tanque; mas, enquanto eu vou, desce outro antes de mim." A humildade é uma das características essenciais daquele que segue a Cristo. Jesus, mesmo sabendo o mal de que era vítima, não apenas pelo que viu, pergunta aquele homem o que desejava, para que, falando, reconhecesse estar sob autoridade de Deus e necessitar do socorro.

Jesus, amando-o, disse neste momento: "Levanta, pega teu leito, e anda." Jesus não lhe disse, "deixa, que eu vou colocá-lo dentro do tanque". Se Jesus assim procedesse, o homem jamais saberia que aquele que a sua cura vinha da fé naquela crença, não dos céus. Assim saberia que aquela pessoa que se condoeu dele tinha parte na obra de Deus, mesmo sem saber que era o Filho de Deus.

A cura desse doente ocorreu num sábado. Era um dia em que a distância em que um judeu poderia andar era limitada. Nada podiam fazer de útil ou de necessário e honravam mais a esse mandamento do que ao próprio Deus. Vem o próprio Cristo, ordenando que se levantasse e carregasse sua cama! Jesus é Deus de provisão, mas é um Deus de maravilhas e de surpresas e contradita o entender humano.

Não demorou que os judeus viessem até esse homem que havia sido curado, ignorando naquele lugar a suprema obra de misericórdia realizada, preocupando-se em recrimilá-lo por "trabalhar" num sábado. O homem retorquiu dizendo que o próprio que o curara ordenara que levasse o leito. Quiseram saber quem era esse que mandara violar a lei, mas o que fora abençoado não sabia quem era ele, porque se misturara na multidão.

Aquele homem foi e anunciou Jesus a todos, mesmo sem identificar quem era, porque a sua felicidade era muito grande e maior ainda sua gratidão. Muitos recebem bênçãos, mas se esquecem de testemunhar para outros as grandes graças, verdadeiros milagres realizados por Deus em sua vida, porque buscaram apenas pelo milagre, mas se esquecem do abençoador.

Que possamos ser filhos gratos a nosso Pai celestial, que tudo faz para que seus filhos se realizem como seres humanos, como pessoas que possam reconhecer e divulgar as bem-aventuranças, e amar e respeitar a Ele, louvando-O em espírito e em verdade, como o paralítico de Betesda!