CURA DA FILHA DA MULHER CANANEIA

( Mateus 15.21-28; Marcos 7.24-30)

Jesus se dirigia para as cidades de Tiro e Sidom, quando entrou numa casa. Não queria que ninguém o soubesse, mas a Ele era impossível se esconder. Uma mulher Cananeia, siro-fenícia, que morava naquela região aproximou-se do Mestre, clamando pela sua filha que estava terrivelmente endemoninhada. Não se manifestou, como se nada ouvisse. Os discípulos chegaram-se até Ele e rogaram para que mandasse embora aquela que O estava importunando com seus gritos, e que vinha atrás deles.

Notamos que, apesar de andarem ao lado de Jesus, seus apóstolos ainda não haviam aprendido nada de Sua misericórdia. Não haviam entendido o real significado da vinda de Jesus nessa terra, nem o plano perfeito de Deus para os homens.

Nesse momento, Jesus, protagonizando uma das mais belas e intrigantes passagens do Novo Testamento, diz: “Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.”. Vemos que se tratava de uma mulher gentia, e, sabemos, também, que Jesus veio para a salvação dos seus, primeiramente dos judeus, que a Ele não reconheceram, nem aceitaram a sua mensagem de arrependimento e redenção.

Outra pessoa poderia desistir, se sua fé e humildade não superassem a seu desespero. Mas ela não o fez, ao invés de retornar desiludida e envergonhada, aproximou-se de Jesus. Primeiramente O adorou, em seguida disse: “Senhor, socorre-me.”. Ela ouvira falar de Jesus e Ele sabia que aquela mulher tinha mais a comunicar, a contribuir espiritualmente como exemplo de confiança naquele que veio para restituir e restaurar: “Não é bom pegar no pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos.”. Ela responde: “Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa de seus senhores.”. Mesmo as migalhas eram suficientes para operar enormemente em sua vida, através da cura de sua filha.

Não precisou que Jesus explicasse a simbologia para que compreendesse o que significava a penosa afirmação, quanto ao seu lugar na sociedade preconceituosa em que vivia. Onde os judeus se denominavam povo escolhido e se achavam donos do céu, sem, contudo, conseguir identificar o seu Rei. Ela entendeu, diferentemente dos apóstolos que sempre pediam a seu Mestre que lhes desse o sentido do que ensinava. Ela captou a mensagem, sustentando corajosamente o diálogo com Jesus.

Aquela mulher realmente ouvira falar de Jesus e do poder dos céus que nele realizava tremendas obras. Sabia que, na condição de gentia, sendo os gentios um povo desonrado e mal visto, poderia, ainda assim, ser alcançada pela bondade daquele que pregava o amor e a salvação. Ela recebera, entendera e havia acatado a mensagem dirigida a outro povo, mais nobre do que o seu. Antes de pedir o socorro, lançou-se a seus pés, porque é impossível alguém aproximar de Jesus sem adorá-Lo, sem se render à Sua majestade, mesmo não tendo vindo como Rei.

Jesus sabia que iria atender ao clamor daquela mulher, mas quis mostrar que não faz acepção de pessoas para a salvação e que, também alcançaria os gentios. Muito dificilmente, aquela mulher se esqueceria de Jesus e do que tinha aprendido com Ele. É assim que age, é assim que nos comove e convence!

Jesus se comoveu com a atitude e com as palavras daquela mulher e respondeu-lhe: “Ó mulher! Por essa palavra, vai, Grande é a tua fé: seja isso feito para contigo como desejas, o demônio já saiu de tua filha.” E desde aquela hora a sua filha ficou sã.”. Ela foi e encontrou sua filha deitada na cama, e, realmente, o demônio a tinha deixado. Louvado seja Deus para sempre!