ALMA E HOMOSSEXUALIDADE

A Investigação

Sempre quando se pretende discutir sobre a homossexualidade, as primeiras questões a serem formuladas são as seguintes: Será que as pessoas já nascem com a sua orientação sexual definida, como uma faculdade que permaneça em estado latente até o momento da sua eclosão na idade adulta; ou seria a tendência de se sentir atraído(a) por um indivíduo do mesmo sexo, o resultado da influência do meio e costumes de onde se vive? Seria ainda a homossexualidade apenas um distúrbio mental, cabendo portanto, o uso do termo homossexualismo, fazendo-se analogia com distúrbios como: alcoolismo, autismo etc.? Para tentar responder estas e outras perguntas, comecemos a investigar — sem a pretensão de querer ser donos da verdade — a relação do Espírito — falamos obviamente aqui do ser imortal que há em nós — com o sexo. Mais uma vez, O Livro dos Espíritos de Allan Kardec em seu Livro Segundo capítulo IV, será a nossa bússola.

200. Os Espíritos têm sexo?

— Não como o entendeis, pois os sexos dependem da constituição orgânica. Há entre eles amor e simpatia, mas baseados na similitude de sentimentos.

201. O Espírito que animou o corpo de um homem, pode, numa nova existência, animar o de uma mulher, e vice-versa?

— Sim, são os mesmos Espíritos que animam os homens e as mulheres.

202. Quando se é Espírito, prefere-se ser encarnado no corpo de um homem ou de uma mulher?

— Isso pouco importa ao Espírito, depende das provas pelas quais deve passar.

Os Espíritos encarnam como homens ou mulheres, pois não têm sexo. Como devem progredir em tudo, cada sexo, assim como cada posição social, oferece-lhes provações e deveres especiais, e a oportunidade de adquirir experiências. Aquele que sempre tivesse sido homem, saberia apenas o que sabem os homens. NOTA DE ALLAN KARDEC

Teoria das Causas da Homossexualidade

Os benfeitores espirituais responderam a essas questões, evidentemente de uma forma geral, porque este é o processo normal.

O Espírito para nós é algo imponderável, uma chama, um foco de luz, são apenas comparações vulgares, que nos fornecem uma vaga ideia do ser espiritual em seu estado puro. Quando um vidente relata estar vendo um Espírito, o que ele vê é sempre um ser corpóreo, a diferença do nosso corpo para o corpo que o Espírito apresenta depois da morte, é que em suma, este último é formado de uma matéria mais sutil, não perceptível aos nossos cinco sentidos comuns.

O Espírito em essência, de fato não possui sexo biológico, todavia, há naturalmente por parte do Espírito encarnado, uma adaptação psíquica com relação ao sexo biológico do corpo físico, tanto é assim, que mesmo desencarnado, ele quase sempre continua se expressando num corpo espiritual com idêntica morfologia sexual do corpo que possuía quando estava entre nós.

Frequentemente queremos recuar diante dos compromissos e provas assumidos perante o mundo maior. Quando o indivíduo reencarna muitas vezes como homem ou mulher, é compreensível que este polarize as características desse sexo em seu psiquismo (formando uma personalidade em que predomina o masculino ou o feminino). Assim, quando pela força da sua nova modalidade de provas, é constrangido a renascer no sexo oposto, a criatura pode experimentar um conflito íntimo, não pela mudança de sexo em si, mas por não ter se preparado psicologicamente para essa mudança, pois na atualidade, ainda contam-se aos milhares as almas que continuam reencarnando e desencarnando, sem ter nenhum conhecimento ou consciência dessa lei natural da vida. O corpo pode, nessas circunstâncias, ser masculino, mas o psiquismo possui as características do feminino ou vice-versa.

A homossexualidade é em muitos casos, uma dificuldade que o Espírito reencarnado tem de se adaptar a seu sexo biológico atual. Alguns (dependendo do menor ou maior grau de polarização) manifestam apenas uma atração sexual por pessoas do mesmo sexo, outros, porém, os chamados transgêneros, apresentam desde a infância uma perfeita identificação com o gênero sexual oposto. Assim, não é nada incomum que esses últimos façam a seguinte afirmação "eu nasci no corpo errado", tamanha a sensação de estranheza que lhes causa o corpo (feminino ou masculino) atual.

Existem certamente outros fatores que podem levar alguém a ter um comportamento eventual na esfera da homossexualidade, tais como: educação muito liberal ou rígida, abusos sofridos principalmente nos períodos da infância e pré-adolescência, cometidos por pessoas do sexo oposto, e a viciação na atividade sexual, quando indivíduos sintonizados a mentes espirituais igualmente viciadas, entregam-se aos mais desregrados prazeres, colocando em risco a própria saúde com práticas lamentáveis, como a penetração anal. É importante contudo, não rotular o homossexual de pervertido ou pessoa sem caráter, pois não se mede o caráter de alguém pela sua orientação sexual, mas sim por suas ações e atitudes no dia a dia. Nesse sentido, quantas criaturas que se declaram heterossexuais, vemos cometendo crimes e abusos de toda natureza, todos os dias, inclusive no campo da sexualidade? Aliás, a chamada bissexualidade, entenda-se aqui aquela não resultante dos vícios sexuais, é mais um indício de que muitas pessoas se encontram em fase de transição da libido, tendo ainda em vista que, masculinidade e feminilidade absolutos, não existem na personalidade humana.

O ideal é que cada indivíduo busque viver em harmonia com o seu presente sexo biológico, todavia, o amor e o respeito pelo próximo são fundamentais para a saudável convivência humana, afinal somos todos irmãos, filhos do mesmo Pai bom e amoroso.

O Espiritismo não condena a homossexualidade, tampouco promove sua apologia. Entendemos a homossexualidade como parte dos intrincados processos mentais que regem as escolhas e o comportamento do Espírito, esteja este encarnado ou desencarnado. Deus permite a cada um fazer a sua semeadura e colher seus frutos, sejam eles doces ou amargos.

É de destacar-se ainda que, há um bom número de indivíduos que se declaram plenamente realizados na sua homossexualidade, e nessas circunstâncias só temos de desejar que continuem sendo felizes, cabendo finalmente aos países, por meio de suas legislações, reconhecerem, do ponto de vista legal, essas uniões estáveis, como muitos já o vêm fazendo.

A chamada “homofobia” é fruto de um preconceito enfermiço.

A Influência Genética

O estudo pelo acompanhamento do comportamento de gêmeos homozigóticos, produto da fertilização de um único óvulo, com posterior divisão, demonstra que enquanto um deles revela, muitas vezes desde cedo, tendências à homossexualidade, o outro segue pelo caminho da heterossexualidade.

Os gêmeos homozigóticos, também chamados de gêmeos idênticos ou univitelinos, são sempre do mesmo sexo e possuem genomas iguais. Assim, ao que tudo indica, a genética não pode ser a causa da homossexualidade, uma vez que aqui os fatos desmentem a teoria.

Homossexualidade No Reino Animal

Apenas para não deixar de citar, alguns estudos baseados na observação do comportamento sexual, sobretudo, de felinos e grandes primatas, como os bonobos, sugerem a existência de uma espécie de homossexualidade no reino animal.

Ora, a espécie humana não é a última escala do processo evolutivo do ser espiritual, tampouco constitui a sua primeira experiência na matéria. Passando pelas fileiras inferiores dos reinos da Natureza, pouco a pouco o Espírito vai fazendo suas aquisições.

Tomando mais uma vez como exemplo os primatas não humanos, que possuem um comportamento bissexual incontestável, estes ao que tudo indica, começam já a experimentar as primeiras sensações, muito embora rudimentares, de prazer e afeição mútua; e como são livres de censura, responsabilidades e julgamentos morais, expressam suas impressões sentimentais de uma maneira natural.

Enfim, reconhecemos que o assunto necessita de maiores estudos, pois tolos seríamos se déssemos o mote como encerrado.

“Os Espíritos adultos sabem que, por enquanto, na Terra, ninguém pode, em sã consciência, traçar a fronteira entre normalidade e anormalidade, nas questões afetivas de sentido profundo”.

Sinal Verde, André Luiz

Referências

BACCELLI Carlos A., FERREIRA Inácio (espírito). Transgênero. 1ª edição. Uberaba -MG, Ed. LEEPP, 2019.

BARCELOS Walter. Homossexualidade, reencarnação e vida mental. 2ª edição. Votuporanga -SP, Ed. Didier, 2009.

KARDEC Allan. O livro dos espíritos. 4ª edição. Capivari -SP, Ed. EME, 2004.

XAVIER Francisco Cândido, LUIZ André (espírito). Sinal verde. 20ª edição. Uberaba -MG, Edição CEC, 1987.