Sobre Incoerências

Tenho postado em minha página no Facebook textos, artigos e minha opinião sobre a redução da maioridade penal. Como era de se esperar, há quem concorde comigo, há quem discorde e há aqueles que sei lá, entende? A todos eu respeito, da mesma forma que gosto que me respeitem. No entanto, agora, vou abstrair um pouco do assunto em si e focar em algo que tem me intrigado bastante: a incoerência na fala de algumas pessoas. Explico.

É fato que certos crimes nos revoltam a todos e, por isso, muitos são a favor da redução da maioridade penal, inclusive postando coisas como “morte a essas sementinhas do mal”. Compreensível. O que me espanta é que algumas pessoas, no auge de seu discurso de ódio, mencionam Deus: “Deus me perdoe, mas...” e seguem as costumeiras posições de quem acha que bandido bom é bandido morto (quando não me mandam levar o bandido pra casa, coisa tão sem nexo que nem vou comentar). E é sobre isso que quero falar.

No meu humilde entendimento, se você é cristão, ou seja, se segue os ensinamentos que o Cristo nos deixou, esse discurso é muito incoerente. Jesus disse “amai-vos uns aos outros”. Ele não disse “vingai-vos uns dos outros”, “matai-vos uns aos outros”, “odiai-vos uns aos outros”. Disse ainda o nazareno: “amai a teu próximo como a ti mesmo”. Ele especificou quem era o próximo? Não. Próximo é todo aquele que não nós mesmos. Jesus era todo amor e perdão. Esse foi seu legado. Por isso, pra mim, não faz sentido alguém se dizer cristão e pregar um discurso de ódio, de vingança, de morte, de “olho por olho”... Se você é ateu, se não é cristão, até entendo esses posicionamentos radicais. Mas se você é católico, evangélico, espírita, enfim, se conhece a vida e os ensinamentos do Mestre Jesus, de verdade e não da boca pra fora, não faz sentido, não é coerente querer o mal do outro, ainda que o outro seja mau. Se você crê num Deus Pai, sabe que somos todos irmãos. Sim, você é irmão do bandido. Vejam: não estou aqui defendendo criminosos, tenham eles 10 ou 50 anos. Acho que todo crime deve ser punido sim. Meu enfoque, aqui, é na incoerência das posturas. “Não se poder servir a Deus e a Mamon” (Lucas, 16:13)...

É difícil amar o próximo? Indubitavelmente! Até nossos “próximos mais próximos” nos tiram do sério de vez em quando e queremos esganá-los! Imaginem o próximo ruim, um bandido, estuprador, um pedófilo, um infanticida... Quase impossível! Mas, na minha visão, aí é que está o verdadeiro mérito. Não sou e nem pretendo ser melhor do que ninguém, mas luto diariamente para progredir espiritualmente, sem cessar. E não se consegue isso odiando e desejando o mal para os outros! Alguém me questionou: “Você fala isso porque nunca aconteceu com alguém da sua família”. É verdade. Graças a Deus, tirando alguns assaltos que quase todos os cariocas já sofreram, nunca aconteceu mesmo. E oro sempre para que nunca aconteça. Livrai-nos do mal, Pai! Mas se uma desgraça dessas acontecer na minha família, espero ter força, coragem e sabedoria para não me igualar ao criminoso. Espero firmemente poder perdoar o infeliz causador da minha tristeza. Com certeza, será uma tarefa muito árdua. Mas sei que ele será punido, de uma forma ou de outra. Como espírita, creio na Lei de Ação e Reação. A punição virá para ele, mas não serei eu seu julgador, muito menos seu algoz. Quero poder orar por ele da mesma forma que vou orar pelo meu ente querido. Quero ser capaz de perdoá-lo, libertando-me, assim, de sua presença nefasta. A última coisa que quero pra mim é ficar ligada a esse ser pelo ódio, pelo desejo de vingança, pela revolta! Se vou conseguir? Não sei. E espero nunca ter que descobrir...

É isso, meus irmãos. Espero ter conseguido me fazer entender. Concordar comigo é opcional. Mas me respeitar é obrigatório, ok? Obrigada! Paz e bem a todos!
Rosa Pinho
Enviado por Rosa Pinho em 18/04/2015
Código do texto: T5211766
Classificação de conteúdo: seguro