Homilia Pe. Ângelo Busnardo (Nossa Senhora Aparecida)

NOSSA SENHORA APARECIDA

12/10/2014

Est 5,1b-2; 7,2b-3 / Ap 12,1-5.13a.15-16a / Jo.2,1-11

No confronto entre um forte e um fraco a tendência é que o forte vença. Mas se o fraco for ajudado por alguém mais forte que o inimigo a situação se torna favorável a ele. Os judeus que moravam na Pérsia foram perseguidos por Amã, Grand-Visir da Pérsia, o segundo homem em poder no país. Mardoqueu, o líder do povo judeu perseguido, não tinha condições de se defender do perseguidor. Acima do perseguidor estava Xerxes (Assuero), rei da Pérsia. Amã decretou a morte de Marduqueu e mandou construir um patíbulo para enforcá-lo em praça pública. Somente Xerxes tinha poder para evitar a execução de Marduqueu.

Marduqueu não tinha acesso ao rei, mas sabia que a esposa preferida de Xerxes era Ester, uma judia. Através de Ester, Marduqueu conseguiu informar o rei que Amã o tinha condenado a morte injustamente. As leis da Pérsia proibiam mulheres aproximar-se do rei enquanto ele estava no seu local de trabalho. Se uma mulher entrasse no local de trabalho, era condenada à morte a não ser que o rei lhe estendesse seu cetro de ouro. Ester precisava falar com o rei antes que Marduqueu fosse executado. Se o rei não lhe estendesse cetro, além de Marduqueu, também Ester seria executada. Correndo risco de morrer, Ester aproximou-se do trono real para interceder em favor do povo judeu: 1 No terceiro dia Ester se revestiu com as vestes de rainha e foi postar-se no vestíbulo interno do palácio real, frente à residência do rei. O rei estava sentado no trono real, na sala do trono, frente à entrada. 2 Ao ver a rainha Ester parada no vestíbulo, olhou para ela com agrado e estendeu-lhe o cetro de ouro que tinha na mão, e Ester se aproximou para tocar a ponta do cetro. 3 “Que há, rainha Ester?”, disse-lhe o rei. “Qual é o teu pedido? Ainda que fosse a metade do reino, te seria dado”. 4 Respondeu Ester: “Se bem te parecer, que o rei venha hoje, com Amã, ao banquete que lhe preparei”. 5 “Que se avise imediatamente a Amã, para satisfazer o desejo de Ester”, disse o rei (Est.5,1-5).

Durante o banquete, o rei novamente perguntou a Ester o que queria pedir e ela intercedeu em favor do seu povo perseguido: 3 “Se ganhei as tuas boas graças, ó rei, respondeu-lhe a rainha Ester, e se for de teu agrado, concede-me a vida: eis o meu pedido! e a vida do meu povo: eis o meu desejo! 4 Porque fomos entregues, eu e meu povo, ao extermínio, à matança e ao aniquilamento. Se somente tivéssemos sido entregues como escravos ou servos, eu me teria calado. Mas esta desgraça não compensa o prejuízo que dela resulta para o rei” (Est.7,3-4). Ao saber da condenação de Marduqueu o rei defendeu o líder judeu e mandou enforcar Amã na forca que tinha sido preparado para Marduqueu: 9 Harbona, um dos eunucos, sugeriu, na presença do rei: “Há na casa de Amã uma forca de vinte e cinco metros que ele fez preparar para este Mardoqueu que falara em defesa do rei”. “Enforcai-o”, ordenou o rei (Est.7,9). Maria não tem poder para salvar, assim como Ester não tinha poder para evitar a execução de Marduqueu. Mas Ester tinha acesso ao rei que podia evitar a morte de Marduqueu. Maria tem acesso a Jesus e, através dele, tem acesso a Deus de quem vem a salvação. Como a intercessão de Ester evitou a morte de Marduqueu, a intercessão de Maria pode evitar a nossa condenação.

O Apocalipse é a transcrição de visões que São João teve na Ilha de Patmos. Numa das visões apareceu uma mulher grávida e um dragão pronto para devorar o filho assim que nascesse: 1 Apareceu no céu um grande sinal: uma mulher revestida do sol, com a lua debaixo dos pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas. 2 Grávida, gritava nas dores de parto e com ânsias de dar à luz. 3 Apareceu no céu outro sinal: e eis um grande dragão cor de fogo, com sete cabeças e dez chifres e sobre as cabeças sete coroas. 4 A cauda varreu do céu a terça parte dos astros e os precipitou sobre a terra. O dragão parou diante da mulher na dor do parto a fim de lhe devorar o filho quando o desse à luz (Ap.12,1-4).

Antes de morrer na cruz, Jesus confiou Maria a João. O Apocalipse foi escrito no fim da vida de São João quando Maria já tinha sido elevada ao céu em corpo e alma. Esta é a primeira aparição de Maria (Ap.12). Ela apareceu vestida de sol. No céu não existem fábricas de tecidos e nem fábricas de roupas. Maria já ressuscitou e, no céu, possui um corpo de mulher e está nua como Eva no paraíso terrestre antes do pecado vivia nua. Na visão de João, para não expor o corpo, Maria apareceu envolta em uma luz que a cobriu do pescoço aos tornozelos. As três crianças que viram Maria em Fátima afirmaram que era uma mulher brilhante como o sol. Hoje, centenas de pessoas dizem ver Maria. Para saber se a visão é autêntica, pode-se perguntar como Maria estava vestida. Se o suposto vidente descrever Maria vestida com roupas semelhantes a aquelas que cobrem as suas imagens, a visão não é verdadeira.

O Filho da mulher (Jesus) governará todas as nações com cetro de ferro: 5 A mulher deu à luz um filho varão, que há de apascentar todas as nações com cetro de ferro (Ap.5). Jesus voltará quando Deus estabelecer na terra “os novos céus e a nova terra”. Durante o tempo em que durarem os novos céus a nova terra, por continuarem livres, os habitantes da terra poderão pecar, mas o pecado não será tolerado por Deus. Se alguém pecar, Jesus o confrontará como o Pai confrontou Adão e Eva logo após to primeiro pecado. Se o pecador se arrepender será perdoado; se não se arrepender será imediatamente exterminado e enviado para o inferno: 2 Naquele dia, cantai à vinha deliciosa! 3 Eu, o Senhor , sou o guarda, em todo momento eu a rego. Para que nada sofra, eu a guardo noite e dia. 4 Já não estou indignado: quem me dará espinhos e cardos? Na guerra investirei contra ela e ao mesmo tempo atearei fogo nela. 5 Mas aquele que se coloca sob a minha proteção, fará as pazes comigo; sim, comigo fará as pazes (Is,27,2-5). A vinha representa o ser humano fiel e os espinhos e cardos o ser humano infiel.

O dragão queria devorar o Menino, mas este foi arrebatado e está junto de Deus. Tendo perdido a batalha contra o Menino, o demônio voltou-se contra a mulher mas esta também foi arrebatada. Perdendo a batalha contra a mulher, o demônio voltou-se contra os descendentes da mulher que observam os mandamentos: 17 E o dragão enfureceu-se contra a mulher e foi fazer guerra ao resto de sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus (Ap.12,17). Quem vive em pecado mortal pertence ao demônio e não precisa ser tentado por ele. Jesus diz que o joio são filhos do maligno: 38 O campo é o mundo. A boa semente são os filhos do Reino. O joio são os filhos do Maligno (Mt.13,38). Aqueles que observam os mandamentos vivem em estado de graça e são filhos adotivos de Deus. São estes que o demônio tenta na esperança de induzi-los a pecar para os tornar filhos adotivos dele.

Jesus começou a vida pública quando tinha aproximadamente trinta anos. Somente no fim da vida pública, Jesus revelou a todos quem Ele efetivamente era. Antes disso, somente Maria e José sabiam que Jesus era o Messias. As bodas de Cana acontecem no início da vida pública de Jesus. Durante a festa faltou o vinho. A família tinha empregados e podia mandar comprar vinho. Maria sugeriu uma solução mais rápida: induzir o Filho dela a fazer um milagre. Assim, além de resolver o problema, revelaria que Jesus era um ser superior. Apesar da aparente negativa de Jesus, Maria deu ordem aos empregados de seguir as instruções de Jesus: 5 Sua mãe disse aos que estavam servindo: “Fazei tudo o que ele vos disser” (Jo.2,5). O milagre realizado, além de resolver o problema dos noivos, revelou que Jesus não era apenas o Filho de Maria: 11 Este foi o início dos sinais de Jesus, em Caná da Galiléia. Ele manifestou a sua glória, e os discípulos creram nele (Jo.2,11).

Ângelo José Busnardo

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Pe. Ângelo Busnardo.
Enviado por Joanne em 08/10/2014
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