É POSSÍVEL PARAR UM DIA OS CRIMES EM NOME DE DEUS?

Muita gente fica confusa, se as religiões pregam o amor ao próximo, a tolerância e a compaixão, por que ela tem causado tantas guerras e assassinatos ao longo dos séculos. Quem estuda religião sabe que esse “amor ao próximo” que pregam as religiões monoteístas não se refere a todos os seres humanos . Esse “próximo” é quem segue o mesmo deus. As outras pessoas devem ser convertidas, e se não aceitarem, deve-se evitar contato com elas. Os religiosos mais radicais vão mais longe, dizem que os infiéis devem ser odiados, perseguidos e eliminados. O absurdo é que para muitos religiosos, crer é mais importante do que ser. Se você é um cara legal, bom pai e marido, mas se não crê no meu deus, não presta e deve ser punido aqui e no além.

Acontece que os deuses das religiões são criações humanas. Isso não quer dizer que um Deus criador, bom e piedoso, não exista. Por favor, não confundam as coisas.

A Bíblia, através do deus de Moisés, manda matar quem não segue o verdadeiro deus Javé (Jeová) (Deuteronômio 17,2 e 20,16).

Jesus, em uma parábola sugere que os que não o aceitarem como rei devem ser mortos (Lucas 19,26). Em outra diz que só vai para o céu quem crer nele (Mateus 10,33). Para acalmar os que têm em Jesus um grande inspirador, devo dizer que os especialistas já alertaram que tais frases foram colocadas em sua boca pelos monges copistas a mando das autoridades religiosas, com interesses em dominação completa sobre as pessoas. Assim, tinham o aval do próprio Jesus para liquidar com quem não se convertesse.

O Corão na fase inicial e mais moderada, permitia que judeus e cristãos praticassem suas religiões (Sura 2,62). Dizia que a fé não podia ser imposta à força (Sura 2,256). Mais tarde, na época militar e de conquistas, a ordem era matar os infiéis (Suras 4,89; 4,91; 5,33; 9,29; 9,123 ).

Por conta dessa ideia que só minha religião é certa e os outros devem morrer, foram possíveis:

As Cruzadas (séc. 11 ao 13 da era atual): iniciadas pela Igreja católica, tinha como objetivo recuperar a “terra santa” dos infiéis (muçulmanos, judeus e idólatras). Foi um banho de sangue.

A Santa Inquisição (1400 – 1700) foi promovida pela Igreja católica e torturou e matou milhões de pessoas que não seguiam a Bíblia ou tinham comportamentos contrários o que recomendava a Igreja.

Judeus e palestinos se matam desde 1947 porque cada povo acredita que deve eliminar o outro conforme ensinam seus líderes religiosos e seus livros “sagrados”.

Os terroristas islâmicos que derrubaram as torres gêmeas no EUA acreditavam que faziam a vontade de deus (matar os infiéis).

O pastor Malafaia e o deputado Feliciano quando discursam contra o casamento gay e a cura de homossexuais o fazem porque acreditam no deus bíblico que odeia homossexuais a ponto de mandar matá-los (Levítico 20,13).

As moças muçulmanas que perdem a virgindade solteiras, são assassinadas pelos próprios pais e irmãos no crime chamado “em nome da honra”. Embora o Corão não tenha dado essa ordem, muitos muçulmanos a seguem por influência da Bíblia (para quem não sabe, a Bíblia influenciou grandemente as ideias religiosas dos muçulmanos). Há na Bíblia um trecho em que “deus” manda matar as mulheres que perdem a virgindade antes de casar (Deuteronômio 22,13).

Chega de exemplos, porque são centenas deles.

Estudo religiões há quase vinte anos e tenho uma solução para o fim dos conflitos religiosos. Não é como julgam alguns autores, que a religião seja extinta. A crença em Deus, quando voltada para o lado espiritual, é boa, e traz vantagens para quem crê: consolo, esperança, força para enfrentar momentos difíceis, etc.

O problema na religião é quando ela se intromete na política e na vida privada, ditando normas sexuais e de comportamento.

Para acabar com os problemas na religião, precisaria de muita coragem dos governos, dos líderes religiosos e das escolas.

Eles deveriam vir a público e dizer aquilo que cientistas, historiadores, acadêmicos da religião sabem desde o século dezoito:

NÃO EXISTEM LIVROS INSPIRADOS EM DEUS.

Devemos olhar os livros ditos sagrados como resultado da mentalidade do povo que o escreveu, com suas idiossincrasias, conhecimento e ideias que tinha naquela época. Mas não como livros influenciados por uma Mente Sobrenatural.

O conto mítico de Moisés que recebe as leis de deus, de Javé que escolhe o povo judeu como povo preferido, de um filho de deus que nasce de uma virgem e vem para salvar a humanidade e quem crer irá para o céu e quem não crer irá para o inferno são contos copiados de antigas tradições (especialmente mesopotâmicas e egípcias).

O rei Ur Engur (2050 a.C.) foi o primeiro legislador a criar um estatuto com assinatura de um deus. Dizendo que as leis eram de deus, dava mais credibilidade. Hamurabi o imitou séculos depois, com o famoso código de Hamurabi. Ele também disse que o autor era deus.

Os sacerdotes dessas culturas inventaram deuses que premiavam os que acreditavam neles e puniam quem não cresse.

Essa ideia básica foi aproveitada pelas religiões monoteístas, essas que mais da metade do planeta segue hoje.

Portanto, quem se baseia em livros sagrados não está fazendo a vontade de Deus, mas de homens que viveram no deserto a milhares de anos atrás e para conseguir união entre o povo, inventaram que as leis e os ensinamentos eram dados por Deus.

Se não acredita, pesquise em livros ou na internet sobre o que acabei de dizer.

A partir do dia em que a maioria das pessoas entender isso, nenhum religioso poderá mais dizer como devemos viver, como devemos fazer amor, quando e com quem fazer amor. Ninguém mais será julgado pela crença religiosa, pela orientação sexual, por fazer sexo antes de casar, por usar preservativo, pelo tamanho do cabelo, pelo comprimento da saia, mas pelo caráter, pelas ideias e pelas atitudes.